Greve de auditores impactou número de resgates, que caiu 39% em relação ao ano anterior, aponta relatório da CPT. Foto: Freepik
Em 2024, 1.622 trabalhadores rurais foram resgatados de condições análogas à escravidão no Brasil, segundo dados da publicação Conflitos no Campo Brasil 2024, divulgada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). O número representa uma queda de 39% em relação a 2023, quando 2.663 pessoas foram resgatadas — o maior índice da última década.
A redução nas ações de resgate coincide com a greve dos Auditores-Fiscais do Trabalho, iniciada em março de 2024. A paralisação reivindica melhorias nas condições de trabalho e mais investimentos na fiscalização, setor que tem enfrentado sucessivos cortes e sucateamento nos últimos anos.
Minas Gerais lidera novamente o ranking nacional, com 37 ocorrências e 479 pessoas libertadas. Outros estados com altos índices foram São Paulo (11 casos e 357 resgates), Mato Grosso do Sul (19 casos e 124 resgates), e Amazonas (3 casos e 103 resgates). Também chamam atenção Espírito Santo e Goiás, com 83 trabalhadores resgatados em cada estado.
A produção cafeeira segue como a atividade econômica com mais ocorrências de trabalho escravo rural, com 237 trabalhadores libertados, principalmente em Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. Em seguida, aparecem a lavoura de cebola (194 resgates) e a pecuária (137 resgates), com destaque para estados do Sudeste e Centro-Oeste. No Norte do país, a maior parte dos casos está relacionada ao desmatamento ilegal e ao garimpo.
Mesmo com a redução nos números, a CPT alerta que os dados refletem uma realidade subnotificada. A entidade reforça que a presença de trabalho escravo contemporâneo no campo brasileiro segue preocupante e exige políticas públicas permanentes de combate, fiscalização e proteção aos trabalhadores rurais.