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Calvície tem tratamento

Claudia Santos

A maioria dos homens a abomina e tarda a aceitar sua chegada. Até os 30, ela é lembrada apenas como uma ameaça distante, pois atinge cerca de 10% desta parcela da população. Os anos vão passando, no entanto, e eis que os fios do couro cabeludo começam a afinar, cair e trazer, pouco a pouco, a temida calvície. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 80% das pessoas do sexo masculino com menos de 70 anos apresentam predisposição à disfunção como fator hereditário e, em metade desses casos, o problema se manifesta até os 50. Já a Sociedade Brasileira de Dermatologia afirma que oito a cada dez homens com mais de 80 anos são afetados pela calvície.

A perda parcial ou total do cabelo pode ter um forte impacto na aparência e, em algumas pessoas, tende a levar à perda da autoestima. Na grande maioria dos casos, a queda de cabelo, cientificamente conhecida como alopecia, tem como principal causa o fator androgenético – uma combinação entre disfunções hormonais relacionadas à testosterona e à herança genética. Quando associado ao estresse do dia a dia, esse processo pode se tornar mais grave e acelerado. Apesar da incansável busca de pesquisadores por uma solução definitiva, ainda não existe cura para a calvície, mas os avanços da ciência permitiram que a condição fosse detectada cada vez mais cedo e, consequentemente, tratada - como forma de prevenção e controle.

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Segundo a dermatologista especialista em doenças do couro cabeludo Marcella Araújo Figueira, embora seja mais comum entre o sexo masculino, a questão também preocupa boa parte das mulheres: pelo menos 40% delas serão acometidas pela perda de volume no couro cabeludo em algum momento da vida, e as chances de se manifestar aumentam com a idade. “Apesar de o fator androgenético ser o maior responsável pela calvície masculina e feminina, é indispensável um diagnóstico para que se comece qualquer forma de tratamento e controle”, explica. Nos homens, a perda de cabelo tende a se manifestar no topo do couro cabeludo. Nas mulheres, é mais difusa.

A médica afirma que, por enquanto, o tratamento clínico mais eficaz é a combinação do uso de medicamentos orais (antiandrógenos sistêmicos), loções e xampus especiais, aliados ao laser de baixa potência e ao microagulhamento. O medicamento oral age diretamente na disfunção hormonal, inibindo a enzima 5-alfarredutase, que converte a testosterona em di-hidrotestosterona e provoca a queda de cabelo. Já as loções, o laser e o microagulhamento entram em contato direto com a pele, estimulando a renovação dos folículos capilares. “A ação do laser é de fotobioestimulação. A luz atinge as células do couro cabeludo estimulando seu metabolismo. No microagulhamento, usamos um rolo coberto de agulhas, em que as perfurações aumentam o nível de absorção de ativos aplicados durante a sessão”, esclareceu Marcella Figueira. “Essa combinação de tratamentos é eficaz na prevenção à calvície, mas não age imediatamente. O efeito desejado pode demorar meses para aparecer”, contou.

Durante anos, o finasterida, medicamento antiandrógeno oral, foi o protagonista do combate à calvície, mas a divulgação de estudos recentes indicando que a fórmula poderia causar redução de libido e disfunção erétil nos homens fez com que a procura pelo medicamento fosse drasticamente reduzida. Marcella Figueira explica que, embora a ameaça dos efeitos colaterais exista, as chances de eles se manifestarem são escassas e o psicológico pode afetar bastante nessa questão. “Pesquisas indicam que menos de 1% dos homens apresentaram impotência devido à droga e a diminuição da libido atinge apenas 5% deles. Mesmo assim, está havendo uma rejeição masculina, porque às vezes o medo de ter a vida sexual afetada já pode afetá-la de fato”, disse.

No caso do designer Rafael Araújo, 25 anos, a solução para a queda de cabelo foi o uso contínuo de loções de uso tópico. “Meu pai, que é calvo, sempre disse para eu me prevenir desde cedo. Tenho muito cabelo, mas, assim que percebi certa queda dos fios, procurei um profissional e comecei o tratamento. O resultado foi muito bom. Após três ou quatro meses, já senti uma grande diferença”, relatou.

Condições menos comuns também podem provocar fragilidade no couro cabeludo. Entre elas, a deficiência de ferro, doenças da tireoide, o uso de certos medicamentos e anestesia geral, alterações hormonais decorrentes do pós-parto e da menopausa e doenças como a alopecia areata e até a chicungunya. “Se a queda de cabelo não estiver relacionada à hereditariedade, a situação pode ser reversível após um tratamento específico para o problema diagnosticado”, tranquilizou Marcella Figueira.

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Por Maria Regina Jardim

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