Campanha chama atenção para violência contra a mulher negra

Nesta quinta-feira (3), às 18h30, o auditório do Sindicato dos Bancários, no bairro da Boa Vista, recebe o lançamento da campanha “Mulheres Negras Pela Vida!”, promovida pela Rede de Mulheres Negras de Pernambuco (RMNPE) e a ONG Fase Pernambuco. A campanha, que se expande por todas as regiões do Estado, tem como objetivo chamar levar mais conscientização para a população que ainda não percebe como as mulheres negras são penalizadas quando a violência sexista se alinha com o racismo estrutural.

Nesse primeiro momento, “Mulheres Negras Pela Vida” se ocupa de expor alguns dados sobre a violência de gênero e raça com uso de manequins que ficarão alocados em espaços de grande circulação. As primeiras paradas são a Estação Central do Recife
e o Terminal Integrado da Xambá, em Olinda. A campanha inaugura uma agenda de debates sobre a violência contra a mulher negra e as formas de contra-ataque que foram e são construídas diariamente para ir de encontro a uma realidade comprovados nas estatísticas.

A identidade visual da campanha é assinada pela artista e ativista feminista negra Ianah Maia. Durante o lançamento, além da apresentação do plano de ação, haverá uma mesa de debate mediada pela RMNPE e que vai contar com a participação de Ciane Neves abordando o tema “Políticas de Segurança Pública e impactos na vida das mulheres negras”, e Talita Rodrigues falando sobre “Violência obstétrica e mortalidade materna de mulheres negras.

Serviço: LANÇAMENTO DA CAMPANHA MULHERES NEGRAS PELA VIDA

Quinta-feira (3), 18h30

Local: Sindicato dos Bancários, Av. Manoel Borba, 564 – Boa Vista.

Mais informações: 98719.8423/99818.9238

MULHERES NEGRAS PELA VIDA!

As mulheres negras são maioria nos piores indicadores sociais e econômicos do Brasil. São elas que enfrentam,
cotidianamente, as mais perversas manifestações de violência na sociedade brasileira. Violências de toda ordem, em todas as dimensões da vida: na casa, na rua, na escola, no lazer, no trabalho, no sistema de saúde, nas diversas instituições do Estado.

No ano de 2017, no estado de Pernambuco, cerca de 72% das mortes por mortalidade materna foram de mulheres
negras (pretas e pardas). A faixa etária mais atingida pelas mortes maternas está entre 20 e 39 anos, com cerca de 74% desses óbitos. Na cidade do Recife, 95% das mulheres que morreram de morte materna em 2018 eram negras. (Dados do Comitê de Mortalidade Materna).

Cerca de 80% das mulheres que estão em situação prisional em Pernambuco são negras. O Brasil é o 5º país
do mundo que mais encarcera mulheres. Cerca de 20% dessas mulheres são analfabetas (Dados do INFOPEN).

Pernambuco é o terceiro estado com maior índice de aumento de casos de homicídios de jovens no ano de
2017, com um aumento de 26,2% em relação a 2016. Em torno de 70% desses jovens assassinados, são jovens negros. São os filhos, maridos, irmãos, familiares e amigos das mulheres negras (Dados do Atlas da Violência 2019).

Quase 70% dos negros estão incluídos entre os que recebem até 1,5 salário mínimo (cerca de R$1400). Entre
os brancos, esse índice fica em 45%. Brancos e negros só terão salários iguais no ano de 2089, ou seja, daqui a 70 anos, se a situação do Brasil continuar como está hoje (Pesquisa de Oxfam Brasil, 2017).

E QUEM CUIDA DAS MULHERES NEGRAS?

Sobre as mulheres negras foram construídos mitos (fundamentados no racismo) que negam sua humanidade
e sua subjetividade. Um dos mais cruéis é o que diz que a mulher negra aguenta qualquer tranco e não reclama.

Entretanto, são essas mesmas mulheres negras que asseguraram, ao longo da história desse país, as diferentes
estratégias de resistência da população negra!

As mulheres negras atuaram ombro a ombro com os homens negros na resistência à escravidão, lideraram
revoltas e quilombos, constituíram irmandades, preservaram a ancestralidade e a cultura do povo negro, se constituíram como movimento autônomo e hoje fazem diferentes lutas de resistência pelo Brasil todo e também mundialmente.

Estão nas lutas pelo Direito à Cidade, no enfrentamento à violência do Estado, na luta pela terra, na
defesa dos bens comuns e do bem viver, disputando as universidades, construindo conhecimento, ditando moda nas redes sociais, disputando narrativas de liberdade no mundo on-line e no mundo off-line!

Cada vez mais vivas!

E é em nome dessa vida negra pulsante, que a Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e a ong FASE (Federação
de Órgãos para Assistência Social e Educacional-Pernambuco) lançam a campanha “Mulheres Negras pela Vida”.

A campanha tem como principal objetivo interpelar
a sociedade acerca das violências que atingem cotidianamente as mulheres negras, geradas pelo
racismo, pelo machismo e a discriminação de classe.

A campanha terá atividades nas quatros regiões de Pernambuco: Recife e Região Metropolitana, Zona da
Mata, Agreste e Sertão.

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