(Da Fecomércio-PE)
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela CNC, em fevereiro de 2023, 84% das famílias pernambucanas tinham o orçamento comprometido com dívidas. Em números absolutos, 438.366 famílias estavam endividadas no estado, um aumento de 1,29% em comparação com o mês de janeiro de 2023 e de 4,75% em relação a fevereiro do ano passado.
A PEIC/CNC considera que o endividamento das famílias se refere a contas ou despesas contraídas com cartão de crédito, cheques pré-datados, carnês de lojas, empréstimo pessoal, compra de imóveis e prestações de carros e seguros. Na pesquisa, as estimativas também diferenciam dois grupos de renda: famílias cuja renda é de até 10 salários-mínimos e famílias com renda superior a esse patamar.
84% das famílias pernambucanas tinham o orçamento comprometido com dívidas.
Gráfico 1: Endividamento em Pernambuco.
Fonte: PEIC/CNC, elaboração: Fecomércio-PE.
Entre as famílias que recebem até 10 salários-mínimos, o índice de endividamento foi de 84,1%. Já entre as famílias que ganham acima desse valor, 82,6% estavam comprometidas com dívidas.
A PEIC estima que 62,6% das famílias pernambucanas com até 10 salários-mínimos comprometiam entre 11% a 50% da renda com dívidas, situação em que também se registram 57,2% das famílias com renda acima de 10 salários mínimos.
Considerando o recorte de renda de até 10 salários-mínimos, 89,7% das famílias possuíam dívidas com cartão de crédito, 29,7% das famílias com carnês e 6,8% das famílias com cheque especial. Entre as famílias com renda acima de 10 salários-mínimos, as principais dívidas foram com o cartão de crédito (96,7% das famílias), financiamento de carro (23,9%) e carnês (22,8%).
Cartão de crédito, Carnês e Financiamentos de carro são os principais tipos de dívidas.
Tabela 1: Principais tipos de dívidas.
Tipo de dívida | Até 10 sm | Mais de 10 sm |
Cartão de Crédito | 89,7% | 96,7% |
Carnês | 29,7% | 22,8% |
Financiamento de carro | 3,5% | 23,9% |
Cheque especial | 6,8% | 2,2% |
Fonte: PEIC/CNC, elaboração: Fecomércio-PE.
A PEIC/CNC define, ainda, que a potencial inadimplência é a expectativa dos devedores de não pagarem suas dívidas no mês subsequente ao levantamento. Já o atraso no pagamento (inadimplência) é o ato de não cumprir os compromissos feitos com o endividamento.
Ao ocorrer inadimplência, tende a haver uma desaceleração do consumo, que onera, principalmente, pequenas empresas do setor de comércio e serviços. Além disso, o risco de emprestar dinheiro aumenta para os credores, levando a uma potencial elevação na taxa de juros do crédito. Paralelamente, danos de saúde, como depressão e ansiedade, já foram associados a pessoas em situação de inadimplência, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Em Pernambuco, 40,1% das famílias com até 10 salários-mínimos possuem dívida em atraso, enquanto apenas 8,3% das famílias com mais de 10 salários-mínimos possuem dívida atrasada.
Dentre as famílias com atraso, 52,8% com até 10 salários-mínimos não terão condições de pagar a dívida no próximo mês, enquanto 40% das famílias com mais de 10 salários-mínimos terão condições de pagar suas dívidas parcialmente.
Em geral, o tempo médio de comprometimento do orçamento familiar com dívidas, em Pernambuco, é de 32 semanas – cerca de 8 meses. 33,7% das famílias com até 10 salários-mínimos estão comprometidas com dívidas entre 3 e 6 meses, enquanto 43,3% das famílias com até 10 salários-mínimos estão comprometidas com dívidas por mais de 1 ano. O tempo médio de atraso, em Pernambuco, é de 64 dias, enquanto no Brasil, o tempo médio de atraso é de 63 dias. Entre aqueles que recebem até 10 salários-mínimos, 47,4% têm um tempo de atraso acima de 90 dias, participação similar àquela das famílias com renda mais elevada (46,7%).
O tempo de atraso médio em Pernambuco é de 64 dias.
Gráfico 2: Tempo de atraso das famílias totais.
Fonte: PEIC/CNC, elaboração Fecomércio.
Os dados da PEIC indicam que as famílias de menor renda relativa são as mais afetadas por dívidas. Esse quadro, que guarda relações com as desigualdades de renda, pode ocasionar menor consumo e menor investimento, afetando negativamente a economia estadual. Para evitar essa situação e contribuir com o crescimento econômico do comércio e serviços em Pernambuco, é importante adotar medidas de mitigação de atrasos no pagamento de dívidas, reduzindo o índice de inadimplência.