Com 36% do mercado de baterias no Brasil, a empresa pernambucana Acumuladores Moura não se intimidou diante da crise econômica que abateu o País e fez despencar o mercado automotivo. Ao investir em logística, tecnologia e inovação, seu faturamento cresceu 18% neste ano comparado a 2016, atingindo a marca de R$ 1,5 bilhão. A média de aumento do volume comercializado nos últimos anos foi de 10% anuais. Mais que conseguir bons resultados neste período de esfriamento do consumo dos brasileiros, a Moura atravessará a recessão mais forte do que entrou e abrirá uma nova fábrica já no mês que vem.
“Estamos investindo R$ 500 milhões no período de cinco anos. Devemos fechar esse ciclo em 2018, quando será concluído um novo parque industrial em Belo Jardim, que será o mais moderno na América Latina e nos dará a capacidade de produzir oito milhões de baterias por ano, o dobro do que produzimos hoje”, afirmou Lucinaldo Ângelo, diretor-geral da Moura. A nova unidade, é fruto de um aporte de R$ 240 milhões e irá gerar inicialmente 140 empregos diretos.
O segredo da corporação para crescer nos últimos anos está ligado a dois fatores: redução dos custos e a ampliação do número de distribuidores. “Ano passado reduzimos 4,2% dos custos e neste ano também 4%. É um grande esforço de fazer mais com menos. Isso nos ajudou muito neste tempo de crise e nos fará manter a competitividade alta quando a economia voltar a melhorar”, comemora Ângelo.
Quanto aos distribuidores, a Moura conta hoje com 76 centros de distribuição (CD) que fazem seus produtos chegar a mais de 45 mil pontos de venda. Com a queda da comercialização de veículos novos no Brasil, o mercado de reposição se tornou o grande cliente da marca. O fornecimento de baterias diretamente para as montadoras ficou em segundo plano, respondendo atualmente por 30% do faturamento. Esse posicionamento fez com que a empresa, em plena crise, inaugurasse pelo menos quatro CDs por ano, ampliando assim sua capilaridade para chegar ao consumidor final.
“Nosso lema é onde tem Brasil, tem Moura. Cobrimos o País inteiro vendendo para as revendas, que são os varejistas”, explica Ângelo. Uma ação recente desenvolvida para apoiar a logística de reposição é a Moura Fácil. Trata-se de um serviço oferecido por meio de uma plataforma digital para entrega e instalação de produtos da marca em até 50 minutos.
Outro movimento para garantir o aumento das vendas foi a redução da margem de lucro sobre seus produtos. “Esse é um ano especial para a gente. Para garantir o crescimento dos volumes vendidos abrimos mão da margem de lucro. Mas como vendemos muito, a redução foi compensada, por isso nosso desempenho está tão bem. A estratégia deu certo”.
Investir no mercado internacional também fez parte da estratégia. Em 2017 a empresa deverá chegar a marca de 1,2 milhão de baterias comercializadas no exterior. Trata-se de uma parcela significativa da produção da empresa do Agreste que produz 7,5 milhões do produto ao ano. Argentina, Uruguai e Paraguai são os principais mercados atendidos, onde a Moura trabalha tanto na área de reposição como na produção para as montadoras com fábricas nesses países. Apesar das vendas serem concentradas na América Latina, as baterias também são comercializadas na África e Europa.
INOVAÇÃO
Atenta às demandas do presente, a Moura porém também mira o longo prazo por intermédio das atividades realizadas pelo Instituto de Tecnologia Edson Mororó Moura (ITEMM). “É um centro voltado para pesquisa e desenvolvimento (P&D), que tem aproximadamente cinco anos. Esse trabalho nos coloca numa posição de destaque sobre o que há de mais moderno no segmento”, afirmou o diretor-geral. Atualmente trabalham 50 pessoas na área de pesquisa.
O instituto desenvolveu as baterias EFB e AGM, voltadas para veículos com motores híbridos – que funcionam com combustão ou eletricidade. O crescimento do setor de automóveis elétricos é acompanhado de perto pelos pesquisadores do ITEMM. A Moura já vem pesquisando produtos para o mercado dos carros elétricos, uma tendência anunciada no mundo inteiro. “Temos contratos com empresas americanas e europeias importantes que também estão desenvolvendo as baterias lítio para esses veículos.
Com 76% do recall de marcas dentro do segmento de baterias, a Moura tem como pretensão ampliar ainda mais a sua participação no mercado. Atualmente mais de um terço dos brasileiros é comprador da marca. “O objetivo de longo prazo é atingir 50% do market share até 2022”. Na prática é aproveitar o alto reconhecimento da marca e traduzi-lo em vendas.
*Por Rafael Dantas, repórter da Algomais (rafael@algomais.com)