Um dos destaques da fruticultura em Pernambuco atende pelo nome de Agrodan. Com bae no município de Belém do São Francisco, a empresa é especializada em mangas para exportação. No ano de 2020, com a alta do dólar e o crescimento das vendas do agronegócio, a empresa surfou nos ventos favoráveis e exportaçou 92% da sua produção em 2020. Além disso, no mercado interno, uma jogada de mestre transformou um segmento de frutas menores que eram descartadas em um produto de alto valor comercial.
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A pandemia criou dificuldades apenas nas primeiras semanas, no relato do empresário Paulo Dantas. Mas logo depois a demanda voltou a crescer. A maior parte segue para Europa em países como Holanda, Portugal, França, Espanha, Itália, Alemanha e Inglaterra. Um novo destino que entrou na rota da Agrodan é o mercado russo, que representou um desafio logístico a mais para a empresa pernambucana. “Foi um grande desafio para chegar à Rússia. Enquanto o transporte para Roterdã é de 11 dias, para a Rússia o tempo de viagem sobe para 25 a 30 dias. É preciso um contêiner especial, que usa uma atmosfera controlada. A manga fica hibernando, como se parasse de respirar, até chegar ao destino”, explica o empresário.
O presidente da empresa afirma que além da taxa de câmbio favorável, as dificuldades de safra de alguns concorrentes produtores de mangas fez subir a demanda das frutas pernambucanas e brasileiras, que tiveram um crescimento na ordem de 20% neste ano. “Com a taxa do Euro bem positiva para o segmento, a mais de R$ 5, nenhum exportador pode reclamar. O consumo de mangas está crescendo na Europa e com muito potencial ainda”, afirma. De acordo com o empresário, enquanto os brasileiros tem na sua dieta alimentar 6,5 kg de manga por ano e os norteamericanos uma média de 1,4 kg, o consumo per capta dos europeus é de apenas 0,5 kg por pessoa.
Uma ação estratégica da empresa que iniciou neste ano de olho no mercado brasileiro foi o lançamento da Manga Baby Turma da Mônica. O produto que já está presente nas prateleiras dos principais supermercados brasileiros antes era descartado por não atingir um tamanho "graúdo", típico das mangas vendidas pela marca. Para aproveitar as mangas de menor porte, mas com sabor ainda mais acentuado, a marca pernambucana fez uma parceria com a Maurício de Souza para alavancar o marketing do produto com o uso da marca Turma da Mônica. “Estamos trazendo uma manga que não era vendida, pois exigíamos um tamanho mínimo para levar ao mercado. Apostamos em deixá-las mais algumas semanas na planta para ficar mais saborosa e destinar ao público infantil. Para comercialização fizemos uma parceria com Maurício de Souza”.
Além do novo produto, Paulo afirma que a pandemia trouxe grandes lições que aumentaram a eficiência da empresa. Com a redução de custos, taxa de câmbio e o aumento de produção na ordem de 5% a 6%, a empresa aumentou sua taxa de lucratividade em 80%. Um legado de aprendizado que permanecerá na empresa no pós-coronavírus.
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*Por Rafael Dantas, jornalista e repórter da Revista Algomais. Ele assina as colunas Gente & Negócios e Pernambuco Antigamente (rafael@algomais.com | rafaeldantas.jornalista@gmail.com)