Tenho escrito há quase dois anos sobre o futuro das pessoas, das empresas e dos mercados e percebido que essa transformação está acontecendo todos os dias perto de nós. Na convivência com a equipe da minha empresa, com minhas filhas e outros jovens entre 18 e 30 anos, que fazem parte da Geração Y ou Millenials, fica claro que esse futuro já é quase presente quando analiso a forma de pensar e agir desse grupo:
1. Para a Geração Y, o foco na profissão está acima das outras coisas. A carreira é o principal investimento dessa geração. Eles querem causar impacto em suas profissões e deixar uma marca relevante para a sociedade.
2. Por causa do foco na carreira, a busca por novos desafios profissionais leva a Geração Y a trocar de emprego e de cidade com muita frequência. Por isso, eles não compram imóveis. Preferem dividir o aluguel com outras pessoas de mesmo estilo de vida.
3. Em função de não comprar imóveis e dividir o aluguel, a Geração Y não compra móveis, nem eletrodomésticos, nem enxoval de casa. Eles alugam apartamentos mobiliados, próximo do emprego e com infraestrutura básica ao redor.
4. Como a Geração Y mora perto de onde trabalha, não precisa comprar carro. Eles preferem o transporte público e serviços compartilhados, como Uber e aluguel de bicicletas.
5. Como a Geração Y foca no profissional, casamento e filhos não estão na lista de prioridades desses jovens. Muitos deles, inclusive, decidiram não ter filhos. Portanto, não vão movimentar setores relacionados à criação e educação, como escola, transporte, material escolar, plano de saúde, supermercado, fraldas, roupas etc.
A partir dessas constatações, observa-se que a demanda por produtos da indústria da transformação – tais como imóveis, automóveis, eletrodomésticos, entre outros – começa a ser impactada pela primeira vez em muitos anos. E que o estilo de vida da Geração Y coloca em questão o modelo econômico tradicional, pois esses produtos para serem fabricados movimentam uma grande cadeia de valor e geram milhares de empregos.
Por outro lado, os jovens da Geração Y ativam outros setores da economia baseados na oferta de serviços, tais como viagens, restaurantes, festas e o comércio eletrônico. Mas o consumo maior de serviços em relação à diminuição da demanda por produtos da indústria da transformação será suficiente para manter o atual nível econômico do País e a quantidade de empregos? Será que o mundo está preparado para o cidadão “Y”? Será que dá tempo de se preparar?
Nesse momento, quanto mais observo, tenho mais perguntas do que respostas. E perguntas que me geram mais perguntas. Por isso, nas próximas edições da coluna Vida Digital, ao longo de 2019, vou relatar outras experiências que tenho passado para mostrar como esse futuro está se tornando realidade e o que fazer diante disso.