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Audiência pública debate a ameaça de privatização do Metrô do Recife

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Debate na Câmara do Recife escancara divergências sobre futuro do sistema metroviário, com falas contundentes de parlamentares, trabalhadores e estudantes

A Câmara Municipal do Recife foi palco de uma audiência pública acalorada sobre a proposta de privatização do Metrô do Recife. A iniciativa, promovida pela vereadora Cida Pedrosa (PCdoB), reuniu representantes de trabalhadores, estudantes, movimentos sociais e a gestão da CBTU. “Eu sou lulista, eu apoio esse governo, mas o governo Lula não pode ser aquele que porá uma pá de cal no metrô do Recife”, declarou a parlamentar, que cobrou coerência da base aliada.

As contradições políticas do rumo do metrô do Recife ficaram evidentes em várias declarações da vereadora e dos convidados. "O governo Temer e Bolsonaro sucatearam todas as empresas públicas com uma única intenção. Sucateia, não investe, depois diz que é inoperante, depois diz que não dá lucro e privatiza. Será uma verdadeira contradição o metrô do Recife ser privatizado na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva”, criticou Cida Pedrosa.

O presidente do Sindicato dos Metroviários de Pernambuco, Luiz Soares, reforçou que a proposta de privatização representa um retrocesso. “A gente precisa é dos investimentos, a gente precisa é de um sistema com qualidade”, afirmou. Segundo ele, privatizar o metrô significaria precarizar ainda mais o transporte público e aprofundar a exclusão social. “Privatização é tarifa mais cara, é exclusão, é precarização. É menos acesso, é mais desemprego. Privatizar o metrô é negar o direito ao transporte público de qualidade. Não é no governo Lula que a gente vai privatizar o metrô do Recife. A gente não elegeu ele para isso”.

Representando os estudantes, João Mamede, presidente da União dos Estudantes de Pernambuco, destacou a importância do metrô para a mobilidade da juventude. “O movimento estudantil é um parceiro histórico pela luta do transporte de qualidade. Defendemos um transporte que não seja público só de nome. Temos a concepção do transporte como direito que está escrito na Constituição Federal. Gostaríamos de estar discutindo a gratuidade e a expansão do metrô do Recife. Se esse é um projeto de reconstrução nacional, é preciso que o governo assuma um lado mais firme em defesa do metrô público”, afirmou. Ele ressaltou que o sistema metroviário é essencial para garantir o acesso à educação e ao trabalho.

Já a superintendente da CBTU Recife, Marcela Campos, reconheceu os desafios da operação diária diante do sucateamento do sistema. “O metrô é a espinha dorsal do transporte metropolitano, pois ele alimenta todo o sistema rodoviário. A defesa hoje da gestão da CBTU é a recuperação do sistema, a reestruturação e o aporte financeiro. Sem investimento, não tem condições de realizar a recuperação do sistema. Não dá para esperar até 2027”, declarou. Ela explicou que a gestão local não tem poder de decisão sobre o modelo a ser adotado, mas defendeu a manutenção do sistema público.

A deputada estadual Dani Portela (PSOL) fez uma fala emocionada ao se somar à mobilização. “Essa luta não começou agora. Desde o governo anterior tentam sucatear para depois privatizar. Água, energia, transporte: nada disso pode ser mercadoria. O que se vende, se perde. O transporte público é um direito constitucional. A gente precisa sair daqui com um compromisso de comunicação com a população. Porque o discurso de que privatizar melhora o serviço já foi desmentido em muitos lugares.”

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Dani se colocou à disposição da luta na Assembleia Legislativa e questionou a falta de escuta real nas audiências promovidas pelo Governo do Estado. A parlamentar prometeu a realização de uma audiência pública na Alepe no segundo semestre.

Participaram da mesa ainda Deco Costa, representante da Comissão de Direito Sindical da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE), e Kleiton Pimentel, da União Metropolitana de Estudantes Secundaristas de Pernambuco (UMES-PE).

A audiência pública lotou o plenarinho da Câmara do Recife e contou com forte presença de moradores, trabalhadores e representantes de movimentos sociais. O encontro reforçou o posicionamento coletivo contra a privatização e apontou a necessidade urgente de investimentos para a melhoria do metrô.

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