O romancista Paulo Santos - autor do livro "A noiva da Revolução" e entrevistado do mês de março da Revista Algomais - conduziu no dia 5 de março o grupo das Caminhadas Domingueiras num passeio pelos lugares onde aconteceram os fatos históricos da Revolução de 1817. Passados 200 anos, muitos prédios já não existem mais e bem pouco dessa memória está registrado pelo trajeto. O presidente do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), George Cabral, também esteve na caminhada comentando detalhes dos acontecimentos da época.
O ponto de partida do passeio foi na Praça da República. Local onde foi no passado o Largo do Erário. O Erário Público de 1817 ficava nas proximidades de onde está localizado atualmente o Palácio do Campo das Princesas.
O segundo ponto da parada foi na Avenida Dantas Barreto, em frente ao Edifício JK. No local havia o Quartel do Regimento Artilharia (que foi o lugar onde o capitão José de Barros Lima, o Leão Coroado, matou o brigadeiro português Manoel Joaquim). Em frente ao quartel estavam também a Igreja do Paraíso e o Largo do Paraíso.
O terceiro ponto foi em frente à Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento de Santo Antônio. Essa igreja já estava de pé nos dias do movimento e no seu cemitério (que fica no lado direito) estão sepultados os corpos de alguns dos insurretos da Revolução Pernambucana de 1817.
Passada a Igreja, o grupo embarca no Pátio de São Pedro. A escolha do local tinha como objetivo apresenta aos caminhantes qual o cenário mais próximo dos bairros centrais do Recife naquela época. O escritor explica que nesses bairros estavam os brasileiros e as populações mais populares. Os mais ricos ficavam na Boa Vista ou em casarões mais afastados, na beira do Rio Capibaribe.
O romancista ressaltou o papel dos religiosos no movimento. No século 19, ainda antes da fundação das universidades, era o Seminário de Olinda onde eram formados os pensadores pernambucanos. Por lá se disseminaram as ideias republicanas que fomentaram a revolução.
No passeio Paulo Santos citou outro templo católico, a Capelinha da Jaqueira, onde aconteceu um dos acontecimentos célebres dos primeiros dias da revolução: o casamento do governador Domingos Martins com a portuguesa Maria Teodora. Foi o amor desse casal que foi inspirado o romance "A noiva da Revolução". O escritor considera esse o casamento mais importante da história do Brasil.
A rua da Moeda era um lugar central do comércio da época, por sinal, dominado pelos portugueses. O local era a Praça do Comércio nos dias da Revolução de 1817.
O passeio atravessou também a Ponte Maurício de Nassau. Uma curiosidade dela é que, após iniciado o movimento revolucionário, o então governador Caetano Pinto deu ordens para que a ponte fosse derrubada. A marinha tentou, mas os revolucionários chegaram a tempo de evitar. O objetivo da ação era dificultar o acesso ao Palácio do Governo.
O então palácio do governador ficava onde hoje está localizado o Fórum Thomaz de Aquino (foto abaixo). Ao lado do fórum está a Praça 17, que tem esse nome em homenagem ao movimento.
Já no retorno ao Palácio do Campo das Princesas, o grupo dos caminhantes passa pelo Arquivo Público de Pernambuco, que fica na Rua do Imperador D. Pedro II. O prédio foi no passado a Cadeia Pública.
(Por Rafael Dantas)