Por Paulo Caldas*
Glauce Brennand já atravessou as fronteiras do ineditismo quando publicou Dorí e os micróbios (2013), livro editado pela CEPE. Em seguida integrou as coletâneas Todo amor vale a pena, em 2015, O dito pelo não dito, em 2016 e Insólitos, em 2017, editadas pelo selo Novo Cenário das Letras em Pernambuco-Edições Bagaço, escritos produzidos na Oficina Literária Paulo Caldas.
Com este Encruzilhada das lembranças, Glauce chega ao público leitor com um texto ungido ao modo dos alquimistas, dosada a mistura exata de sentimentos, emoções reveladas à ótica da autora e observadas nas contradições humanas do cotidiano: mistura do prazer doído, ansiedade serena, fidelidade traída, lucidez com loucura e o amor à família, livro cujo principal cenário é o tradicional bairro recifense da Encruzilhada.
Dona de uma escrita delicada, ela transpassa o doce viver da classe alta, divide o teor das narrativas com o amargo das carências suburbanas. Os protagonistas procuram espaços por vias paralelas, obedecendo às ordens da lógica, embora sob sua pena, deslizam com suavidade e rigor ao mesmo tempo.
Com elogiável sagacidade, consegue intervir na trama dos acontecidos e das opiniões sisudas, símiles e metáforas instrumentos que, sob medida, manejados com a necessária perícia, são de extrema valia na construção da estética desejada.
A autora possui mestrado e doutorado em Genética Bacteriana e Antibióticos, professora adjunta de Microbiologia e Imunologia do Centro de Ciências da Saúde (UFPE), busca compor crônicas e contos além de adequar textos científicos à linguagem acessível.
Impresso pela CEPE, o livro tem a diagramação de Bel Caldas e projeto de capa assinado por Luís Arrais.
*Paulo Caldas é escritor.