A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) divulgou uma nota pública na qual alerta que o País só ganhará a guerra contra o mosquito Aedes aegypti com saneamento básico.
A iniciativa da ABES busca concentrar esforços para conscientizar a sociedade de todo o Brasil de que somente por meio do saneamento básico será possível mudar o cenário epidemiológico de expansão de doenças cujos agentes são transmitidos pela falta de saneamento, como é exemplo do mosquito Aedes aegypti. O estado de alerta em que se encontra o País demonstra que persiste a necessidade de investimentos em saneamento básico para as cidades brasileiras.
Segundo a ABES, em 2001, políticas públicas surgiram através de uma orientação da Organização Mundial da Saúde para a erradicação do Aedes aegypti. No entanto, essa opção não se tornou viável ao longo do tempo. Atualmente, a orientação nacional é para o controle do mosquito vetor. “Enquanto o poder público busca soluções para as demandas isoladas, o mosquito vai sobrevivendo. Sua característica biológica, que permite que os ovos permaneçam em ambiente seco por mais de 500 dias, permite a sua viabilidade após muitos meses, o que faz com ele possa ser transportado por via terrestre ou marítima ampliando sua distribuição geográfica”, afirma Dante Ragazzi Pauli, presidente nacional da ABES.
No abastecimento de água, o pior problema para o combate à dengue, de acordo com a ABES, é o abastecimento irregular, como falta ou intermitência de água, porque leva a população a usar caixas d’água, potes e barris. E, sem tampas ou mal tampados, esses reservatórios são ideais para o mosquito Aedes aegypti procriar devido à água parada, limpa e em pouca quantidade. O mosquito só deposita seus ovos em recipientes de água potável e não potável, mas com pouco material em decomposição, por isso que esgotos também devem ser considerados.
Nos resíduos sólidos, adverte a associação, o problema está na coleta irregular de resíduos, no acúmulo de resíduos como garrafas plásticas, embalagens, pneus e outros recipientes, nos quais a água da chuva se acumula. Isso ocorre tanto em imóveis como nas ruas e áreas de depósitos de lixo irregulares.
“Não há sustentabilidade financeira e ambiental para que servidores da saúde, o exército ou outros agentes estejam a cada dez dias visitando todas as casas no País para removerem focos do mosquito”, ressalta o presidente da ABES.
Ele explica que o controle com inseticidas é realizado apenas pelos órgãos de Vigilância em Saúde nos municípios, de acordo com orientações do Ministério da Saúde, quando houver casos confirmados de doentes. Isso porque o inseticida atua apenas na forma adulta do mosquito, e não é eficiente para ovos e pupas (fase intermediária entre a larva e vida adulta). Porém, muitas pessoas acreditam que a aplicação dos produtos é a solução do problema, o que tem levado ao seu uso indevido e a contaminação ambiental.
A ABES considera também que o uso indiscriminado de larvicidas pelos agentes de saúde reforçam na população o sentimento de que apenas o uso de produto químico pode resolver o problema. “Esta concepção errônea reduz o comprometimento necessário pelo cuidado constante de prevenção nas casas pelo morador e dificulta a redução da infestação do mosquito”.
Dante pontua que as ações de controle do mosquito envolvem tanto as políticas públicas de saúde como de saneamento. Mas os responsáveis por tais políticas, segundo o presidente da ABES, não têm uma ação integrada quanto a ação individual e comunitária. “Promover o saneamento é a melhor campanha sanitária contra essas doenças”, finaliza