Com uma parcela significativa da população vacinada, a nova onda de contaminações da Covid-19 não tem sido tão letal quanto as anteriores até agora, mas tem se disseminado com uma velocidade muito grande. Além de pressionar o sistema de saúde, que já tem níveis de ocupação preocupantes, o novo momento da pandemia cria muitas dificuldades para o universo corporativo. Mesmo sem o lockdown que interrompeu a maioria dos negócios em 2020, a variante Ômicron tem desfalcado os quadros operacionais, chegando a paralisar algumas operações pela falta de mão-de-obra. Um novo cenário que exige muita habilidade na gestão das empresas, de acordo com a consultora da TGI Georgina Santos.
Mesmo com a avalanche de afastamentos e com o sinal de alerta ligado sobre o endurecimento da pandemia, a consultora considera que as empresas não vivem mais o desespero dos primeiros dias da pandemia. “Parece toda história do passado que está volta. Percebemos um aumento dos casos de Covid e de gripe após o Natal e também porque as pessoas tem flexibilizado a sua proteção. Porém, não tenho sentido que o mercado está encarando essa nova onda como banho de água fria nas suas projeções, mas estão fazendo uma revisão nos protocolos, reforçando a comunicação. Não tenho sentido preocupação demasiada em relação à economia. As empresas estão mais cuidadosas, mas sem pânico”, afirma a consultora.
Georgina aponta, no entanto, que há uma dificuldade operacional pela grande quantidade de pessoas afastadas simultaneamente. Ela relata que uma das empresas em que ela atua recebeu 58 atestados de sintomas gripais. “Essa empresa não se desesperou por isso. Evidentemente houve um prejuízo na linha de produção. Eles sabem que tem o aperto, tem menos pessoas. As empresas estão trabalhando com alternativas, analisando um problema de cada vez. Fazem seus planos, mas se a pandemia piorar, sentam e rediscutem”.
Um dos casos mais icônicos desde início de ano foi o caso do cancelamento de vôos de algumas companhias aéreas por falta de equipes de comissários de bordo, devido aos inúmeros afastamentos por atestados médicos. Além do setor aéreo, uma pesquisa desta semana da Abrasel indicou que 76% de bares e restaurantes tiveram afastamento de funcionários por Covid ou gripe. Outro levantamento, feito pela Associação Médica Brasileira, indicou que nos dois últimos meses 87% dos médicos foram acometidos pela Covid-19.
De acordo com Georgina Santos, os relatos de afastamentos em massa dos funcionários com Covid-19 ou influenza tem levado as empresas a construir “backups” no seu quadro de profissionais, segundo a consultora. Ela conta que há um esforço corporativo para que mais de um pessoa domine cada atividade para que em uma ausência repentina, causado pelo coronavírus ou por qualquer outro motivo, a empresa não seja tão impactada.
Outra questão já consolidada é em relação ao home office. Georgina afirma que, como a maioria das notificações é de casos leves, muitos profissionais que testam positivo para Covid-19 ou Influenza, mas são assintomáticos, seguem suas funções de forma remota, quando isso é possível. “Muitas pessoas seguem produzindo, dentro do que é possível ser feito a distância. Estamos aprendendo a conviver com as possibilidades de parar a qualquer momento, a repensar os planos. Seja pela Covid-19 ou por qualquer outro problema. Estamos aprendendo a lidar com as incertezas”.