O desafio do próximo governo é imenso. Tanto do ponto de vista da economia, quanto da política, quanto do restabelecimento da confiança cuja ausência impede os agentes econômicos de consumirem e de investirem, contribuindo decisivamente para o esfriamento da demanda e, em última análise, para a recessão que atormenta o País há pelo menos dois anos seguidos.
Do ponto de vista da economia, uma condição indispensável para recolocação do País nos trilhos é a recuperação das contas públicas que passaram durante anos por uma desarrumação que se traduz nos dias que correm na inflação de dois dígitos, na recessão renitente e no desemprego recorde.
Do ponto de vista da política, o desafio se traduz na montagem de um ministério e de uma maioria parlamentar os menos fisiológicos possíveis, capazes de formular e executar o ajuste fiscal conjuntural que permita destravar a economia e refazer o caminho da saída da recessão e da retomada do crescimento, ainda que em bases modestas. Um crescimento mais vigoroso só será possível com a realização das reformas e do ajuste fiscal estrutural que só o governo eleito em 2018 terá condições de fazer.
Do ponto de vista da confiança, cujos indicadores apontam os níveis mais baixos da história, a retomada só ocorrerá se tanto a parte econômica quanto a política do desafio forem superadas.
De um modo geral, pode-se dizer que o próximo governo será de transição e seu sucesso dependerá criticamente de dar certo logo no início. Não resistirá ao rame-rame tradicional da política brasileira. Se for mais do mesmo ou cai logo ou potencializará a nível inimaginável a incerteza e a desconfiança e cairá mais na frente.
Se for bem sucedido, como precisamos, sua missão será arrumar a casa para entregar o governo minimamente organizado para o(a) próximo(a) presidente eleito em 2018.
Curiosamente, nas especulações da imprensa sobre o novo ministério, nada menos do que 10 pernambucanos foram cogitados: Jarbas Vasconcelos, Romero Jucá, Mendonça Filho, Bruno Araújo, Raul Jungmann, Cristovam Buarque, Roberto Freire, Augusto Coutinho, Raul Henry, Fernando Coelho Filho. O que não deixa de ser uma evidência da nossa densidade política, muito necessária para o enfrentamento do cenário adverso que também nos aflige de forma muito intensa e do qual só vamos sair junto com o País.
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Francisco Cunha
O Brasil pós-impeachment (maio/2016)
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