Por Rafael Coutinho Dutra
Nos últimos anos, os aspectos sociais, ambientais e de governança (ESG) ganham protagonismo nas decisões empresariais. Esse movimento é essencial para a sustentação de empresas que desejam um futuro sustentável e comprometido com as pessoas, com o planeta e com práticas conectadas aos desafios dos novos tempos.
O termo ESG é jovem, surgiu há vinte anos, em 2004, em um material publicado pelo Banco Mundial em parceria com o Pacto Global das Nações Unidas (ONU) e instituições financeiras de nove países. O material tinha como direcionador a ideia que já está consolidada: “ganha quem se importa”.
Essa revolução da sustentabilidade, e todos os outros aspectos ESG, destacaram-se, ainda mais, após a criação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos pela ONU em 2015.
Os ODS são um conjunto de 17 metas prioritárias e 169 metas de alcance global para que “ninguém no mundo seja deixado para trás”. Esse conceito e o conjunto de ações que compõem a Agenda 2030 são compromissos ligados aos direitos humanos, erradicação da pobreza, luta contra a desigualdade e a injustiça.
Não podemos deixar de destacar a importância da igualdade de gênero, o empoderamento das mulheres, as ações contra as mudanças climáticas e a promoção do crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, assim como o emprego pleno e produtivo.
Para um futuro que já se fez presente, o trabalho decente para todos, a construção de infraestruturas resilientes, com a promoção da industrialização sustentável, e o fomento à inovação, precisam ocupar o topo dessa lista.
Os ODS têm servido como um guia para as empresas que buscam integrar os aspectos ESG em suas operações e decisões. As organizações que adotam práticas ESG estão mais bem posicionadas para prosperar no futuro, demonstrando alinhamento com as principais tendências globais de gestão e de práticas. Uma consequência direta é a construção da reputação de sustentabilidade e responsabilidade, agora no presente, como um ativo importante. O hoje e o amanhã pautados pelos ODS.
Consultorias de todo o planeta direcionam pesquisas para mapear como os empresários pensam o futuro dos seus negócios a partir das práticas de ESG. Em Pernambuco e no Brasil, proliferam cursos, workshops, palestras, reportagens especiais e eventos de grandes impactos.
Os tomadores de decisões, que ocupam o topo da pirâmide empresarial, trilham um caminho ao transformar as ideias em ações, demonstrando que podem viver em equilíbrio permanente com o meio ambiente e com as pessoas. O maior retorno é que haverá chance de futuro para o planeta, o consumidor continuará a comprar e as empresas continuam produzindo sem comprometer seus resultados.
Por isso, o motivo da paixão sobre esse assunto. Vamos, agora, prestar atenção a algumas tendências que podem se destacar dentro da imensidão de temas que recobrem o ESG, com foco na equidade, sustentabilidade e redução de emissões. >>
1. Equidade e inclusão
A preocupação crescente com o envolvimento das mulheres no ambiente empresarial, de pessoas negras e profissionais com mais de 50 anos pautará o debate e as estratégias em 2024. As empresas que adotarem práticas de equidade e inclusão estarão mais bem posicionadas para atrair e reter talentos, além de atender às demandas de um mercado cada vez mais diverso.
2. Agenda das micro, pequenas e médias para a sustentabilidade
As micro, pequenas e médias empresas, que juntas geram um grande impacto na economia brasileira, também devem se preocupar com a adoção de práticas sustentáveis e conexão com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
3. Redução de emissões de gases na origem
A redução de emissões de gases do efeito estufa é outra tendência discutida já há uns anos e torna-se ponto crucial. As empresas devem focar nessa redução na fonte. Ou seja, na adoção de medidas para evitar a emissão de gases.
4. Inovação com foco sustentável
A inovação é essencial para o sucesso das empresas e elas devem investir em pesquisas e desenvolvimento para criar produtos e serviços alinhados com os ODS. Haverá uma maior preocupação com embalagens retornáveis que permitam e o uso de materiais biodegradáveis.
5. Economia digital
A digitalização de operações e o uso de tecnologias que permitem o reúso de água com o controle em tempo real do que está sendo consumido são exemplos desse movimento que não para. Além disso, o desenvolvimento também de aplicativos voltados para as questões ambientais.
Empresários, atenção!
Algumas estratégias são montadas considerando o cliente como centro do negócio, mas esses clientes compõem um grande ecossistema e são impactados de todas as formas pelos negócios que as empresas desenvolvem. No entanto, agora quem deve ficar no centro de qualquer negócio é o meio ambiente. A empresa deve ser fiel às suas ações e às suas palavras, e deve ser fiel ao que se propõe.
Em 2024, as tendências ESG podem ser influenciadas por diversos fatores, como as demandas da sociedade, a cultura de um local, suas especificidades, a evolução tecnológica, a mídia e o entretenimento, as escolhas realizadas pelos consumidores e o comportamento dos influenciadores e líderes de opinião.
No entanto, haverá, em 2024, de forma geral, uma divulgação (e a preocupação legítima) ainda mais acelerada com as premissas discutidas aqui, relacionadas nos ODS. Portanto, empresários, fiquem atentos às tendências de ESG para 2024 e comecem a agir agora!
*Rafael Coutinho Dutra é professor de graduação e pós-gradução e Mestre em gestão empresarial (omestreemgestao@gmail.com | Instagram: @omestreemgestão)