Urbanistas, lojistas, empresários do setor de tecnologia e de gastronomia, além de representantes do poder público e da sociedade civil organizada estiveram presentes hoje (23) na Câmara dos Vereadores para discutir o futuro do Centro do Recife. A audiência pública, convocada pelo vereador Jayme Asfora (PROS) trouxe como uma das propostas práticas de impor um dispositivo no Plano Diretor estabelecendo a obrigação do poder público elaborar um plano de desenvolvimento para a região. Houve uma cobrança da classe empresarial por uma maior interlocução da prefeitura e o atendimento de demandas de controle urbano.
Participaram da mesa dessa audiência pública, o representante da Associação de Lojistas do Centro do Recife (Alcere), Leonardo Gonçalves; o presidente das Empresas de Tecnologia da Informação de Pernambuco e Paraíba (Assespro PE/PB), Italo Nogueira; a arquiteta Amélia Reynaldo e o secretário de Planejamento Urbano, Antônio Alexandre.
O debate foi introduzido por uma apresentação da arquiteta Amélia Reynaldo. Ela comparou a situação atual da cidade do Recife com o fenômeno de esvaziamento e de degradação dos centros urbanos da Europa, de 40 anos atrás. Na sua explanação, ela mencionou como as grandes cidades do Velho Mundo conseguiram reverter esse cenário depreciativo a partir do Movimento Europeu a favor do Centro das Cidades, que teve como marco uma reunião em Amsterdã, ano de 1975. "O centro do Recife é uma oportunidade, muito mais que um problema", afirmou a arquiteta, destacando todos os potenciais da sua dinâmica econômica e ativos históricos da região e a sua capacidade de restauração.
O vereador apresentou a justificativa da audiência pública dizendo que, diante desses problemas, faz-se necessário lembrar que se o centro fosse organizado e ordenado haveria ganhos econômicos e sociais para a cidade. “Em relação ao Recife, o Centro da cidade vem caminhando, cada vez mais, para a degradação. Além do Recife Antigo, bairros como São José e Santo Antônio, a partir das 18h, perdem totalmente sua vida e afastam cidadãos e turistas. As pequenas ruas do Recife Antigo e o entorno do Mercado de São José são provas vivas do que está acontecendo. O comércio tradicional, que trava uma luta diária para o ordenamento da área, e o Porto Digital são os grandes responsáveis pela difícil sobrevivência desses locais”, ressaltou.
Os lojistas presentes no debate criticaram a situação atual de limpeza urbana, iluminação, de segurança pública e, principalmente, do desordenamento do comércio informal. “Quem quer fazer compras precisa de espaço nas calçadas, por onde possa circular. Mas o comércio informal se proliferou de uma forma incontrolável, as calçadas estão ocupadas. Os compradores não têm sequer como circular”, afirmou o representante da Alcere, Leonardo Gonçalves.
Um dos pontos altos do debate foi a discussão sobre a necessidade de uma reflexão acerca das vocações econômicas para essa região central da cidade. O secretário de desenvolvimento urbano do Recife, Antônio Alexandre ponderou que sem isso qualquer ação na área seria apenas um período de "animação" a ser seguido por outro de "frustração", sem sustentabilidade.
Para garantir a permanência do cuidado com o centro e de constante atenção à sua dinâmica socieconômica, Amélia Reynaldo apontou que o passo inicial é por meio de um escritório centralizado e da participação da população. “O centro necessita de um ordenamento que começa pela estrutura administrativa, que vai pensar e coordenar as questões. Mas essa é uma saída que depende exclusivamente da prefeitura. Esse planejamento não dará resultados se todos os atores envolvidos não estiverem articulados, visando um único propósito, que é um centro urbano de qualidade”, disse.
"O centro do Recife precisa de um planejamento que contemple as esferas econômicas, ambientais, sociais, de curto, médio e longo prazos. Além do urgente e indispensável controle urbano. A CDL fez uma proposta, encaminhada ao prefeito e a secretários que estão estudando o Plano Diretor, pra que seja incluído um dispositivo em que o poder público se obrigue a fazer um plano específico para o Centro do Recife, em um determinado prazo. Isso fará com que toda aquela região possa ter orientações precisas e metas estabelecidas de recuperação", defendeu o arquiteto Francisco Cunha.
*Por Rafael Dantas, com informações do site da Câmara dos Vereadores do Recife.