Por Tiago Lima Carvalho
A Argentina surpreendeu o mundo ao eleger Javier Milei como seu novo presidente, um candidato que se define como ultraliberal e antiestatista e que propõe uma mudança radical na política e na economia do país.
A sua vitória tem consequências importantes para a América Latina, que enfrenta um novo cenário político, económico e social. Por um lado, Milei representa uma ruptura com as tendências populistas e socialistas que marcaram a história recente da região e que geraram crises e conflitos em vários países. Milei se inspira em líderes como Bolsonaro, Trump e Reagan, e se opõe aos governos de Maduro, Morales e Correa. Por outro lado, Milei propõe uma revisão das alianças e blocos regionais e questiona a adesão da Argentina ao Mercosul, principal acordo comercial da América do Sul. Milei critica o protecionismo e o intervencionismo que caracterizam o Mercosul e defende o livre comércio e a abertura econômica com países como Estados Unidos, Chile e Israel.
Por fim, Milei gera expectativas e dúvidas nos mercados financeiros, e propõe uma medida polêmica: dolarizar a economia e eliminar o Banco Central. Milei afirma que esta medida poria fim à inflação e à corrupção, mas também implica um risco de hiperdeflação e de perda de soberania monetária. Além disso, Milei anuncia a intenção de renegociar a dívida externa e rever os acordos com o FMI. Estas são algumas das consequências que a eleição de Javier Milei como presidente da Argentina para a América Latina poderia ter, mas teremos que ver como se desenvolve a sua administração e como outros países reagem ao seu mandato.
Tiago Lima Carvalho é Bacharel em relações internacionais, Especialista em Direito internacional e Pesquisador em ParaDiplomacia