Segundo o estudo Data Favela 2023, que mapeou 11.403 favelas em todo o Brasil, abrigando 16 milhões de pessoas em 6,6 milhões de domicílios, empreender é o maior sonho profissional de 8 em cada 10 moradores de favelas. O desejo de ter um negócio próprio (21%) ocupa um lugar de destaque entre os principais anseios, ficando atrás apenas do sonho de ter uma casa própria (27%). O estudo, apresentado na Expo Favela Innovation Brasil 2023, revela que o empreendedorismo nas favelas está ligado à responsabilidade familiar e comunitária, além de ser visto como uma via para a independência financeira.
Apesar do desejo empreendedor, a pesquisa destaca desafios significativos. A falta de apoio e a responsabilidade em relação à família e ao lar muitas vezes se sobrepõem aos sonhos de empreendedorismo, dificultando sua concretização. A pesquisa revela que 56% dos moradores de favelas acreditam que projetos governamentais de apoio ao empreendedorismo nas favelas teriam impacto positivo em sua qualidade de vida. Entre aqueles que já empreendem ou desejam empreender, 58% compartilham dessa opinião.
O estudo também traça o perfil dos moradores de favelas, destacando que a maioria é jovem, com 56% até 35 anos. A população infantil representa 23% do total, equivalente a 3,7 milhões de crianças de até 14 anos. A população idosa é de cerca de 13%, totalizando 2 milhões de pessoas. A maioria dos moradores de favelas é negra, representando 67% (quase 11 milhões de pessoas), superando a média nacional de 55%. Quanto às classes sociais, 96% pertencem às classes CDE, enquanto apenas 4% estão nas classes AB.
Renato Meirelles, fundador do Data Favela
“A favela é a concentração geográfica das desigualdades sociais e muitas vezes o morador não encontra no emprego formal a oportunidade para desenvolver toda sua potencialidade. Por isso vemos que o sonho em ter o negócio próprio está entre os principais do morador da favela, porque só empreendendo dentro da favela vai conseguir ganhar mais do que dois salários mínimos. Assim, pode usar o seu potencial e fazer com que o dinheiro das favelas fique dentro das próprias favelas”.