Apenas 16% dos brasileiros pouparam em fevereiro, o menor percentual em 15 meses - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Apenas 16% dos brasileiros pouparam em fevereiro, o menor percentual em 15 meses

Revista algomais

Apesar dos sinais mais claros de retomada da economia, terminar o mês com sobras de dinheiro ainda tem sido tarefa difícil para o consumidor brasileiro. Dados apurados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) aponta que na passagem de janeiro para fevereiro oscilou de 18% para 16% o percentual de consumidores brasileiros que conseguiram poupar parte da renda. Trata-se do percentual mais baixo da série histórica, que tem início em dezembro de 2016. Em fevereiro de 2018, a maioria (73%) dos consumidores não poupou qualquer quantia, enquanto 7% não souberam ou não quiserem responder. Em média, o valor poupado foi de R$ 498,81.

A dificuldade para poupar é baixa até mesmo entre os brasileiros de renda mais elevada. Considerando os consumidores que possuem rendimentos compatíveis às classes A e B, pouco mais de um terço (36%) conseguiu guardar dinheiro no mês de fevereiro. Nas classes C, D e E, o percentual de poupadores foi ainda menor, de apenas 11%.

Agenda TGI

“Ainda sob os efeitos da crise econômica, poucos brasileiros estão conseguindo formar uma poupança para imprevistos ou realizar um sonho de consumo. Além das dificuldades impostas pela crise, guardar dinheiro é um hábito pouco frequente do brasileiro, de modo geral e, nem sempre está relacionado ao tamanho da renda. Brasileiros que ganham menos têm menos margem para gerir o orçamento, mas pessoas com rendimentos altos, que não exercem um controle efetivo de seus gastos, também podem terminar o mês sem dinheiro”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.

Baixa renda é razão para 42% não pouparem; em fevereiro, 41% tiveram de sacar parte do dinheiro que têm guardado

Quando indagados sobre o motivo de não terem poupado, 42% justificam ter uma baixa renda, o que torna mais difícil ter sobras nos rendimentos. Dois em cada dez não-poupadores (20%) afirmam ter enfrentado alguma situação de imprevisto e 18% disseram não ter renda no momento. Os que admitem ter perdido o controle do orçamento com gastos excessivos em fevereiro somam 11% da amostra.

Para a economista Marcela Kawauti, pensar na reserva financeira apenas como uma sobra do orçamento é um erro, pois a quantia deve ser guardada com disciplina. “Os apelos ao consumo estão por toda a parte e, se não houver determinação, dificilmente vai sobrar dinheiro no final do mês. A recomendação é separar a reserva financeira assim que o salário entrar na conta, fazendo disso um compromisso mensal”, orienta. De forma geral, apenas 34% dos brasileiros têm o hábito regular de guardar dinheiro, sendo que somente 10% estipulam o valor a ser poupado e 24% guardam apenas o que sobra no fim do mês.

Outro dado é que quatro em cada dez (41%) brasileiros que possuem reserva financeira tiveram de sacar ao menos parte desses recursos no último mês de fevereiro, sendo que para 13% houve a necessidade de lidar com imprevistos, 10% tiveram de pagar alguma dívida e 8% fizeram saques para comprar algo. Considerando os poupadores das classes C, D e E, 47% sacaram seus recursos guardados.

Maioria poupa para imprevisto, proteger família e lidar com desemprego; caderneta de poupança e conta corrente são principais aplicações. Apenas 7% citam previdência privada

A proteção contra imprevistos, como doença e morte na família, é o principal motivo dos brasileiros que poupam, opção citada por 47% deles. Em seguida, aparecem a garantia de um futuro melhor para a família (30%) e a prevenção contra um eventual desemprego (30%). Há ainda 23% de consumidores que poupam para realizar uma viagem. A formação de uma reserva para a aposentadoria é preocupação de apenas 18% dos poupadores, segundo o indicador. Outras razões são reforma da casa (16%), compra de móveis e eletrodomésticos (14%), estudos (14%) e aquisição da casa própria (13%).

Tradicionalmente, a poupança segue como o destino mais popular entre os brasileiros que guardam dinheiro: 60% depositam seus recursos na caderneta. Outro destino frequente é a conta corrente, com 16% de citações. O levantamento detectou também que em cada dez poupadores, dois (22%) deixam o dinheiro guardado em casa, opção que oferece riscos, pois além de não render juros não é segura para o poupador.

Os fundos de investimento foram citados por 8% desses brasileiros, a previdência privada por 7%. Os CDBs (Certificado de Depósito Bancários) são utilizados por 6% e o Tesouro Direto por 4% dos poupadores. Os que investem em ações na bolsa de valores somam apenas 2% dos consumidores que possuem reservas.

24% recorrem a opções conservadoras de investimento ou guardam dinheiro em casa porque acreditam que quantia que possuem é baixa

Para os poupadores que fazem as opções mais conservadoras de manter o dinheiro em casa, na conta corrente ou mesmo na poupança, a principal razão foi o fato de não ter dinheiro suficiente para investir em outra modalidade, citada por 24%. Outra razão foi a preferência por ter o dinheiro disponível em lugar fácil de retirar (23%). A falta de conhecimento também foi destacada por 19%, seguida pelo costume em guardar nas modalidades tradicionais (15%).

Para os especialistas do SPC Brasil, a preferência majoritária pela poupança ou por guardar dinheiro em casa comprova que, mesmo entre aqueles que possuem reserva financeira, não há muita familiaridade com aplicações mais rentáveis e adequadas para os objetivos que se tem em mente. “Para dizer se uma opção de investimento é boa ou ruim, é preciso conhecer o propósito da reserva financeira. Se a reserva visa a um objetivo de curto prazo, a poupança é melhor do que manter o dinheiro em casa. Por mais que o rendimento não seja tão alto, é maior do que zero. Agora, se os objetivos são para médio ou longo prazo, é fundamental pensar em aplicações mais rentáveis, ainda que com menos liquidez. Muitos entrevistados disseram que guardam dinheiro na poupança ou em casa porque o dinheiro é baixo, mas existem aplicações baratas no mercado. Na modalidade Tesouro Direto, por exemplo, pode-se investir a partir de R$ 30”, explica o educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli.

Deixe seu comentário

Assine nossa Newsletter

No ononno ono ononononono ononono onononononononononnon