Erros de refração, como miopia, astigmatismo e hipermetropia, ainda são a principal causa de deficiência visual entre crianças com idade escolar, no Brasil. O mais recente levantamento do Ministério da Saúde, sobre diretrizes na saúde ocular na infância, aponta que são cerca de 13 milhões de crianças, entre 5 e 15 anos, com erros refracionais não corrigidos, o que interfere em seu desempenho. “A deficiência visual incide negativamente no aprendizado na escola, na inserção social e mesmo na autoestima dos pequenos. Os pais podem aproveitar as férias para agendar uma revisão oftalmológica, especialmente se tiverem alguma suspeita em relação à visão dos filhos”, recomenda a oftalmopediatra do Instituto de Olhos do Recife (IOR), Priscila Andrade.
Segundo a especialista, são sinais de alerta se a criança aproximar o rosto demais das telas de aparelhos eletrônicos, apertar os olhos para conseguir enxergar melhor, trocar letras parecidas, se queixar de tontura ou dor de cabeça, ficar sonolenta, coçar os olhos constantemente, lacrimejar ou tiver diminuído o rendimento na escola. “Diante desses comportamentos, os pais devem procurar um oftalmopediatra, inclusive, porque na maioria das vezes as crianças não reclamam de nada”, orienta a médica.
Com base em dados da Agência Internacional de Prevenção à Cegueira, é possível estimar que no Brasil há 26 mil crianças cegas por doenças oculares que poderiam ter sido evitadas ou controladas precocemente. A melhor estratégia é, portanto, prevenir, diagnosticar e tratar a queixa ocular logo no seu início, pois quanto mais cedo a detecção do problema, maior a possibilidade de correção e tratamento. “Até os 6 anos é recomendado levar a criança ao oftalmologista, ao menos uma vez por ano. Mas, dependendo do caso, ela deve ir ao consultório com maior frequência”, indica a doutora Priscila.
ESTRABISMO – Outro problema bastante diagnosticado na infância é o estrabismo que, se não tratado adequadamente e no tempo certo, pode ser uma das principais causas de cegueira monocular. A condição pode surgir nos primeiros meses de vida ou em crianças maiores, por diferentes razões. “É uma alteração que gera um desalinhamento dos olhos, podendo ser de origem genética, estar relacionada à problema neurológico, síndromes, graus elevados, ou até mesmo ser de etiologia desconhecida”, explica a oftalmopediatra.
O sintoma mais frequente é o olho desviado, mas também pode se apresentar de forma intermitente, podendo gerar tontura ou até visão dupla. “Ao perceberem algum estrabismo, os pais devem levar a criança ao oftalmopediatra, para confirmar ou não a suspeita. Se confirmado, o tratamento precoce é essencial para reduzir os danos visuais decorrentes do problema”, esclarece.