Após as emoções olímpicas, aplausos às artes cênicas…

Foram muitas as reflexões apontadas durante as Olimpíadas do Rio 2016, não só para o universo esportivo, mas especificamente para segmentos como educação e arte. Talvez poucas pessoas tenham percebido o recado cifrado do evento, tão tomada pela emoção estava a grande maioria dos espectadores e telespectadores da Rio 2016. – E não era pra menos, toda imprensa televisiva investiu nesse eixo deixando lividamente uma população às lágrimas, mesmo a que estava há muitos quilômetros de distância da capital fluminense.

As poucas pessoas que apenas os olhos marejaram, refletiram sim, e puderam comparar (e teria que comparar mesmo), a quantidade de medalhas nas três categorias (ouro, prata e bronze) conquistadas pelos países participantes, perceberam de imediato e sem esforços, que a educação é o vetor dessas conquistas. Vejamos então os países que menos medalhas receberam nesta Olimpíada, todos têm um histórico remoto de ínfimo investimento na educação. Esta mesma reflexão se adéqua na questão das artes. Ao contrário, os Estados Unidos, a Alemanha, a Rússia, a Inglaterra, a França, a Itália, por exemplo, são países que tradicionalmente investem na educação como necessidade primeira, para que a sociedade desenvolva, com competência, suas culturas, suas artes e seus esportes. Daí, ao receber medalhas, risos.

O Brasil conseguiu 19 medalhas, recorde em quantidade de aquisição olímpica até então. – Um parêntese aqui, me permitam: as medalhas brasileiras foram também banhadas por lágrimas, principalmente dos homens olímpicos. Isso aponta para uma coisa interessante de observar, relativa à cultura da masculinidade brasileira perdendo o vício mentiroso de dizer que homem não chora. Sempre chorou, escondido ou disfarçado, chorou e chora. Mas um legado da Olimpíada Rio 2016 que nos fica é a liberação do choro masculino (barbudos ou sem barbas, com topetes ou carecas, jovens, ou nem tanto, atletas ou fãs, já podem chorar em público como os nossos ídolos fizeram para o mundo ver. É obvio que entendemos no choro dos nossos “heróis” o filme que passa em suas cabeças de quantos dragões tiveram que vencer a cada dia para chegar ao pódio). – Voltando as 19 medalhas do Brasil, essa quantidade vai continuar num crescimento lento e gradual, porque assim é o investimento nacional na educação da sua população. E isso sim, é de fazer chorar.

“É ouro, é ouro, é ouro!” – Esguelava-se Galvão Bueno na tela da TV, e as lágrimas rolavam. Porém, a televisão nada falou da programação artística e cultural destinada à Olimpíada, destacando-se a música, o teatro e a dança (que são as verdadeiras medalhas de ouro da diversidade e pluralidade da cultura brasileira), sabiamente ofertada pelo Ministério da Cultura, através da Funarte, no Bulevar Olímpico. Artistas de todas as regiões do país expostos a apreciação dos estrangeiros (a melhor forma de conhecer a alma do povo de um país é observar a arte que este povo produz), e a televisão silêncio total, como se os esportes não tivessem em suas expressões uma carga inseparável de arte e cultura advindas de uma educação.

Como vimos na abertura dos jogos no Maracanã, o frisson que causou dentro e fora do Brasil, a nossa criatividade, a inventividade e a naturalidade de nossas expressões artísticas, usando como suporte tecnológico apenas câmeras cinematográficas, e isso não servir de foco para os veículos de comunicação de massa divulgar a programação da Olimpíada Rio 2016 contando com as artes nela inserida, é no mínimo um equívoco imperdoável. – Mesmo sem o alarde das Televisões, é gratificante saber que o público formado por brasileiros e estrangeiros prestigiou a programação cultural, e aplaudiu a arte que viu.

Agora, pós-olimpíada, é tempo de aplaudirmos, ao vivo, os artistas locais em desenvolvimento de suas artes, e tenhamos todos bons espetáculos!

DICAS DE ESPETÁCULOS EM CARTAZ NO RECIFE:
Puro Lixo, de Luiz Reis e direção de Antônio Cadengue, no Teatro Hermilo Borba Filho, aos sábados e domingos. Informações: 33553319.
Ossos, de Marcelino Freire, com direção de Marcondes Lima, no Teatro Barreto Jr. Tadas as sextas e sábados, às 20h. Informações: 33556399.
A Receita, texto e direção de Samuel Santos, com a atriz Naná Sodré, no Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu), todas as quintas, às 20h. – Informações: 33559821.
Vento Forte Para Água e Sabão, de Giordano Castro, com direção de André Filho, no Teatro Barreto Jr. Aos sábados e domingos às 16:30h.
Duvido, espetáculo de dança com coreografias de Ana Emília Freire e Direção geral de Cecília Brennand, no Teatro Luiz Mendonça, toda sexta às 20h. – Informações: 33559821.
Aurora Em… Uma Bela Adormecida, concepção e direção artística de José Roberto Lira, no Teatro Luiz Mendonça, aos domingos às 17h. – Informações 33559821.
Zumba Sem Dente, de Hermilo Borba Filho, com direção de Carlos Carvalho, no Teatro Hermilo, as terças feiras, às 19h. Informações: 33553319.


Romildo de Branco

*Por Romildo Moreira é ator, autor e diretor teatral

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