“O registro mais antigo de um crocodilo anão”: é o que ressalta a professora de Paleontologia e de Evolução e Dinâmica da Terra do Centro Acadêmico de Vitória (CAV) da UFPE, Juliana Sayão, ao explicar a importância do resultado recente da histologia e análise das células de um fragmento ósseo do Susisuchus. O achado paleontológico, que se encontra no Museu de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri (Urca), foi estudado no Núcleo de Paleontologia, do Laboratório do CAV, sob a coordenação de Juliana.
A professora destaca ainda que se trata da menor espécie de crocodilo registrada até hoje. O estudo impacta diretamente na análise da evolução da linhagem dos crocodilos, servindo assim de referência para pesquisas futuras, como evidencia Sayão. Segundo a pesquisadora, o estudo sana dúvidas que existiam sobre a maturidade do fóssil, o Susisuchus anatoceps, já que “ele tinha as características do osso que somente organismos maduros, que atingiram a maturidade óssea esquelética têm. Então, batemos o martelo que ele era um adulto”.
Coordenada pela professora da UFPE, a equipe é composta ainda por professores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Regional do Cariri (Urca) e pós-graduandos da UFPE. Eles analisaram fragmentos de um dos três fósseis conhecidos dessa espécie de crocodilo – dois se encontram no Museu de Paleontologia da Urca e o outro está no Museum für Naturkunde, na Alemanha.
O Susisuchus anatoceps viveu há aproximadamente 120 milhões de anos, durante o período Cretáceo, na região onde está a Chapada do Araripe, no Estado do Ceará. No local havia um grande lago que cobria essas terras, contendo uma diversa fauna e flora em seu entorno. O Susisuchus fazia parte desta biodiversidade, atuando como um crocodilo que transitava entre as áreas emersas e dentro do lago, explica a professora. A espécie é menor do que os atuais crocodilos anões que são conhecidos, o Paleosuchus e o Osteolaemus, ambos habitam as áreas pantanosas do cerrado e pequenas lagoas na floresta amazônica. O tamanho deles varia entre 1,0 m e 1,5 m de comprimento.
Os resultados foram detalhados em um artigo destaque da capa da Revista Plos One, publicação internacional que é referência na área de paleontologia. Entre esses resultados está a conclusão de que o fóssil analisado do crocodilo anão morreu aos 17 anos com 60 cm de comprimento – ele pode, segundo a professora, chegar aos 90 cm de comprimento máximo. Além disso, a pesquisadora explica que a maturidade óssea do Susisuchus chegaria entre 10 e 20 anos de idade, portanto, o espécime analisado estava no final do seu crescimento.