Qualidade e amplitude da apicultura e meliponicultora pernambucana leva setor a instituir Câmara Setorial. A partir de articulação fortalecida pelo Programa Força Local, atores envolvidos no segmento de apicultura e meliponicultura de Pernambuco se reuniram na sede da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe) para instituir a Câmara Setorial, espaço formal de estruturação e fomento da cadeia produtiva do setor.
No Brasil, 60,2% da produção nacional de mel é feita por apicultores de pequeno porte. De acordo com dados da Confederação Brasileira de Apicultura CBA (2019), quase metade dos produtores no País possuem até 50 colmeias. Em 2017, de acordo com o Censo Agropecuário existiam 101.797 estabelecimentos com apicultura no Brasil, sendo 80% da agricultura familiar. Os 24.150 produtores do Nordeste possuíam 674.186 colmeias, majoritariamente no semiárido (94%). Ainda, segundo relatório do Banco do Nordeste do Brasil, o setor movimentou entre 2013 e 2020 mais de R $167 milhões.
Pernambuco, embora tenha produtores em todo o território, com mel produzido na caatinga, no manguezal e até em Fernando de Noronha, ainda não possui um diagnóstico do setor. A Câmara Setorial poderá levantar dados como estes, que contribuirão para impulsionar a economia do segmento no Estado. Para isso, produtores, representantes da UFRPE, UFPE, UPE, Sebrae, Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Banco do Nordeste e outros uniram esforços para definir os eixos prioritários da Câmara Setorial, que tem como objetivos identificar desafios do setor, estruturar as demandas coletivas, atrair investimentos e fomentar negócios. A reunião aconteceu na sede da Adepe e entre as linhas de ação para os próximos encontros foram elencados o mapeamento dos produtores, diagnóstico do setor, ampliação da comunicação com estreitamento de laços, entre outros. A próxima reunião está prevista para acontecer na segunda quinzena de janeiro de 2022.
“Para a Adepe, a criação da Câmara Setorial de Apicultura e Meliponicultura é uma grande conquista. Ver que nossa atuação como fomentadores dos arranjos produtivos locais foi um facilitador para que o setor se articule é ver o objetivo do governo de Pernambuco de desenvolver a economia local sendo alcançado”, pontuou Álvaro França, gerente geral de Arranjos Produtivos da Adepe.
A criação da Câmara Setorial dialoga com ações já realizadas pela Adepe para reforçar o setor. Desde 2019, a Adepe investiu mais de R$1.7 milhão em dez projetos para o fortalecimento do segmento por meio do Programa de Fortalecimento dos Arranjos Produtivos Locais (Força Local). Com mais de 500 beneficiários, a apicultura foi o 5º setor mais apoiado pelo programa, alcançando nove regiões de desenvolvimento do Estado: Sertão do Araripe, Sertão do São Francisco, Sertão do Pajeú, Sertão de Itaparica, Sertão do Moxotó, Sertão Central, Agreste Central, Agreste Setentrional e RMR.
De acordo com a professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Renata Valéria Gomes, os desafios do setor são muitos e a criação da Câmara chega para fortalecer o segmento. “Pernambuco possui um mel de qualidade ímpar. A vegetação e o clima da nossa região criam um ambiente favorável, mas há muitos obstáculos a vencer. Pernambuco está virando a chave. Ficamos muito contentes com esses encaminhamentos que foram dados hoje, que são muito importantes porque eles vão direto nos gargalos que a gente tem observado e diagnosticado na apicultura de Pernambuco, então temos que ir diretamente nessas questões”, afirmou Renata.
Davi Calado, professor e coordenador do curso técnico de Agroecologia da Escola Estadual Governador Eduardo Campos em São Bento do Una e apicultor, comemorou a criação da Câmara Setorial. “Muito louvável a iniciativa, acho que ela nasceu de uma demanda da própria apicultura do Estado porque nós fomos ficando um pouco esquecidos, embora tenhamos uma capacidade grande na produção do mel e de subprodutos. A apicultura é, antes de tudo, uma filosofia de vida, porque se você chega no apiário e não se arrepia, tá fazendo a coisa errada. A relação do apicultor com a abelha é recíproca, se não for assim não dá certo. Eu fico muito feliz com essa aproximação da academia com a produção, é essencial e tem tudo para ambas saírem fortalecidas”, disse.
Presenças – Integraram a reunião representantes da Adepe, da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro); Instituto Agronômico de Pernambuco (Ipa); da UFRPE; UFPE; UPE; do Banco do Nordeste do Brasil (BNB); do Sebrae; da Associação dos Apicultores e Meliponicultores do Cabo de Santo Agostinho (AAMC); Associação dos criadores de Abelha do município de Petrolina (Ascamp); Associação Mirandibense de Apicultores e Meliponicultores (Amiramel); Associação dos Apicultores do Município de Serra Talhada e Adjacências (ASAPMSTA); Associação dos Apicultores e Meliponicultores de São José do Belmonte (Abamel); Centro Diocesano de Apoio de apoio ao Pequeno Produtor de Pesqueira (CEDAPP); Federação das Entidades da Apicultura e Meliponicultura do Estado de Pernambuco (FEAMPE); da Associação dos Apicultores e Meliponicultores de Brejo da Madre de deus (Brejo Mel); e da Associação dos Pequenos Produtores Sítio Riacho Fundo – Araripina (APRAF).