“É possível que até o final do ano o comércio local recupere parte das perdas acumuladas” – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

“É possível que até o final do ano o comércio local recupere parte das perdas acumuladas”

Bernardo Peixoto, presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac-PE analisa a retomada dos setores do comércio, de serviços e do turismo, após o impacto da pandemia. Também avalia a influência do cenário de inflação e juros altos e as perspectivas do setor hoteleiro em Serinhaém, onde o Sesc vai inaugurar um hotel ainda este ano.

Durante a pandemia, grandes transformações foram observadas no varejo, nos serviços e no turismo. Alguma delas, como o crescimento das vendas pelo e-commerce, vieram para ficar, segundo análise de Bernardo Peixoto, presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/ Senac-PE. Outras mudanças, antes percebidas como tendências, não permaneceram neste período em que a Covid-19 arrefeceu. É o caso da adesão dos consumidores ao chamado varejo de proximidade, também conhecido como comércio de bairro. “Com o aumento generalizado de preços, quem ganha mais força são os atacarejos e outlets”, afirma Bernardo Peixoto que, diante do cenário de desemprego, inflação e juros altos, acredita na recuperação parcial, ainda este ano, das perdas do comércio acumuladas em 2022.

Nesta entrevista a Cláudia Santos, o presidente da Fecomércio também abordou a retomada dos serviços – especialmente em razão do retorno das atividades turísticas, educacionais e de shows e eventos. No turismo, inclusive, a expectativa é a inauguração, este ano, do Hotel do Sesc na praia de Gauadalupe, em Sirinhaém, empreendimento que, segundo Bernardo Peixoto, deverá atrair novos investimentos à região.

O e-commerce cresceu muito na pandemia. Ele veio para ficar ou apresentou uma retração neste momento? A logística é um gargalo?

O e-commerce, no Brasil, já apresentava uma tendência de expansão antes da pandemia mas em um ritmo que ainda era muito lento em relação aos padrões mundiais, sobretudo quando comparado a parceiros comerciais importantes do Brasil, como Estados Unidos e China. A paralisação das atividades presenciais, durante a crise sanitária, acabou contribuindo para que a presença dos consumidores na internet acelerasse para um padrão que se esperava apenas no final da década.

Considerando esse avanço recente, é possível dizer que sim, o comércio eletrônico vai persistir após a pandemia. O Brasil é um mercado promissor para pequenos e grandes players do e-commerce. Em Pernambuco também temos essa visão e o Estado, por sua posição privilegiada, atrai operações de logística de grandes empresas do segmento.

O segundo semestre costuma apresentar um aumento nas vendas no varejo. Isso vai se repetir este ano ou a inflação e a taxa de juros podem ser impeditivos para a retomada mais sustentável?

Realmente, sempre há a expectativa de que o segundo semestre seja mais aquecido e que ajude a superar eventuais dificuldades, em termos de vendas, do início do ano. Mas, o que já se observa, desde 2018, é um resultado muito baixo das vendas do varejo no Estado, mesmo com o aquecimento das vendas no segundo semestre. O fato é que o desempenho do mercado de trabalho local já não contribuía e a conjuntura econômica nacional, com inflação, aceleração e aumento dos juros, coloca mais um peso sobre o poder de compra das famílias pernambucanas. O reflexo disso vê-se nas pesquisas sobre o varejo: segundo o IBGE, as vendas no Estado acumulam queda de 5,3% até julho, comparado ao ano anterior e, em julho de 2021, esse resultado era positivo em 10,2%. Ainda assim, é possível que até o final do ano o comércio local recupere parte das perdas acumuladas até então, uma vez que o mercado de trabalho formal vem com bom desempenho desde maio.

Quais as perspectivas dos shoppings e do comércio de rua?

Os shoppings centers têm ganhado cada vez mais adeptos no momento das compras, em diversas classes de renda. Isso porque o consumidor tem reconhecido a vantagem de poder realizar compras em ambiente controlado, com segurança, onde podem aproveitar o momento das compras para também acessar algum serviço. Esses fatores têm impulsionado o gasto nos shoppings depois da reabertura das atividades. Para se ter uma ideia, segundo a Associação Brasileira de Shopping Centers, as vendas nos shoppings cresceram 38%, no segundo trimestre, em relação ao mesmo período de 2021, e 4,3% em relação ao mesmo período de 2019. A possibilidade de pesquisar os preços com mais comodidade, sem grandes deslocamentos, é outro fator que pode influenciar no comportamento do consumidor. O comércio de rua ainda tem atratividade mas é fato que ele vai dividir cada vez mais espaço na preferência dos consumidores, nos próximos anos, com a concorrência dos shoppings centers e do e-commerce.

A pandemia estimulou o consumidor a comprar no comércio de bairro, próximo à residência?

Antes da pandemia, os estabelecimentos no comércio de bairro, o chamado varejo de proximidade, já era uma tendência crescente. A pandemia ajudou por um tempo a segurar a demanda para esse formato de negócios, sobretudo no segmento de gêneros alimentícios. Mas, atualmente, com o aumento generalizado de preços, quem ganha mais força são os atacarejos e outlets. Nesses espaços, o consumidor enxerga uma oportunidade de continuar consumindo alguns itens por um preço abaixo da média do mercado.

Leia a entrevista completa na edição 198.5: assine.algomais.com

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