A economia pernambucana está em recuperação dos seus piores dias de crise. De acordo com o Banco Central, o Índice de Atividade Econômica do Estado cresceu 2,1% no trimestre encerrado em agosto. Essa análise avalia um mix de indicadores que repercutem as decisões da política monetária do País, como produção, vendas, emprego, preços, comércio exterior, entre outros. É como se fosse uma previsão do PIB.
O desempenho do Estado está acima da Região Nordeste (que avançou 1,5% no período). A manutenção da taxa de desemprego elevada e o aumento da informalidade no mercado de trabalho, porém, são duas preocupações mais graves apontadas pelo estudo para Pernambuco. A retomada da economia estadual e as dificuldades a serem superadas fazem o cenário de avaliação da pesquisa Empresas & Empresários, realizada pela TGI e pelo INTG, com patrocínio do Governo de Pernambuco.
O bom desempenho da economia pernambucana no trimestre deve-se principalmente à indústria automobilística e ao setor sucroalcooleiro. Na análise do economista Ecio Costa, da consultoria CEDES, essa recuperação está conectada a mudanças no comportamento do consumo e ao câmbio favorável para exportações.
“O fim do represamento dos preços da gasolina melhorou a condição dos negócios do setor sucroalcooleiro. Além disso, o dólar está ajudando nas exportações de açúcar. No caso dos automóveis, há uma retomada de aquisições do setor automobilístico que incentiva essa indústria”, aponta o economista. Outra área em destaque na pesquisa é o de refino de petróleo.
Para uma maior solidez desse crescimento, há a expectativa para a recuperação do comércio. As vendas decresceram em oito dos dez segmentos pesquisados. O varejo recuou 1,2% no trimestre finalizado em agosto. “A continuidade da expansão das atividades econômicas de Pernambuco deverá passar por outros segmentos importantes, como comércio e serviços, que representam 60% do PIB pernambucano, e da construção civil, que ainda está sofrendo muito com a retração da economia. Vem ensaiando uma recuperação, mas ainda com dificuldades”, comenta Ecio Costa.
Os indicadores positivos de recuperação econômica não têm atingido o mercado de trabalho. O boletim do Banco Central, utilizando dados da PNAD Contínua, apontou que a taxa de desocupação caiu apenas 0,2% no segundo trimestre de 2018, ficando em 17%. No trimestre anterior houve recuo de 0,1%. Não há, no entanto, uma melhoria na taxa dos empregos formais.
O documento do BC, aponta que se “sobressaíram os postos de trabalho por conta própria”, os chamados autônomos, além das contratações em segmentos que respondem pela maior participação nos empregos com carteira assinada, como comércio, serviços técnicos e construção civil. A insegurança com a economia nacional tem feito também resistir na zona de pessimismo o índice de Intenção de Consumo das Famílias.
*Por Rafael Dantas, repórter da Algomais (rafael@algomais.com)