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Antes de viajar, consulte um médico

Claudia Santos

Vai viajar? Então, antes de fazer as malas, consulte um médico e faça um checape. Achou estranha a recomendação? Pois saiba que esse tipo de comportamento é recorrente em outros países e você e sua família só têm a ganhar prevenindo-se dessa forma. Já pensou, por exemplo, estar em pleno Caminho de Santiago de Compostela e sofrer uma lombalgia ou perceber que não tem resistência física para realizar a tão sonhada peregrinação?
A orientação de médicos às pessoas que viajam faz parte da chamada saúde do viajante, espécie de especialização da medicina, que já existe há cerca de 20 anos. “No Brasil desde 2000 temos um grupo de profissionais que está incluindo o tema em congressos e na saúde pública”, informa Sylvia Lemos Hinrichsen, infectologista e colunista da Algomais Saúde, que desde 2003 vem orientando no Recife pacientes que vão viajar.
O especialista em saúde do viajante elabora um laudo com orientações individualizadas a partir do roteiro a ser feito pelo paciente. “Tudo vai depender do tipo de viagem que será realizada: se o paciente vai mochilar, se vai ficar em camping ou em hotel 5 estrelas, se vai para um local com grande altitude, ou se vai mergulhar. Para cada um desses aspectos, há recomendações específicas”, explica Sylvia.
Também é levado em conta o perfil do viajante: sua idade, se pratica ou não atividade física, se tem limitações, se possui alguma doença, etc. Fazer uma bateria de exames é outra recomendação essencial. Muitas vezes, as pessoas nem têm conhecimento de serem portadoras de alguma doença, que pode se manifestar durante a viagem. “Hoje em dia, por exemplo, indivíduos jovens sofrem enfarte, porque não sabem que são cardiopatas ou que estavam com taxa de colesterol alto”, alerta a médica.
Fundamental também é conhecer a realidade e os costumes do país de destino. Por isso, o especialista em medicina do viajante estuda as condições de saúde do local a ser visitado para embasar seu esquema de prevenção. Isto é, pesquisa a “geografia das doenças” do país. Aos pacientes que vão para a Índia, por exemplo, Sylvia alerta para os cuidados nas visitas a algumas mesquitas, onde existem macacos circulando pelos templos. Há vários relatos de turistas que foram mordidos por esses animais, que são transmissores de diversas doenças.
Colocar a caderneta de vacinação em dia é outra atitude imprescindível para quem vai viajar principalmente para o exterior. Saiba mais sobre o assunto na página 34.
Antes de colocar o pé na estrada, abaixo ao lado orientações preciosas para manter-se saudável nas viagens.

Altitude
Pernambucanos que planejam passear em locais como os Alpes ou Machu Picchu devem passar uns dois dias num local de altitude intermediária antes de chegar ao destino. “Essa aclimação é importante para o organismo se acostumar ao ar com pouca concentração de oxigênio”, recomenda Rodrigo Pedrosa, cardiologista do Hospital Memorial São José.
A medida ajudar a prevenir os sintomas provocados pela mudança abrupta de altitude, como tontura, dor de cabeça, enjoo e apatia. Em casos de sintomas mais graves pode ocorrer até acúmulo de líquido no pulmão e infarte. Por isso, essas viagens são contraindicadas para quem tem doença cardíaca ou pulmonar grave.
Se você vai para as montanhas, evite atividades muito extenuantes nos primeiros dias que chegar ao destino. Beba muita água, evite bebida alcoólica (o efeito dela é potencializado em altitudes elevadas e você pode ficar ainda mais cansado) e alimentos pesados e gordurosos, porque “nas alturas” sua digestão ficará mais lenta.

Agenda TGI

Jet-lag
É o nome dado às alterações fisiológicas sentidas por pessoas que passam por uma rápida mudança no fuso horário. Os sintomas vão desde ansiedade, fadiga, dor de cabeça, irritabilidade, retardo no raciocínio até dor abdominal. Isso acontece porque temos um relógio biológico, que coordena as funções do organismo e é regido por um ritmo que se repete a cada 24 horas, o ciclo circadiano. Quando enfrentamos uma mudança de fuso ocorre uma dessincronia entre o relógio biológico e o ritmo imposto pelas novas condições externas. “Quanto maior a diferença de fuso, mais intensos são os sintomas. Mas em geral, dentro de 2 a 3 dias ocorre a adaptação”, tranquiliza o neurocirurgião do Hospital Jayme da Fonte Ronaldo Menezes.
Para amenizar os efeitos do jet-lag, antes de viajar, durma mais cedo, faça exercícios leves e beba bastante água, porque a pouca umidade da cabine do avião e o ar condicionado desidratam o corpo. A água também ajuda a eliminar algumas substâncias tóxicas que fazem o organismo ficar cansado. Quando chegar ao destino, se ainda for cedo, tente não dormir e não programe nenhuma atividade muito cansativa nos próximos dois dias, como fazer trilhas.
O medicamento melantonina vem sendo utilizado para a aliviar os sintomas. É um hormônio produzido pela glândula pineal que influi sobre o ritmo circadiano. Mas seus benefícios são controversos. “Alguns estudos apontam vantagens no seu uso e outros não mostram diferenças nos efeitos do jet-lag”, adverte Menezes, que orienta recorrer à substância apenas nos casos em que a adaptação ao novo fuso for difícil. “Não se deve fazer uso abusivo, nem profilaxia (prevenção)”, alerta.

Remédios
Se você vai passar as férias em outro país, não esqueça de fazer um seguro viagem correspondente ao período da estadia. Algumas agências de turismo auxiliam o turista a adquirir o seguro. Você também pode pesquisar as ofertas de seguradoras e bancos. Outra dica é que o Brasil mantém acordos internacionais com alguns países que permitem o atendimento de brasileiros nas redes públicas de saúde. Nesse caso você precisa adquirir o Certificado de Direito a Assistência Médica. Saiba mais no site: http://sna.saude.gov.br/cdam. Mesmo nesses casos não desconsidere a contratação de um seguro internacional de saúde particular.

Veja mais conteúdo no link na Algomais Saúde:  http://www.revistaalgomais.com.br/algomais-saude

Texto: Cláudia Santos  Foto: Juarez Ventura

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