30 Anos do Plano Real: Uma Jornada de Estabilidade Econômica

*Por Edgard Leonardo Lima e Paulo Alencar

Há 30 anos, em um domingo dia 27 de fevereiro de 1994, o Brasil lançava o Plano Real, um plano econômico que mudaria os rumos do país. Nascia com ele uma nova moeda, o Real, que entrou em circulação no dia primeiro do mês de julho do mesmo ano.

O plano foi certamente um divisor de águas na história econômica do Brasil, finalmente após vários planos fracassados, o Brasil encontraria a estabilidade financeira em meio às turbulentas águas da hiperinflação.

Imagine viver em um mundo onde os preços mudavam tão velozmente que derrubavam o poder de compra da moeda, deixando o trabalhador atônito com a rapidez com que seu dinheiro perdia valor. Entre 1980 e 1982, a inflação no Brasil ficava na casa dos 100% ao ano, imagine que isso significava que as mercadorias, em média, dobravam de preço a cada doze meses, agora imagine novamente que essa inflação ainda era baixa, se comparada ao que ocorreria em anos seguintes.

A década de 80 foi marcada pela estagnação do nível de atividade, por profundos desequilíbrios macroeconômicos e, em especial, pela hiperinflação; um processo de explosão de preços, combinado com baixas taxas de crescimento da economia. A inflação entre os anos de 1980 a 1993, medida pelo IGP-DI, atingiu o patamar médio de 438% a.a. (com picos de explosão ao longo dos meses).

No ano de 1994, ano de lançamento do Plano Real, a inflação acumulada em 12 meses (mês de junho) foi de quase 5000%. Em 1º de julho de 1994 foi adotada efetivamente a moeda Real, substituindo o agora extinto, Cruzeiro Real, e em agosto do mesmo ano a inflação já estava em 1,86% (medidos pelo IPCA), uma queda significativa da inflação, o dragão parecia estar domado.

Esse era o desafio enfrentado pelo trabalhador brasileiro nos anos 80 e início dos 90. Foi nesse cenário caótico que uma equipe de economistas entrou em cena para escrever um novo capítulo na história econômica do Brasil.

Lançado em fevereiro de 1994 o Plano Real deu início ao combate da inflação com uma ideia inusitada, foi criada a URV – Unidade Real de Valor, uma unidade monetária temporária, introduzida no Brasil como parte do processo de transição entre o Cruzeiro Real e o Real, como conhecemos hoje.

A URV tinha a função de ser uma “moeda virtual” que representava uma unidade estável de valor. Ela não era uma moeda física circulante; era, na verdade, utilizada como uma referência para precificação durante o período de transição para o Real. Sua principal finalidade era servir como uma âncora de estabilidade. Imagine que os preços agora, estavam sendo cotados em URV´s e assim aquela geladeira, que o trabalhador brasileiro desejava comprar, não mais subia de preços (em URV´s), apenas a cotação da URV era alterada.

A verdade é que a estabilização econômica proporcionada pelo Plano Real contribuiu fortemente para a redução da pobreza no Brasil. Com a diminuição da inflação e a melhoria nas condições econômicas, a renda real das famílias mais pobres aumentou, permitindo-lhes adquirir bens e serviços básicos. O aumento no consumo, impactando o crescimento de setores como comércio, indústria e serviços, o que por sua vez gerou novas oportunidades de emprego e renda.

Além do fato que, no bojo do Plano Real, foram lançadas as sementes de programas sociais ainda hoje importantes. Entre julho de 1994 e janeiro de 1996, período imediatamente após a implantação do Plano Real, segundo dados do IPEA – a proporção de pobres, no Brasil, declina de 38% para 29%, uma redução significativa.

O Plano Real trouxe uma série de benefícios para a economia brasileira. A redução da inflação proporcionou uma maior previsibilidade e segurança para os agentes econômicos, estimulando o consumo, o investimento e o crescimento econômico. A estabilização monetária contribuiu para a melhoria das condições de crédito, incentivando o acesso a financiamentos e impulsionando o mercado interno.

Além disso, o Plano Real trouxe confiança aos investidores, tanto nacionais quanto estrangeiros. A estabilidade econômica fortaleceu a imagem do Brasil como um destino atraente para negócios e investimentos, aumentando o fluxo de capital para o país e impulsionando setores econômicos diversos, além dos impactos sociais.

De fato, a porcentagem de brasileiros que viviam na pobreza diminuiu e a distribuição de renda registrou pequena melhoria nos anos imediatamente após o Plano Real, e certamente muito mais poderia ter sido realizado nestes trinta anos.

Porém, é fato que hoje, quando tiramos uma cédula de Real do bolso, estamos segurando não apenas dinheiro, mas um pedaço da história brasileira. Uma história de desafios, e acima de tudo, uma história de sucesso daqueles que idealizaram e participaram da implantação do Plano Real no Brasil.

Edgard Leonardo Lima e Paulo Alencar são economistas

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