A crise econômica e o crescente índice de desemprego da população brasileira atingiram diretamente o setor da saúde, que está sendo, como nunca antes, subestimada pelos nossos governantes. O Brasil é o único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes com acesso a um sistema de saúde público e gratuito. Mas por que não se luta por melhorias? Temos o robusto SUS, mas não conseguimos ainda otimizá-lo em direção ao que a população realmente necessita.
A saúde sempre esteve no TOP 3 das preocupações de todos os cidadãos. Chamo atenção para uma pesquisa realizada, este ano, chamada “Retratos da Sociedade Brasileira – Problemas e Prioridades”, da Confederação da Indústria (CNI). O levantamento mostra que a melhoria dos serviços de saúde foi a mais citada pela população entre as três principais prioridades pelo quarto ano consecutivo, com 38% de menções dos entrevistados.
São Marias, Severinas, Antônios, Josés que não só ficam horas para serem atendidos em filas e macas de corredores de hospitais, mas fazem parte da triste das estatísticas que envergonham a saúde brasileira: a cada 3 minutos, mais de duas pessoas morrem em hospitais por falhas que poderiam ter sido evitadas, em levantamento feito pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais.
A humanização da saúde no Brasil passou a ser discutida ainda nos anos 90. Em 2003, foi criada a Política Nacional de Humanização como forma de efetivar os princípios do Sistema Único de Saúde no dia a dia das práticas de atenção e gestão, qualificando a saúde pública no País e incentivando permutas saudáveis e solidárias entre gestores, trabalhadores e pacientes.
Não basta apenas melhorarmos o acesso, temos que nos preocupar também com a qualidade do atendimento. Aprendi com a minha avó, Dona Maria Esther Souto Carvalho, uma das fundadoras do Hospital do Câncer de Pernambuco, a não se deixar esmorecer diante das dificuldades. Quem está doente precisa de cuidados, muito mais além dos relacionados ao tratamento. Precisa de um sorriso, de uma palavra amiga que incentive. A dor também é na alma. Não tem como ser imparcial, como muitos pregam. É diferente quando o médico, o enfermeiro, o cuidador ou outro profissional da saúde se envolvem com o paciente e buscam mostrá-lo caminhos menos ardilosos. A cura também passa pela humanização.
*Paula Meira é fonoaudióloga e diretora-executiva da Interne Soluções em Saúde