Na quinta-feira, dia 28 de novembro, a partir das 18h, as artistas Tereza Costa Rêgo, Clara Moreira e Juliana Lapa inauguram a exposição Antes do Cio dos Gatos, na Galeria Amparo 60. Bruno Albertim, grande conhecedor do trabalho da veterana, assina a curadoria da mostra, propondo esse diálogo entre obras que trazem a força da subjetividade fêmea – própria da poética das três.
Aos 90 anos, Tereza Costa Rêgo reafirma seu vigor e apresenta sete obras inéditas que são postas em conversa com trabalhos de Clara Moreira e Juliana Lapa (que também fará uma performance na abertura da exposição). Todas as obras são figurativas, tendo a figura feminina como protagonista. As artistas também se juntaram, em Olinda, para produzir, juntas, uma foto representativa deste encontro e que foi transformada em cartaz.
Para a galerista, Lúcia Costa Santos, ter Tereza Costa Rêgo expondo na galeria pela primeira vez é um momento de celebração. “Não é de hoje que cultivo o desejo de trazê-la para a galeria. E agora surgiu essa oportunidade ímpar, que se tornou ainda mais especial com a possibilidade de colocá-la em conversa com os trabalhos de Clara e Juliana, artistas de outra geração, que já fazem parte do casting. Assim como Tereza, elas ancoram suas inquietações e poéticas nas questões do feminino”, explica Lúcia.
Criada e educada numa família tradicional e aristocrática pernambucana, a jovem Tereza só pôde pintar o seu primeiro nu, quando da morte de sua mãe, na década de 1980. Junto com a dor veio a libertação do peso do patriarcado. “Ao pintar esse primeiro nu, ao despir sua primeira personagem, Tereza está também se libertando da opressão de uma sociedade machista. Mas esse seu gesto não é individual, é um gesto coletivo, social, uma verdadeira afirmação da mulher num século de negações”, pontua o curador.
Foi esse o caminho, de libertação e de luta, que fez de Tereza Costa Rêgo essa referência para o modernismo brasileiro. Segundo Bruno Albertim, um modernismo próprio, saturado, com uma paleta de cores saturada, no qual o local e a cultura popular aparecem. Mas é a mulher sempre a grande protagonista das séries da artista.
Ao desnudar a si própria e a mulheres encarceradas ao longo de séculos de opressão, Tereza estava também abrindo caminhos na cena artística para que outras mulheres pudessem discutir em suas obras essa poética fêmea. É justamente nesse contexto que as obras de Clara Moreira e Juliana Lapa podem ser vistas como tributárias dessa trajetória. As duas têm pautado seus trabalhos nas questões do feminino. Assim como Tereza, são artistas que pintam com o corpo. “Elas trabalham as subjetividades fêmeas, que não são só individuais, são também dessa criatura fêmea social”, diz o curador.
Bruno Albertim coloca a nudez das mulheres de Tereza numa conversa com as mulheres desnudas de Juliana Lapa e Clara Moreira. Os trabalhos de Juliana Lapa trazem personagens que remetem à fecundidade das florestas, a ideia de um útero fecundo, de uma mulher vegetal, de mulheres que estão em processo de gestação de si, que estão na iminência de um gesto. Entre as obras, um trabalho inédito da artista, um desenho vulcânico que fala de mulheres em luta, de partida, de revolta, que traz à tona a força da natureza. Já as mulheres pássaras de Clara Moreira transitam entre o planejado e o inesperado, parecem estar sempre na imin ência do voo, do grito. “Para mim esse grande encontro dessas três grandes artistas desfaz alguns mitos. Um deles, o de que pintura é silêncio. Nas suas narrativas, trazem personagens na iminência do voo. Na gestação do grito”.
SERVIÇO:
ANTES DO CIO DOS GATOS –TEREZA COSTA RÊGO, CLARA MOREIRA E JULIANA LAPA
Curadoria: Bruno Albertim
Abertura 28 de novembro, a partir das 18h – Só para convidados
Visitação de 29 de novembro de 2019 a 25 de janeiro de 2020
Terça a sexta, das 10h às 19h.
Sábados com agendamento prévio.
Galeria Amparo 60 Califórnia
Rua Artur Muniz, 82. Primeiro andar, salas 13/14
Boa Viagem, Recife – PE
+55 81 3033.6060