20 Anos Do Movimento Pró-Museu - Revista Algomais - A Revista De Pernambuco
20 anos do Movimento Pró-Museu

Revista Algomais

*Por Ricardo Andrade

Ainda me lembro, em meados de 2005, quando ainda fazia o Mestrado em Gestão de Políticas Públicas na FUNDAJ, e ouvi a notícia de que a Prefeitura do Paulista queria patrocinar um acordo com a especulação imobiliária, derrubando árvores do Jardim do Coronel, mudar os locais, do busto do
coronel para construir um centro comercial. Foi aí que junto com outros historiadores, professores e estudantes de Direito, tivemos a ideia da formação do Movimento Pró-Museu, inicialmente com a ideia de defender o patrimônio da Casa Grande e o Jardim do Coronel, cravado no centro do Paulista, antiga moradia da família Lundgren, num local onde os coronéis abriam o Jardim aos domingos, para os operários e demais moradores do município, onde funcionou um pequeno zoo e abrigou vários Parques de Diversão.

Havia no Conselho Estadual de Cultura/Fundarpe, uma proposta de tombamento, apresentado pelo IAHGPE (Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano), mas isso por si só, não significava a garantia de patrimonialização. Por isso propus ao Pároco da Igreja, Pe. Valdemir José, a realização de abraços em torno do equipamento, após a Missa da Graça (Missa do Comércio) de 13h, para pressionar o Conselho a ser favorável ao tombamento. Anos após várias reuniões no Conselho, o parecer pelo tombamento foi escrito pelo relatório, o saudoso Prof. José Luiz Mota, referência na área de arquitetura, urbanismo e preservação do patrimônio histórico e cultural do Recife e RMR.

O Projeto "Cartões Postais do Paulista" foi outra iniciativa, desenvolvida em parceria com a imprensa, onde a população escolheu os bens mais simbólicos da cidade, através de uma espécie de urna eletrônica, pautada pelos telejornais e periódicos diários.

A participação no processo de tombamento das Chaminés das antigas fábricas da CTP (Companhia de Tecidos Paulista), solicitado pelo MP, também foi marcante, mas uma campanha muito significativa, defendida pelo Movimento Pró-Museu, foi a consulta popular sobre o nome do Shopping, que resultou na incorporação do nome da cidade no empreendimento.

A lei dos IEP (Imóveis Especiais de Preservação), elaborado pela secretaria de planejamento e aprovada na Câmara Municipal, foi resultado e produto das lutas em defesa da preservação. Palestras, seminários em Centros Universitários e escolas, visitas e passeios guiados pelo patrimônio, com estudantes das redes pública e privadas, marcam a trajetória da educação patrimonial, ofertadas pelo grupo.

O Pró- Museu realiza todos os anos, a FECONORTE (Feira de Economia Criativa do Litoral Norte), em parceria com as Associações de Artesãos do Paulista, de Goiana e pequenos empreendedores de Abreu e Lima e Igarassu, sempre com temas relacionados ao patrimônio histórico-cultural.

Tivemos a iniciativa de propor o tombamento da Igreja de Santa Isabel, eleita o principal Cartão Postal do Paulista, que demorou para conseguir o reconhecimento pelo CEPPC (Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural/Fundarpe).

Em nova enquete, realizada na FECONORTE de 2024, perguntamos à sociedade, qual a frase mais simbólica representa Paulista, e a vencedora foi, "Paulista, cidade das chaminés", sempre trabalhando os conceitos de, identidade, memória e pertencimento.

Destacamos também, o trabalho do Professor e Historiador, José Ricardo, um dos coordenadores, criador e produtor de conteúdo das páginas, "Muita História pra contar" e o site sobre a História do Paulista. O "Muita História pra contar" é uma rede de disseminação de conhecimento histórico, que publica diariamente e simultaneamente em várias redes sociais - as efemérides dos principais fatos e personagens que marcaram História. José Ricardo é sócio honorário do IAHGP (Instituto Arqueológico, Histórico, Geográfico Pernambucano), além de ser um dos grandes quadros, militantes de nossa articulação, desde o início.

Com a realização do I Encontro dos Institutos Históricos e entidades congêneres do litoral norte, em 2023, o Movimento Pró-Museu se aproximou das entidades da região e da RIPHE (Rede de Institutos Históricos de Pernambuco), participando de seu Congresso em Caruaru (2023). Em 2024, o Movimento Pró-Museu, foi o grande impulsionador da fundação do IHGAAP (Instituto Histórico, Geográfico, Arqueológico, Antropológico do Paulista) e as primeiras agendas do Instituto, foi a defesa da antiga Biblioteca Municipal, demolida pela Prefeitura, a valorização e preservação do Teatro Paulo Freire, do Forte de Pau Amarelo(IPHAN), do Alto do Sumaré, das Ruínas da Matriz de N. A dos Prazeres (atual santuário) e a luta pelo tombamento do Centro Histórico do Paulista.

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Completando 20 anos de lutas e conquistas, agora no dia 25 de julho, o Movimento Pró-Museu estabeleceu parcerias importantes, com as Igrejas, Católica, Batista, espíritas, o Sindicato dos Tecelões, e a ALAP(Academia de Letras e Artes do Paulista), e tem sido um repositório de preservação e salvaguarda de nosso patrimônio: parabéns!

Dedico esse texto aos fundadores:
as Jornalistas Lucélia Gomes, Luciene Gomes, aos Mestre(as)/poetas/poetisas, Amaro Rodrigues Bernadete Serpa, Margareth Leite, ao Turismólogo/Advogado Marcondes Andrade, aos Historiadores e Professores, Judite Andrade,Sandra Veríssimo, Vlademir Oliveira, ao Advogado Josevaldo Bezerra

*Ricardo Andrade é Historiador, Cientista Político, Presidente do IHGAAP.

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