Vencedor da versão 2017 do Festival Convivio (para diversas formas de expressão artística), na Itália, com o Premio Assoluto: o livro pernambucano A menina do olho verde, de Patrícia Tenório é tema do comentário de hoje.
Uma onda de ternura é o que nos envolve ao ler este A menina do olho verde, livro de Patrícia Tenório – edição do autor, cujo conteúdo, em tom de fábula, mostra a história de Manoela uma menina que impressiona pela cor dos olhos. Os acontecimentos são narrados pelo fio condutor da singeleza de um texto que, embora nem sempre mantenha apego às filigranas das técnicas ficcionais, é mais que tudo cativante.
A escrita de Patrícia é cálida, prenhe de ternura, surpreendente ao revelar pecados adultos de um mandatário concentrador das circunstâncias e das gentes, e do preconceito visto na aura de uma senhora de caridade.
Na narrativa transpira beleza, especialmente nos cenários naturais que ela compõe e que predominam na ambiência das cenas; contemplando gorjeios de pássaros, zumbidos de abelhas e aroma de flores. No entanto, o texto ganha fôlego quando Manoela caminha pelas alamedas do encantado e do maravilhoso. Ali contracena com animais que falam, água de um rio que surge ao seu desejo e que sussurram melodias regidas por um maestro imaginário, que flutua numa simbiose de água e sons, cena plasticamente soberba.
Patrícia Tenório compõe outras cenas de refinada beleza estética, quando mostra Manoela na fonte de um oásis ou ainda a do personagem Pedro colhendo no eco de um grito pedaços escritos de seu nome.
O livro é especial em conteúdo e estética, editado em capa dura, guarda cortinas e demais detalhes de esmerado bom gosto. A menina do olho verde é para se ler e guardar.
*Paulo Caldas é escritor