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Rafael Dantas

“Vacinação é o principal fator para destravar a economia”

O economista da Fiepe, Cézar Andrade, aponta os motivos que tem elevado o otimismo com a recuperação econômica do segundo semestre e as ameaças que circulam os setores produtivos. A indústria vive também a expectativa de aumentar a produção neste ano.

Há uma expectativa de melhora na economia para o segundo semestre. Quais as perspectivas para a indústria? 

É difícil cravarmos de quanto será a melhora da nossa economia, já que a sua recuperação depende de fatores macroeconômicos. Mas alguns indicadores poderão contribuir para que essa melhora chegue no segundo semestre. São eles, a ampliação da vacinação para todos, o aumento da produção industrial e a valorização cambial.

O principal fator que pode destravar o crescimento nesse segundo semestre é a vacinação em massa. Com isso, as indústrias poderão voltar a produzir na sua capacidade mais plena possível e atender ao aumento da demanda, que deverá acontecer com a redução das medidas restritivas.
A produção industrial já mostrou uma melhora neste início de ano e pode incrementar ainda mais caso se confirme as projeções de recuperação econômica.
A valorização cambial reduz o custo com as importações e deve reduzir o custo de produção também, o que pode ajudar o setor produtivo já que a matéria-prima permanece escassa e/ou com preços muito elevados.

A tendência é que haja um crescimento do PIB do País e de Pernambucano em relação a 2020, já que tivemos um desempenho muito ruim naquele ano.

Para a indústria, segundo a última Sondagem Industrial feita pela FIEPE, há uma perspectiva de que nos próximos seis meses registrem um crescimento na demanda por produtos e por compra de insumos. Isso por si só já eleva a expectativa do aumento no volume de produção, e, possivelmente, haverá um crescimento no índice que mede o número de empregados no setor industrial.

Quais os fatores são mais importantes para haver um fortalecimento da atividade industrial neste semestre? 

O primeiro grande fator é a ampliação da vacinação, tanto para os colaboradores da indústria quanto para a população. Outro fator seria acelerar a aprovação da Reforma Tributária no Congresso Nacional, pois só assim amenizaria o peso da carga tributária para o setor industrial. Outro ponto seria a redução do custo da matéria-prima, que segue elevado e ainda gera impactos na produção.

O que pode atrapalhar a retomada? 

A alta da inflação que já supera os 8% no acumulado dos últimos 12 meses e isso deve ser um grande entrave para a recuperação econômica. Os preços elevados inibem o consumo da população, sendo este um dos principais componentes do PIB. Apesar da última reunião do Copom definir um aumento da taxa Selic para conter a inflação, essa medida, no médio prazo, pode afastar os investidores, já que os juros estarão maiores, e afetar a recuperação econômica. Além disso, na última prévia da inflação, divulgada pelo IPCA 15, observou-se que esse aumento da taxa básica de juros ainda não fez efeito, pois se mantém ainda a expectativa de que inflação dos últimos 12 meses ultrapasse os 9%.

Outro ponto que pode atrapalhar a retomada seria uma terceira onda da Covid-19, que pode chegar caso o ritmo da vacinação não seja acelerado.

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