Em 11 de abril é celebrado o Dia Mundial de Conscientização sobre o Mal de Parkinson para a promoção de ações e informações de esclarecimento sobre a doença, cujas estatísticas aumentam na mesma proporção do crescimento da população na terceira idade, faixa de predominância da sua ocorrência. Atualmente, no Brasil, o Mal de Parkinson atinge mais de 200 mil pessoas, segundo estimativas da Academia Brasileira de Neurologia, e a expectativa é que em nível mundial o número de pessoas acometidas por ele chegue em 8 milhões até 2040. Isso significa que cada um de nós ou nossos familiares e amigos pode fazer parte desta estatística, onde se informar de forma correta é o primeiro passo para a busca e reinvindicação de tratamentos adequados. Bastante conhecida pelos sintomas de tremor e/ou espasticidade (rigidez) de mãos e braços, o Mal de Parkinson implica em muitas outras disfunções que aumentam ao longo dos anos, mas que podem ser bem manejadas com a ajuda de profissionais especializados. É o que esclarece o neurocirurgião funcional do Hospital 9 de Julho, Dr. Claudio Fernandes Corrêa, que destaca que o entendimento sobre como a doença evolui é fundamental para a melhor adesão das terapias indicadas. Para tanto, o médico reuniu em tópicos alguns dados importantes sobre a doença, a saber: O que é o Mal ou Doença de Parkinson e quais as suas causas? Descrita pela primeira vez pelo médico inglês James Parkinson em 1817, é uma doença neurológica caracterizada pela degeneração dos neurônios situados em região específica do cérebro, chamada substância negra, e que é responsável pela produção da dopamina, um importante elemento da transmissão nervosa vinculada aos músculos e área motora do indivíduo. Não se sabe ainda as causas de seu surgimento, mas linhas de pesquisas apontam para mutações genéticas e exposições a determinados fatores ambientais nocivos, como pesticidas e traumas cranianos. Qual o perfil de acometimento da doença? O Mal de Parkinson atinge igualmente homens e mulheres, com maior prevalência a partir dos 60, 70 anos. Nos casos em que ocorre em pessoas mais jovens, porém, tende a evoluir mais rapidamente. Quais os sintomas do Mal de Parkinson e como eles evoluem? Os sintomas mais prevalentes da doença são os movimentos involuntários dos membros superiores (tremores), rigidez muscular, bradicinesia (lentidão dos movimentos gerais como andar, levantar, sentar), instabilidade postural, depressão e alterações na escrita. Em estágios mais avançados, é possível perceber diminuição da expressão facial, do tom da voz e do olfato, dificuldade de deglutição e constipação intestinal. Como é feito o diagnóstico da doença? O diagnóstico é feito pelo histórico clínico relatado pelo paciente ao médico, que é confirmado pelo exame clínico neurológico, além de exames de tomografia computadorizada, ressonância magnética e cintilografia cerebral com Trodat, que são importantes também para esclarecer outros diagnósticos diferenciais. Qual o médico responsável por diagnosticar e tratar a doença? O neurologista é o médico indicado para o diagnóstico e tratamento de base da doença, que é feito com medicações específicas. No entanto, outros especialistas devem ser incorporados no atendimento das disfunções consequentes da sua evolução, tanto no sentido de evitar a suas progressões como de revertê-las quando possível. São eles: fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, entre outros. Quando pode ser indicados procedimentos cirúrgicos e para que finalidade? A cirurgia de estimulação profunda do cérebro, cuja sigla em inglês é DBS, é indicada quando os medicamentos já não surtem efeito no tratamento dos movimentos involuntários e rigidez, ou mesmo quando há um efeito colateral destes, que é comum ocorrer após muitos anos de ingestão de levodopa (discinesia induzida pela levodopa). O procedimento, minimamente invasivo, consiste no implante de eletrodos no cérebro para uma estimulação da região responsável pelos movimentos. O procedimento tem o auxílio de um software, que cruza as imagens de ressonância magnética do paciente com mapas científicos, apontando com precisão o local exato a ser estimulado, com a ajuda de um físico, que permanece o tempo todo na sala de cirurgia. A técnica é realizada com o paciente acordado para que ele possa fornecer o feedback no controle dos movimentos no ato em que o alvo neurológico está sendo estimulado e assim garantir a efetividade dos resultados. Uma vez implantado o eletrodo, ele passa a ser monitorado periodicamente para possíveis ajustes dos níveis da estimulação. Entre as vantagens da cirurgia, está o fato de ser uma técnica reversível e que não lesiona a estrutura cerebral. Além, é claro, da qualidade de vida gerada ao paciente que volta a se integrar de forma mais natural às suas funções mais básicas, como amarrar os sapatos, abotoar uma blusa, segurar umcopo de águae conduzi-lo à boca com segurança, escrever, entre outros.