OBSERVATÓRIO DO FUTURO

OBSERVATÓRIO DO FUTURO

Bruno Queiroz Ferreira

Uso de tecnologia tornará idosos do futuro mais parecidos com jovens do presente

*Por Bruno Queiroz Ferreira

Uma das principais consequências da transição demográfica brasileira é o envelhecimento acelerado da população. Com taxa de natalidade em queda e índice de longevidade em alta, os idosos se tornarão mais relevantes para os mercados nas próximas décadas. Mas quem são os “idosos do futuro”? Como se comportarão, como viverão, o que vão consumir, o que pensam?

A hipótese é que os idosos do futuro serão bem diferentes dos idosos como conhecemos atualmente. Isso porque, pela primeira vez na história, a geração posterior não é uma continuidade da anterior. A Geração X (1965-1984), que foi uma melhoria da Baby Boomer (1945-1964), e a Geração Y (1985-1999), que foi uma evolução da Geração X, não fizeram sucessora a Geração Z (2000-2010).

O rompimento da tradição foi causado, principalmente, pelo acesso sem barreiras ao conhecimento proporcionado pela popularização da internet e do celular. O uso intensivo dessas tecnologias pela Geração Z “quebrou” a exclusividade da transferência do conhecimento do “mais velho” para o “mais novo”, interrompendo também a transmissão de hábitos e comportamentos entre gerações.

Com isso, a Geração Z criou seus próprios hábitos, pensamentos e valores. E, é provável, que o contrário aconteça. A necessidade de acesso à internet e de uso da tecnologia na vida e no trabalho fará com que as gerações mais antigas, especialmente a X e Y, passem a adotar, gradativamente, o novo modo de “vida conectada” dos mais jovens.

Nesse sentido, os idosos da próxima década devem ser mais parecidos com os integrantes da Geração Z. No futuro, a tendência é que pessoas acima de 60 anos vão preferir morar sozinhas, mudarão de carreira com mais frequência, passarão mais tempo no celular, trocarão acomodação em hotéis por AirBnb’s, usarão menos carros próprios e mais veículos compartilhados.

Os idosos do futuro alugarão mais em vez de comprar imóvel para ter liberdade de morar em outros locais. Investirão mais tempo e dinheiro em experiências, como viagens e dispositivos tecnológicos. Farão mais intercâmbios profissionais e acadêmicos em outras cidades e países, assim como cuidarão mais da alimentação e do corpo.

Terão, diferentemente dos idosos do presente, níveis educacionais mais elevados e serão consumidores mais conectados e preocupados com a sustentabilidade. Por outro lado, pouparão menos para a aposentadoria, terão que trabalhar por mais tempo e deixarão heranças menores (talvez, nem deixarão) para seus filhos.

A grande questão será o agravamento da saúde mental. Em níveis crescentes no presente, em virtude principalmente de uma vida mais digital do que presencial, a tendência é uma escalada de casos de depressão e ansiedade entre os idosos do futuro. E suas consequências na vida prática, como menos horas úteis de trabalho e mais gastos em saúde pública.

Olhando em perspectiva, a mudança de comportamento das Gerações X e Y, assemelhando-se ao comportamento da Geração Z, indica que as diferenças geracionais serão cada vez menores no futuro. Portanto, a separação dos consumidores apenas por faixa etária se tornará imprecisa. É muito possível que, por esse motivo, a classificação por geração caia em desuso. Em seu lugar, deve surgir a análise por grupos de consumo, reunindo pessoas com mesmos interesses e padrões.

Como vimos, o futuro aponta para um mundo mais “plano” quando se fala de comportamento de pessoas e consumo. O envelhecimento da população com mais acesso à tecnologia é um fato no presente que aponta para um cenário provável no futuro. Por isso, precisa ser analisado e considerado desde já nos planejamentos de empresas, instituições e governos daqui por diante.

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