Geraldo: “Abertura do Carnaval mostrará força e diversidade da nossa cultura” – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Geraldo: “Abertura do Carnaval mostrará força e diversidade da nossa cultura”

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O protagonismo de jovens dançarinos das comunidades do Recife dará a tônica do espetáculo de abertura do Carnaval do Recife 2019, que acontece no dia 1º de março, no Marco Zero. Numa apresentação inovadora, batizada de Carnaval de Todo Mundo, mais de cem bailarinos vão protagonizar as manifestações artísticas que pulsam nas periferias do Recife – do bregafunk à música eletrônica com ciranda, passando pelo frevo e o samba. O prefeito Geraldo Julio, ao lado da primeira-dama, Cristina Melo, e de secretários municipais assistiu ao ensaio do espetáculo, no Compaz Eduardo Campos, situado no Alto Santa Terezinha. Inclusive, o elenco do musical é, em grande parte, vindo das localidades vizinhas ao Centro.

Após o ensaio, o prefeito destacou o protagonismo da população na construção do espetáculo. “Os ensaios são aqui no Compaz, o Dielson Pessoa (diretor artístico) e o César Michiles (diretor musical) produziram tudo com total liberdade e mostraram a força e a diversidade da nossa cultura, nos tipos de dança diferente que os recifenses gostam de fazer em várias épocas do ano. Isso tudo vai estar no palco do Marco Zero na abertura do Carnaval e vai ser, com certeza, uma grande surpresa para toda a população. Tenho certeza que todo mundo vai vibrar com essa abertura e com a energia que eles mostram na dança e na música. Vai ser, com certeza, uma abertura marcante”, afirmou o prefeito.

Com 1h20 de duração, o espetáculo conduzirá o público por um passeio musical e rítmico do enraizado maracatu até a contemporânea música eletrônica, passando pelo samba e pelo indefectível frevo, que será mestre de toda a cerimônia. Cada um dos seis blocos terá entre 15 e 20 bailarinos atuando, além dos músicos.

Para o diretor artístico Dielson Pessoa, o objetivo foi não “cristalizar” apenas um ritmo, mas fundir as diversas manifestações artísticas. “Quis fazer com que a galera da periferia, que tem um poder social muito grande, fizesse parte do protagonismo. A cidade é a grande protagonista do Carnaval e eu estou feliz com o resultado. O pessoal está super disciplinado e essa política de inclusão social desenvolvida aqui no Compaz me alegra muito e eu estou super grato por estar participando disso aqui. Recife no Carnaval se expõe ao mundo e nós temos que expor o nosso melhor”, defendeu Dielson.

Já a trilha sonora será um espetáculo à parte, promovendo um diálogo entre o frevo, o maracatu, o samba, o funk, o hip hop, a música eletrônica e o brega. César Michiles grifou que a Transversal Frevo Orquestra, sob o seu comando, estará o tempo todo no palco, formando uma base para diversos convidados. “A gente que vive do frevo há tantos anos nesse espetáculo temos uma democracia artística e musical que nós vamos fazer ali no Marco Zero, então o palco e o público vão vibrar com a apresentação”, afirmou Michiles.

Moradora do Alto Santa Terezinha, Gisele Ambrósio, 23, subirá ao palco do Marco Zero pela primeira vez e não esconde a ansiedade. Na dança, ela extravasa a dedicação e o empenho em fazer bonito. Ela integra o Grupo de Dança Estúdio 8, que funciona no Compaz. “Esse é um momento em que a gente, como bailarino negro da periferia, pode mostrar que independente de classe social podemos mostrar nossa negritude e contagiar as pessoas”, defendeu.

CENAS DO ESPETÁCULO

Caldeirão Afro Brasileiro

O espetáculo começa, como a história do Brasil, tratando da cultura de matriz africana e da profunda influência que ela teve na formação da identidade nacional. Entre as atrações musicais que subirão ao palco neste momento, estão Lucas dos Prazeres e Jerimum de Olinda, no comando de 23 percussionistas, além dos guitarristas Paulo Rafael (Ave Sangria) e Neilton (Devotos do Ódio), além do Coral Voz Nagô e do guitarrista Júnior Xanfer.

