Avanço foi impulsionado por programas como o Bolsa Família e a alimentação escolar, aponta relatório da ONU. Foto: Ângelo Miguel/MEC
O Brasil está oficialmente fora do Mapa da Fome, conforme anúncio feito nesta segunda-feira (28) pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU, na Etiópia. De acordo com o relatório O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2025, o país registra menos de 2,5% da população em situação de subnutrição, resultado expressivo diante do cenário de 2022, quando mais de 33 milhões de brasileiros enfrentavam a fome.
Essa reviravolta em apenas dois anos é atribuída à articulação de políticas públicas estruturantes de combate à pobreza e à insegurança alimentar, como o fortalecimento do Bolsa Família e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Responsável por garantir merenda para mais de 40 milhões de estudantes, o Pnae foi reforçado com reajustes de até 39% nos repasses e prioridade de compras da agricultura familiar, especialmente de grupos tradicionalmente marginalizados.
Outras mudanças incluem a redução gradual de alimentos processados na merenda escolar e o estímulo à aquisição de produtos in natura ou minimamente processados. Em 2025, 80% dos recursos do programa deverão seguir esse critério, chegando a 85% em 2026. Já os ultraprocessados terão limite máximo de 15% em 2025 e 10% no ano seguinte. O investimento anual no Pnae ultrapassa R$ 5,5 bilhões, fortalecendo economias locais e promovendo hábitos saudáveis desde a infância.
É a segunda vez que o Brasil sai do Mapa da Fome — a primeira foi em 2014. O novo resultado reforça a relevância da continuidade de políticas integradas entre educação, assistência social e desenvolvimento rural como ferramentas centrais para garantir segurança alimentar e o direito à educação com qualidade.