Influenza já supera a Covid-19 como principal causa de SRAG em pessoas com mais de 60 anos; vacinação, higiene e fisioterapia respiratória são aliados fundamentais no enfrentamento
A gripe voltou a preocupar especialistas em saúde pública, especialmente no que diz respeito à população idosa. Segundo o boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado em maio, o vírus influenza já ultrapassou o coronavírus como principal causa de morte por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre pessoas com 60 anos ou mais. O dado acende um alerta para a importância da imunização e de cuidados preventivos durante os meses mais frios do ano, quando o vírus costuma circular com mais intensidade.
A baixa cobertura vacinal tem dificultado o controle da doença, mesmo com a vacina disponível gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “O vírus influenza pode evoluir rapidamente para quadros de insuficiência respiratória, infecções pulmonares e internações prolongadas, especialmente em idosos e pacientes com doenças crônicas. A vacinação anual é a forma mais eficaz de reduzir esse risco”, alerta a médica infectologista Silvia Fonseca, do IDOMED. A composição da vacina muda a cada ano, de acordo com as variantes em circulação no hemisfério sul, tornando a atualização da caderneta vacinal indispensável.
Além da vacinação, medidas simples de higiene e cuidado pessoal são fundamentais para conter o avanço da gripe. A professora Tauana Mattar, do curso de Enfermagem da Wyden, lembra que os sintomas podem se apresentar de forma atípica em idosos e que o risco de complicações é alto. “Em idosos, a principal complicação são as pneumonias, responsáveis por muitas internações hospitalares no país”, explica. Ela destaca ainda a importância de lavar as mãos com frequência, manter os ambientes ventilados, evitar aglomerações e adotar uma alimentação saudável e hidratação constante.
A recuperação também pode ser otimizada com o apoio da fisioterapia respiratória. “A Influenza compromete a função pulmonar ao causar o aumento na produção de secreções e inflamação das vias respiratórias. A fisioterapia respiratória busca restaurar e otimizar a função pulmonar por meio de técnicas como a higiene brônquica, a reexpansão pulmonar e exercícios respiratórios”, explica Alice Lisboa, professora do curso de Fisioterapia da Wyden. A prática ajuda a evitar complicações como sinusites, pneumonias e insuficiência respiratória, além de melhorar a resposta imunológica em idosos com comorbidades.
O acompanhamento profissional torna-se essencial nos casos em que há secreção densa, febre persistente ou dificuldade para respirar. “A influenza pode causar sintomas severos, como fadiga extrema e desidratação, que podem impactar a capacidade do idoso de realizar atividades básicas”, pontua Alice. O cuidado contínuo da família ou de cuidadores especializados pode fazer a diferença na recuperação e na qualidade de vida da pessoa idosa durante e após o quadro gripal.