Dançando para os orixás, bailarinos do Magê Molê e do Balé Afro Raízes darão corpo ao conteúdo sonoro do caldeirão. “Momentos da vida diária das tribos, ritos e tradições, como a homenagem aos deuses, à natureza, a coroação de um rei ou a morte, estão entre as representações. Os movimentos serão feitos de forma coletiva, numa demonstração de igualdade e força”, explica Dielson.

Festa na Periferia

Na segunda cena, pulsarão no palco do Marco Zero os ritmos que embalam as periferias – e também o asfalto -, como o brega e o funk, representados por alguns de seus maiores expoentes na cidade, como Michelle Mello, Kelvis Duran, Victor Santos e Priscila Senna (Musa). As bases musicais criadas por Cesar, que serão executadas com a interferência do DJ Junior Cabeleira, promoverão um encontro entre frevos clássicos, como Cala a Boca menino, de Capiba, com uma levada diferente, batizada de frevo-funk-brega.

As coreografias transportarão o público para o bairro de Peixinhos, referência e nascedouro das várias cenas culturais que convivem no Recife, dando visibilidade aos grupos históricos da comunidade, em conjunto com os movimentos emergentes.

Rolezinho do Compaz

A terceira cena, que contará com a participação de alunos das duas unidades do Compaz, fará uma referência à prática instituída no Compaz Eduardo Campos, instalado no Alto de Santa Terezinha, onde jovens da comunidade se reúnem sistematicamente para apresentações culturais protagonizadas por eles mesmos. Foram esses rolezinhos que revelaram ao Brasil o MC Bruninho, um dos protagonistas do bloco, junto com Zé Brown, que hoje é uma referência nacional para o rap do Recife. Brown fará improvisos ao som do frevo. O bloco tem ainda a participação do DJ Big.

As coreografias, que vêm sendo ensaiadas desde outubro, contarão com dançarinos selecionados em oficinas realizadas por Dielson e sua equipe nas duas unidades do Compaz.

Delírios Tecnológicos

Com participação do multi-instrumentista paulista Thiago Pinheiro, referência da música eletrônica brasileira, esse bloco promoverá um diálogo musical e rítmico entre inovação e tradição, representada pelos pífanos de Alexandre Rodrigues e Anderson do Pife e ainda pelas cirandas e loas do Mestre Anderson, e emboladas de Cajú e Castanha, numa mistura sonora inusitada que só o Carnaval poderia propiciar.

“O Marco Zero se transformará numa arena de luzes, vídeo e projeções. Nas coreografias, a linguagem será global, com interferências regionais”, diz Dielson, que selecionou cuidadosamente um seleto time de bailarinos contemporâneos da cidade para essa cena.

Carnaval de Gigantes

O penúltimo bloco do espetáculo irá colorir de samba o Marco Zero, numa homenagem à Escola Gigantes do Samba, com toda a força percussiva da bateria da escola. Outros gigantes farão parte do elenco: os bonecos que são a cara do Carnaval pernambucano.

Batalha de Rua

Em alusão às origens do frevo, o derradeiro bloco do espetáculo voltará aos carnavais saudosos, promovendo uma festa de sombrinhas e capoeiras, fazendo passo ao som do frevo rasgado. A Transversal Frevo Orquestra, comandanda por Cesar Michiles, executará clássicos da folia recifense, enquanto passistas da Escola de Frevo, mantida pela Prefeitura, se revezarão nas acrobacias, anunciando que chegou a hora de pular Carnaval. Deste final apoteótico, participarão também 25 garis, celebrando o aniversário do clássico frevo Vassourinhas.

“Esse espetáculo, que saúda tantos gêneros musicais, não podia acabar ao som de outro ritmo senão o frevo, que nasceu do maxixe, da polca, das marchas e hoje conversa com o brega, com o hip hop, com o samba. É do tamanho da folia recifense”, celebra Cesar Michiles.

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