Em meio ao cenário de estagnação do País e de crise acentuada que enfrentou o setor imobiliário, a Direct Imóveis conseguiu crescer 20% em 2018 e tem a perspectiva de aumentar o faturamento em 40% neste ano. O desempenho é bem superior às expectativas nacionais do setor, que são de crescer entre 10% e 15%, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
Para conseguir remar com bons resultados em meio ao mar de dificuldades, da desconfiança dos consumidores e de redução das oportunidades de financiamento, a empresa se reinventou. Desembarcou em novos mercados, como o português, e somou expertises, com a chegada de novos sócios, para se preparar para um voo maior. “Estamos vivendo um momento de investimento na perspectiva de retomada do mercado e estamos com o pé no canto do acelerador. A expectativa é que 2020 seja o ano para a gente bombar”, confia o sócio fundador Gustavo Morais.
A Direct Imóveis atua há 20 anos no setor imobiliário. A grande onda que a empresa surfou foi o lançamento da Reserva do Paiva. A imobiliária foi responsável pela venda de cerca de 70% das unidades do empreendimento de alto padrão, que giram em torno R$ 1 milhão.
Nessa época, no início dos anos 2000, para vender o conceito daquele projeto que ainda iria sair do papel, a imobiliária investiu em inteligência. Fechar negócios com uma nova área de moradia da Região Metropolitana do Recife, quando sequer a ponte que a ligava à Zona Sul da capital estava construída, foi um trunfo ancorado numa estratégia certeira de vendas. “Fizemos um trabalho com novas pessoas e muita capacitação e treinamento, tendo na equipe apenas 10% ou 20% de profissionais que já atuavam como corretores. Queríamos sair da linha mais convencional do trabalho dos corretores e preparamos um time capacitado para vender o destino Reserva do Paiva e depois o produto”, conta Gustavo.
O auge da atividade imobiliária no Recife, porém, entrou em choque com a crise. Sem lançamentos, principal motor para o faturamento do setor, a empresa passou a investir num novo conceito. “A prática do mercado imobiliário da forma convencional, como é feita hoje, entendemos que está falida. O modelo se esgotou. Decidimos nos reinventar, com inteligência imobiliária e agregando serviços à nossa atividade”, diz Gustavo.
E para auxiliar nessa reinvenção, dois antigos profissionais da empresa retornaram agora como sócios, Ateniense Júnior e Ildemário Faria, com foco na oferta de novos serviços. “Não vendemos imóveis, mas soluções”, redefine Ateniense Júnior. “Cerca de 90% da nossa receita era focada na Reserva do Paiva. Hoje atuamos de forma mais ampla”. O apoio aos compradores para superarem barreiras burocráticas e jurídicas, o auxílio na tomada de financiamentos e o gerenciamento de ativos imobiliários de terceiros são alguns dos serviços que passaram a ser oferecidos pela empresa.
Para agregar expertise no financiamento imobiliário, outro reforço no time da empresa foi a entrada recente de Roberto Maia na sociedade. O empresário, que foi diretor do Banco Safra e chegou a ser vice-presidente do Banco Rural, entra na imobiliária com a missão de atuar numa unidade exclusiva de negócios para tratar de soluções financeiras.
Além de diversificar a atuação, a empresa também abriu novos mercados. A princípio em Angola, onde chegou a ter um escritório, e nos últimos anos entrou mais forte no mercado português. Os primeiros contatos com o setor imobiliário lusitano aconteceram ainda nos primeiros anos na empresa. Havia um interesse dos portugueses de aproveitar boas oportunidades imobiliárias no Nordeste para vir para o Brasil viver sua aposentadoria. Era um negócio conectado à terceira moradia. Mais recentemente o fluxo de negócios se inverteu, com a procura de grandes players brasileiros fazendo investimentos em Portugal e, com menor intensidade, também a comercialização residencial. Os últimos negócios fechados em Portugal foram de até €$ 10 milhões.
“Se um cliente quer ir hoje para Portugal, a Direct disponibiliza uma pessoa para buscá-lo no aeroporto. Se precisar retirar um documento português para fechar uma compra, nós o orientamos para ir a uma cidade próxima a Lisboa, onde não há filas. Temos parceiros em escritórios de advocacia para ajudar a montar uma empresa por lá, a comprar um imóvel, ter o suporte que o cliente precisar, independentemente da demanda que tiver. Agregamos serviços na nossa atividade principal e temos conquistado clientes, além de fechar bons negócios”, conta Morais. Com os anos de estrada no solo europeu, a empresa adquiriu uma expertise que é oferecida para sua clientela de alto padrão para entender as oportunidades e riscos de Portugal e fazer uma compra mais acertada. E também mais rápida.
A palavra de ordem em 2019 é investimento. As expectativas são grandes para a retomada do setor em 2020. “A empresa está investindo em consultoria, sede, inteligência imobiliária e modernização da marca. Estamos saindo na frente, colocando dinheiro no negócio”, afirma o sócio Ildemário Faria.