As canções de Natanael Lima

* Paulo Caldas

Poesia trabalhada com afinco, ancorada na rigorosa busca do esmero, é a tônica deste Ensaio sobre a canção árida (produzido pela Imagética Edições, com diagramação e capa de Erivaldo Passos e impressão da Luci Artes Gráficas), recente lançamento do poeta Natanael Lima Júnior.

No dizer da conceituada Maria de Lourdes Hortas, dona de uma obra poética admirável, que prefacia estas canções, Natanael está consciente do seu mundo e do seu tempo, e nos apresenta a exaustiva resistência na certeza de que, enquanto o amanhã houver, a poesia viverá.

As virtudes do livro também residem na amplitude dos temas que transitam com fluidez entre a universalidade e o intimismo. A mesma virtude é sentida nos aspectos de natureza estética, com a presença de versos livres, vigorosos, tal no Pós-Modernismo, que permeiam os poemas como “Metáfora abissal”, por exemplo, temperado com o artifício sonoro e rítmico das proparoxítonas:

“O poeta é um réptil,
Que rasteja no deserto
Árido da palavra,
Habita pântanos,
Criptas e fontes insípidas,
À cata da metáfora abissal”.

Noutro momento, o autor exibe sua capacidade de síntese e se aproxima da aliteração/assonância, quando escreve:

“Nada me assombra
Além da sombra vadia
Nada me deslumbra
Além da penumbra vadia”.

Projetado sobre um sexteto de canções que evoluem sob “o labor poético de Natanael kafkiano”, conforme define o professor Neilton Limeira numa das orelhas do livro, as canções de Natanael devem ser entoadas por tantos e quantos bardos e leitores cativos da arte do bem escrever.

*Paulo Caldas é escritor

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