A fisioterapia tem recorrido a inovações tecnológicas para tratar pacientes com incontinência urinária. E o melhor, de forma lúdica, pois as técnicas foram associadas a games e podem ser empregadas nos casos de incontinência de esforço, de urgência e mista. Os nomes dos tratamentos são um tanto complicados – estimulação elétrica com corrente bifásica e biofeedback – mas o funcionamento é fácil de entender.
O objetivo é fazer a mulher ter consciência dos músculos usados no controle da micção. Pode parecer estranho, mas a maioria das pessoas não consegue contraí-los. “Colocamos eletrodos na vagina que emitem pulsos elétricos, indicando a região em que se deve fazer a contração muscular”, relata Silvana Uchôa, fisioterapeuta técnica responsável da Clínica Confie e professora da Unicap.
Ao mesmo tempo, um computador exibe gráficos que mostram por quanto tempo a paciente consegue manter o músculo contraído. “A técnica melhora a consciência do assoalho pélvico e sua contração muscular, aumentando o tônus e a força”, assegura a fisioterapeuta. A chamada gameterapia também pode fazer parte da terapia. Mulheres com incontinência de esforço, por exemplo, realizam contração com os eletrodos e jogam games com kinect (tecnologia que permite jogar com os movimentos do corpo). O jogo pode ser uma simulação de uma partida de tênis. “Ela vai treinar a contração enquanto faz a atividade até o momento em que conseguir automatizar os dois movimentos”, esclarece Silvana.
O tratamento compreende 10 a 30 sessões da fisioterapia, sendo duas por semana. Depois deve haver a manutenção anual. “Muitas pacientes continuam assintomáticos há mais de cinco anos”, informa Silvana, que também destaca uma melhora no prazer sexual.
Outras alternativas
Já a terapia comportamental é indicada principalmente para os casos de incontinência de urgência e mista. “Recomendamos urinar a cada três horas, evitando que a bexiga fique cheia, reduzindo a pressão do esfincter. Também orientamos reduzir a quantidade de ingestão de líquido quando a paciente vai viajar”, informa Dimas Antunes. Evitar refrigerantes à base de cola, café, tabagismo e obesidade e tratar a constipação são outras medidas necessárias. “Deve-se investigar, ainda, a existência de infecção urinária que pode favorecer à incontinência”, acrescenta o médico.
Se as medidas não funcionarem nos casos de bexiga hiperativa recorre-se a medicamentos. Se os remédios falharem, o especialista pode indicar a aplicação de botox na bexiga, que a torna menos contraída. Mas deve ser reaplicado periodicamente. Há ainda a técnica que introduz um dispositivo chamado neuromodulador sacral. É uma espécie de marca-passo, ao ser implantado na raiz nervosa da bexiga emite pulsos elétricos, que estimulam o nervo a inibir as contrações que provocam a micção.
Para os casos mais graves de incontinência por esforço, indica-se a cirurgia, cuja taxa de sucesso, segundo Antunes é alta. “Varia de 80% a 90%”.