A marca é Amazônia Frutos do Brasil, mas a empresa é de Caruaru. O produto é tipicamente brasileiro, mas o mercado externo é um grande consumidor. E mesmo enquanto os dias são de crise e recessão para o País, os números que estão nas planilhas do CEO Adilson Caetano da Silva são positivos. Em 2015, seu faturamento registrou 30% de crescimento. Em 2016, a margem foi menor, mas teve nova elevação de 5%, alcançando a marca dos R$ 40 milhões no ano.
A oportunidade de negócio na Amazônia cruzou no caminho do empresário caruaruense quando ele foi trabalhar numa empresa de produção de cosméticos naturais em Manaus. Ao comercializar fitoterápicos e cosmecêuticos (um híbrido de cosméticos e produtos farmacêuticos, pois têm na sua composição elementos que comprovadamente trazem melhorias para a saúde e combatem doenças), ele se apaixonou pelos potenciais dos frutos do Norte e decidiu investir. “Fiquei impactado com algumas experiências que os índios têm com o uso de algumas substâncias na pele, como protetores solares naturais, que evitam rugas e até câncer de pele nessas populações”.
O objetivo inicial era investir em cosmecêuticos, mas como capital disponível era reduzido, ele abriu uma lanchonete de sucos energéticos de frutas do Norte, a Amazônia Mix, em 2002. Desbravador do mercado do açaí no Nordeste, Adilson viu sua pequena unidade crescer. No ano seguinte, a procura de investidores o levou a criar a primeira franquia do interior pernambucano, que hoje tem 63 unidades em operação. Mas a participação do franchising representa hoje no seu negócio apenas 12% do faturamento.
A empresa cresceu e adquiriu uma propriedade de mil hectares em Presidente Figueiredo, na Região Metropolitana de Manaus. Cem hectares são destinados à plantação apenas de açaí. Na fazenda existe ainda um viveiro de mudas de frutas amazônicas, desconhecidas da população brasileira. “Nosso maior patrimônio é o conhecimento de campo e dessa área. Eu me especializei em produtos dessa região e hoje muitos países são consumidores de frutas e frutos brasileiros”. Outros 800 hectares destinam-se a uma reserva ecológica particular.
As frutas colhidas são processadas em duas unidades industriais (uma está em Caruaru e outra em Castanhal, no Pará) para fabricação de produtos gelados comestíveis, como os cremes de açaí, cupuaçu, guaraná e de diversas outras frutas menos conhecidas, como o bacuri e o mangustão. No mix de produtos estão cremes, bombons gelados, poupas, xaropes, sobremesas geladas, e produtos naturais, como granolas e guaraná em pó.
“Nossa prioridade hoje é a exportação e a industrialização”, afirma. Esses dois braços movimentam hoje os demais 88% do faturamento da empresa. A soma da capacidade produtiva das duas fábricas é de 72 toneladas de produtos congelados por dia. Na forma de cremes, eles chegam em bares, hotéis, restaurantes, lanchonetes e supermercados. A empresa vende também tambores de 200 litros desses produtos como insumos para outras indústrias.
Atualmente 30% da produção da empresa atravessa o oceano para chegar principalmente no mercado europeu (a partir de Portugal, os produtos são distribuídos para 16 países) e nos Estados Unidos, principal cliente. “O açaí ganhou visibilidade no mercado mundial a partir do trabalho que os norte-americanos fazem com o produto para uso em cosméticos”, explica o CEO. O reconhecimento do açaí no exterior tem atraído a atenção das indústrias e consumidores para os demais produtos cultivados em terras amazônicas.
Para 2017, o objetivo do empresário é consolidar a marca como fornecedora de insumos. Até pouco tempo, era conhecida apenas pela franquia. “Por ter nascido do franchising, a marca Amazônia Frutos ficou ofuscada pela Amazônia Mix. Muita gente não sabe ainda que fornecemos insumos. Esse é um dos carros-chefes da empresa, que já fornece para outras franquias nacionais”. Um dos clientes é a rede de fast food Bob’s.
Após recente expansão da fábrica em Castanhal, uma das novidades para 2017 é a ampliação da unidade em Caruaru, com um investimento até o momento de R$ 2 milhões. “A fábrica foi crescendo nos últimos anos como uma árvore que vai produzindo os seus ramos e se adequando à geografia do lugar”. Oito terrenos foram adquiridos ao longo do tempo para atender às necessidades de expansão.
Para o futuro existem muitos projetos sendo semeados. Uma nova empresa de óleos essenciais – para o mercado de cosméticos e perfumaria – é a grande inovação do grupo Amazônia Frutos do Brasil a ser concretizada em breve. Das suas atuais fábricas, duas novidades chegarão às prateleiras: bebidas à base de frutas e chás terapêuticos. “Há essa demanda de mercado e já estamos desenvolvendo esses projetos. Existe um potencial imenso para as frutas brasileiras”. Na área de exportação a meta da empresa é de participar de mais feiras internacionais, para abrir novos mercados.
*Por Rafael Dantas, repórter da Revista Algomais (rafael@revistaalgomais.com.br)