O câncer de colo do útero é o 3º tumor maligno mais frequente na população feminina e a 4ª causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Segundo dados do INCA- Instituto Nacional do Câncer, 5.727 mortes ocorreram em 2015 (último dado disponibilizado) e no ano passado estimativas indicavam mais 16.370 novos casos no país. No mês de janeiro, a cor verde alerta para a prevenção e a detecção precoce desse tipo de câncer.
Dados alarmantes considerando que este tipo de câncer é facilmente prevenível e depende de políticas públicas eficientes de prevenção, afirma o presidente da SBC- Sociedade Brasileira de Cancerologia, o cirurgião oncológico, Ricardo Antunes. “Esse alto índice de tumores do colo do útero está diretamente relacionado às condições sócio-econômicas da população. E à falta de campanhas efetivas de prevenção e detecção precoce da doença”, denuncia.
O especialista explica que o câncer de colo do útero, também conhecido como câncer cervical, é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papalomavírus humano- HPV oncogênicos.
A infecção genital por esse vírus é muito frequente e não causa doença na maioria das vezes. Entretanto, em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir para o câncer. Essas alterações são descobertas facilmente no exame preventivo conhecido como Papanicolau e são curáveis na quase totalidade dos casos. Por isso, é importante a realização periódica desse exame.
Para Ricardo Antunes, fatores que aumentam o risco da contaminação incluem início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros, tabagismo e uso prolongado de pílulas anticoncepcionais. “A prevenção primária do câncer deve ser feita com o uso de camisinha nas relações sexuais. Mas a prevenção mais efetiva está na vacinação contra o HPV para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos, que protege contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV. Infelizmente, essas vacinas têm tido baixa adesão da população e as campanhas não obtiveram o índice de cobertura esperado pelo Ministério da Saúde”, explica o presidente da SBC.
A vacinação e a realização do exame preventivo Papanicolau se complementam como ações de prevenção desse tipo de câncer. Mesmo as mulheres vacinadas, deverão fazer o exame periodicamente a partir dos 25 anos, pois a vacina não protege contra todos os tipos oncogênicos do HPV.
“Salve-se” é a campanha da SBC contra o câncer
Campanha em video da SBC- Sociedade Brasileira de Cancerologia, lançada recentemente em TVs do metrô e da grande imprensa, alerta a população para a necessidade de prevenção e detecção precoce do câncer. Com um apelo forte, a SBC informa que o câncer tem cura e faz um apelo intrigante: salve-se!
Denuncia a vice-presidente da SBC, a oncologista Nise Yamaguchi, que no Brasil 60% dos casos de câncer no Brasil são diagnosticados nos estágios 3 e 4, mais avançados e difíceis de tratar. “ Esse número alarmante provoca risco de morte para os pacientes e custos pelo menos 19 vezes maiores para o sistema de saúde e de Previdência Social”.
O presidente da SBC, Ricardo Antunes, considera a incidência de câncer no Brasil e no mundo uma questão de saúde pública. Os dados são preocupantes: o câncer é a segunda causa de mortes em todo mundo e a OMS calcula que cresçam em 70% os casos da doença nas próximas décadas.
A SBC lança a campanha “Salve-se” contra o câncer refirmando seu papel social na luta contra a doença. “Estamos conectados à luta mundial contra o câncer especialmente porque 1/3 dos cânceres podem ser evitados. Pesquisas científicas indicam que em cada 10 casos, 3 estão relacionados ao estilo de vida que as pessoas levam”, alerta Antunes.
Ele lembra que a Assembleia Mundial da Saúde da ONU aprovou uma resolução para reduzir a mortalidade prematura por câncer através de uma abordagem integrada entre a OMS e os governos.
História
Fundada em 1946, a Sociedade Brasileira de Cancerologia (SBC) é uma entidade civil e científica, de direito privado e sem fins lucrativos. É a mais antiga instituição no gênero na América do Sul e objetiva estudar e debater todos os problemas de combate ao câncer no Brasil, promovendo campanhas educativas e discutindo em eventos científicos os maiores avanços no tratamento oncológico.