No Painel Mensal da Agenda TGI, o consultor Francisco Cunha revisou os dados econômicos do País e comentou sobre as principais tensões do mundo que preocupam o cenário local. Ele destacou que o Brasil foi um dos países que mais cresceu no mundo no primeiro trimestre do ano (0,8%), ultrapassando recentemente o PIB da Itália, tornando-se o 8º maior do mundo. No entanto, Cunha apontou preocupações significativas, como a inflação dos alimentos, exacerbada pela calamidade vivida no Rio Grande do Sul, e o delicado equilíbrio fiscal. Apesar do crescimento econômico, a percepção da qualidade de vida entre os brasileiros continua negativa.
A reforma tributária surge como uma esperança em meio à complexidade da situação fiscal brasileira. Enquanto outros entraves parecem ser mais conjunturais, “o déficit fiscal é o maior desafio do País no médio e longo prazo”.
Apesar das limitações do arcabouço fiscal e do risco de aumento de carga que ele representa, Francisco avaliou que essa reforma promete organizar o que ele chama de “manicômio tributário”, trazendo uma nova ordem ao sistema fiscal do país. Entretanto, o arcabouço fiscal aprovado se concentra no aumento da receita através da tributação de setores específicos, sem abordar a redução de gastos, o que pode limitar seu impacto positivo. Curiosamente, essa mudança no Marco Legal absolutamente necessária passa em um momento muito improvável, em que o governo tem minoria no congresso nacional e muita dificuldade de aprovar pautas estratégicas na Câmara Federal e no Senado.
Impactos Políticos e Climáticos
O consultor pondera que a situação internacional continua complicada e sem sinais de resolução pacífica nas principais disputas bélicas. Economicamente, tanto o Brasil quanto os Estados Unidos tendem à estabilidade, mas a percepção pública não acompanha essa tendência.
No cenário político, o consultor observou um avanço significativo da extrema direita na Europa, enquanto verdes, esquerda e centro perderam cadeiras no Parlamento Europeu, provocando abalos na política do continente. Nos Estados Unidos, a condenação de Donald Trump deve aumentar a polarização, transformando a confusão em um aumento de arrecadação para sua campanha. No Brasil, os extremos da política se refletem nas dificuldades para enfrentar problemas substantivos, agravados pela crescente frequência de eventos climáticos extremos, como a recente catástrofe no Rio Grande do Sul. A agenda conservadora avança na Europa, EUA e Brasil, criando obstáculos para enfrentar problemas significativos, principalmente no Brasil.
No campo tecnológico, a introdução da IA está acelerando a disrupção, especialmente na proliferação de fake news, que promete um impacto tremendo nas próximas eleições brasileiras.
Crise ambiental cada vez mais presente
As mudanças climáticas são uma preocupação crescente, com eventos extremos se tornando mais comuns, como evidenciado pela recente catástrofe no Rio Grande do Sul. Apesar de o Recife ser uma das cidades mais vulneráveis ao aumento do nível do mar, passos importantes já foram dados para enfrentar esse desafio, embora o problema ainda enfrente resistência dos negacionistas ao redor do mundo.
A seca no nordeste brasileiro é uma preocupação crescente, com 55% do agreste nordestino se transformando em semiárido, períodos de estiagem mais longos e o avanço do semiárido em direção ao litoral. Ele destacou que eventos extremos estão se tornando mais frequentes, refletindo a urgência de medidas para mitigar os impactos das mudanças climáticas.
Sobre o Recife, o consultor destacou mais uma vez a série de projetos em andamento para preparar a cidade para as mudanças climáticas e também para recosturar o fragmentado território do município. O Parque Capibaribe, o Recife Cidade Parque e o Recife 500 anos são algumas das frentes que atuam na transição para a construção de um tecido urbano mais resiliente.
A cada mês, Francisco Cunha destaca e comenta no Painel Mensagem da Agenda TGI os principais assuntos do debate público, em um encontro digital exclusivo para os assinantes da Revista Algomais