A equipe pernambucana de futebol feminino que mais se destacou nos últimos sete anos foi o Vitória de Santo Antão. Segundo o Ranking Nacional de Clubes da CBF, o time é segunda melhor equipe do País: foi vice-campeão da Copa do Brasil por duas vezes, atual campeão pernambucano e heptacampeão estadual. Desde 2010 atuando, o tricolor das tabocas foi o responsável e organizador da Copa Libertadores da América, no Estado, a primeira fora de São Paulo.
“Somos o clube que reestruturou o futebol feminino em Pernambuco, inaugurando uma nova era para o esporte. Nossas conquistas deram visibilidade à Federação Pernambucana e abriu vagas para outros clubes e competições nacionais”, destacou o assessor da equipe Luciano Abreu. O time é financiado por Paulo Roberto, presidente do clube e também maior acionista da Faculdade Escritor Osman da Costa (Facol), localizada em Vitória de Santo Antão.
O time começou quando Paulo Roberto, após desestimular-se com o futebol masculino, se encantou com a possibilidade de investir na equipe feminina. “Decidimos entrar nesse negócio que exigia certo investimento e dava pouco retorno financeiro. Fizemos o nosso melhor, alçamos altos voos e criamos um novo paradigma”, contou Luciano Abreu. “No ano seguinte investimos em jogadoras de nível de seleção brasileira e internacional. Contratamos um ex-gerente de futebol do time masculino do Santos, Paulo Mayeda (responsável por revelar jogadores reconhecidos internacionalmente, como Robinho, Diego e Elano), o técnico Clayton Lima e junto veio a comissão da Seleção Brasileira”, explicou. Hoje o técnico é Beto Coelho, ex-jogador da equipe masculina.
O time funciona com as mesmas condições e estruturas do masculino. Além de fazerem uso do campo e da academia, as jogadoras também ganham salários, acomodação gratuita e têm a opção de ingressarem em cursos superiores de educação custeados pelo Vitória. “Mesmo quando enceramos o vínculo com o futebol, buscamos estabelecer essa relação da atleta com a faculdade, pois entendemos que a formação é importante e está acima do fazer negócio”, relata Abreu.
Quanto à exigência da Fifa, Luciano destaca a importância de dar visibilidade e mais espaço às mulheres. “Precisamos sair da retórica e passar a construir pontes para a efetivação de direitos. O futebol pode ser um meio de promoção do respeito e dignidade da mulher”, afirmou. Apesar dos investimentos e das vitórias conquistadas, o time apresenta dificuldades para encontrar outros patrocinadores. “Muitas marcas ainda não enxergam a equipe feminina como negócio. Estamos há quase uma década fazendo isso e bancamos todo o custo, mas é necessário novos parceiros que acreditem que associar suas marcas ao futebol feminino é sinônimo de visibilidade e investimento”, defende.
(Por Paulo Ricardo)
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