Azougue Nazaré: Música e Cinema - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Azougue Nazaré: Música e Cinema

Revista algomais

Por Yuri Euzébio

Ontem eu tive a felicidade de assistir à estreia do filme “Azougue Nazaré” no cinema São Luiz. Já tinha visto a produção pernambucana numa sessão especial do Janela de Cinema ano passado e me encantei com a história dos maracatuzeiros de Nazaré da Mata. Logo, quando soube desse evento de lançamento na casa do cinema pernambucano, não perdi tempo e fui conferir de perto mais uma vez que eu não sou besta nem nada.

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O filme conta a história de alguns moradores da Mata Norte do estado, sua relação com o Maracatu e o fenômeno de crescimento das religiões neopentecostais da cidade. A partir da cultura do Maracatu Rural, que tenta sobreviver em meio a pressão e da perseguição do extremismo religioso e do completo descaso das autoridades acompanhamos o cotidiano daquele povo. O resultado é uma história leve, bem-humorada e uma empolgante mistura de cultura popular, música, dança e fantasia. Com destaque para a trajetória de Catita (Valmir do Côco), a fera de Nazaré, um sujeito cuja vida só ganha importância em meios aos rituais do maracatu, apesar da insistência de sua mulher, Darlene (Joana Gatis), em tirá-lo desse ambiente e convertê-lo a uma religião evangélica.

A música é uma espécie de personagem invisível da saga, tanto pelo elenco formado por grandes nomes do cancioneiro popular de Nazaré da Mata, como Mestre Barachinha, o maior mestre de maracatu vivo do Estado de Pernambuco, Mestre Anderson Miguel, nome promissor da nova geração, Mestre Bi e Valmir do Côco, que se revelou um dos grandes atores pernambucanos da nova geração, quanto pela trilha sonora marcante e que rege os grandes momentos do filme, com nomes diversos como Pablo e Morris Albert, com a impagável “The Man From Nazareth”, mas que encontra sua síntese na obra de Siba, com duas músicas presentes na trilha, uma em versão repaginada por Mestre Anderson Miguel, um afilhado do antigo integrante do Mestre Ambrósio e outra instrumental na apoteose do filme.

Siba, que por sinal, é um dos grandes expoentes da música feita na Zona da Mata Norte, com seu trabalho com a Fuloresta e em parcerias com Mestre Barachinha ou Mestre Anderson Miguel. Sérgio Veloso de Oliveira, ou Mestre Siba, foi um dos primeiros a destacar a potência da música de Nazaré e a leva-la a outros patamares no Brasil e no Mundo, merecido que ganhe destaque na trilha. Um dia ainda irei falar da minha admiração por esse grande poeta popular.

Mas voltando ao filme, a obra é dirigida por Tiago Melo, que também é produtor e roteirista em conjunto com Jerônimo Lemos. Distribuído pela pernambucana (!!!) Inquieta Filmes, numa linda trajetória de força do cinema local, a produção estreou ontem em 17 cidades e 23 cinemas do Brasil. A sessão de estreia aqui no Recife, reuniu diretor, distribuidora, elenco equipe técnica numa linda celebração da força do cinema do Estado e foi seguido por uma festa na Rua da Aurora em frente ao cinema com a presença do Som na Rural do grande Roger de Renoir e com apresentações do Maracatu Cambinda Brasileira e do Coco Canavial, embalados por Mestre Barachinha, Valmir do Côco e João Paulo.

Enfim, esse texto todo foi só uma forma de dizer que o cinema de Pernambuco não cansa de surpreender, sendo também instrumento para alçar luz a uma cultura popular do interior do Estado onde a música se faz muito forte e presente. E pra dizer também que se eu fosse tu, não perdia tempo e ia logo ver esse grande filme que é Azougue Nazaré. Vai timbora logo!!

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