O Indicador de Confiança dos micro e pequenos empresários dos segmentos do varejo e de serviços calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) avançou 20,7% na comparação entre julho e o mesmo mês do ano anterior, passando de 37,06 pontos para 44,72 pontos, atingindo o maior patamar em 15 meses de série histórica. Na comparação com junho, quando o indicador estava em 42,93 pontos, o crescimento foi de 4,2%.
Apesar da melhora no indicador registrada nas variações anual e mensal, a maior parte dos entrevistados ainda avalia que as condições gerais da economia e de seus negócios pioraram no último semestre, uma vez que segue abaixo do nível neutro de 50 pontos. A escala do indicador varia de zero a 100 – acima de 50 pontos mostra otimismo e abaixo mostra pessimismo.
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, chama a atenção que mesmo com o cenário econômico deteriorado dos últimos meses, para a maioria dos micro e pequenos empresários as perspectivas para os próximos meses continuam a melhorar. “A proporção dos que se dizem confiantes com a economia subiu, ao passo que a proporção dos que se dizem pessimistas caiu. O fenômeno repete-se, com intensidade ainda maior, quando analisamos as perspectivas para o futuro dos próprios negócios. Mais da metade dos empresários diz estar confiante com o desempenho futuro de sua empresa”, analisa o presidente.
Segundo Pinheiro, a consolidação dessa tendência dependerá de sinalizações da equipe econômica do governo interino que, para além da agenda restritiva do ajuste, precisará acenar com uma agenda positiva capaz de destravar investimentos. “Medidas que reduzam a burocracia, facilitem o acesso ao crédito e estimulem o empreendedorismo são cruciais para o desenvolvimento das pequenas empresas”, afirma.
Caminhando para o terceiro ano consecutivo sem crescimento da economia brasileira, os micro e pequenos empresários têm clara percepção de que as condições econômicas se deterioraram, mas já veem sinais de recuperação nos próximos meses. “Com a expectativa de resolução da crise política, a retomada da agenda econômica e os primeiros indicadores de estabilização da economia, deve haver a retomada da confiança dos empresários”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
O Indicador de Confiança é composto pelo Indicador de Condições Gerais e pelo Indicador de Expectativas. Por meio das condições gerais, busca-se medir a percepção dos micro e pequenos varejistas e empresários de serviços sobre os últimos seis meses. Já por meio das expectativas, o indicador busca medir o que se espera para os próximos seis meses.
MPE demonstra mais pessimismo com economia do que com os negócios
O Indicador de Condições Gerais, que avalia a percepção do micro e pequeno empresariado sobre o desempenho de suas empresas e da economia brasileira nos últimos seis meses, avançou de 21,32 pontos para 25,53 na comparação entre julho e o mesmo mês do ano anterior. O resultado, porém, segue abaixo do nível neutro de 50 pontos, o que indica que para a maior parte dos entrevistados a economia piorou ao longo dos últimos seis meses. Esse indicador avalia a percepção do micro e pequeno empresário em duas dimensões: a dos negócios e da economia. A avaliação sobre os últimos meses da economia pontuou 22,82 pontos, enquanto a avaliação sobre os últimos meses dos negócios pontuou 28,24 pontos.
Em termos percentuais, 77,7% consideram que a economia piorou nos últimos seis meses. Embora elevada, esta é a menor proporção observada desde o início da sondagem. Apenas 6,4% consideram ter havido melhora. Em relação aos seus negócios, a proporção dos que relatam piora é ligeiramente menor (66,7%), enquanto a proporção dos que relatam melhora, um pouco maior (7,5%).
Desde o início da série histórica, os micro e pequenos empresários demonstram mais pessimismo com a economia do que com os negócios. Em julho, para aqueles que consideram ter havido piora dos negócios, a crise é o principal motivo das dificuldades: 81,6% dizem que por sua causa as vendas diminuíram. Outros 7,3% mencionam o aumento do preço dos insumos e da matéria-prima sem que pudessem repassar para o consumidor.
Expectativas avançam 21% em relação ao ano passado
Segundo o indicador, os micro e pequenos empresários do varejo e serviços melhoraram suas expectativas para os próximos seis meses. Em julho, o indicador marcou 59,11 pontos, alta de 20,9% com relação ao mesmo mês do ano passado, quando marcava 48,87. Na comparação mensal, as expectativas para a economia passaram de 54,78 pontos, em junho, para 56,07 pontos, em julho. Com essa alta, o indicador manteve-se acima da marca neutra de 50 pontos, indicando que a maior parte desses empresários espera que a economia melhore nos próximos meses. O mesmo foi observado nas expectativas para os negócios, que atingiram 62,16 pontos.
Em termos percentuais, 42,5% manifestam confiança para os próximos seis meses em relação ao desempenho da economia e 21,5% manifestam pessimismo. Entre os confiantes com a economia, a percepção de que a crise política será resolvida foi a principal razão para justificar o otimismo (42,4%). Outros 28,5%, apenas sentem que as coisas irão acontecer e 15,6% afirmam que a inflação será controlada e que o país retomará o crescimento. Porém, a crise política aparece como razão tanto para o otimismo quanto para o pessimismo: seis em cada dez MPEs (59,3%) que se dizem pessimistas com a trajetória da economia brasileira atribuem essa percepção ao fato de que a crise política não será resolvida. Outros 14,5% dizem acreditar que crise econômica seja grave e que por isso estão pessimistas.
Já sobre o cenário dos seus negócios, o percentual de otimistas passa para 53,5% e o de pessimistas para 13,9%. Entre os otimistas, quatro em cada dez micro e pequenos empresários (41,4%) justificam-se dizendo que seu negócio vai se recuperar com a queda da inflação e aumento do emprego; 26,9% diz que tem o sentimento de que as coisas irão melhorar, 14,3% garantem que estão investindo no negócio para enfrentar a crise e por isso estão confiantes e 9,1% dizem estar fazendo uma gestão profissional do negócio e acreditam que isso ajudará. Já entre os que manifestam pessimismo com seu negócio, 62,2% justificam-se dizendo que a economia não vai se recuperar, com aumento da inflação e queda do emprego. Outros 22,5% dizem que seu negócio foi afetado demais e não tem como se recuperar.