Arquivos Algomais Saúde - Página 99 de 159 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

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Lar do Nenen precisa de doações

O Lar do Nenen, organização não governamental que acolhe crianças de 0 a 3 anos em situação de abandono ou risco, está realizando uma campanha para arrecadar recursos financeiros para custear as despesas da casa. “Neste final de ano, a necessidade maior é o pagamento do 13º salário dos funcionários, além de outros itens necessários para a manutenção da casa, como alimentos, produtos de limpeza e higiene”, destaca a presidente Tuti Moury Fernandes. As doações financeiras podem ser realizadas no Banco do Brasil Ag: 1833-3 CC: 29.348-2. A instituição fica na Rua Menezes Drummond, 284, Madalena. Os interessados também podem ajudar doando leite, fraldas, material de higiene pessoal e limpeza. O Lar do Nenen sobrevive de doações, possui 22 funcionários e cerca de 40 voluntários. O Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP) cede uma profissional em pediatria uma vez por semana para avaliar a saúde das crianças. Na instituição, as crianças recebem toda a assistência necessária ao cuidado dos bebês, como higiene, alimentação, puericultura (cuidados do desenvolvimento infantil), acompanhamento psicossocial e recreação. Mais informações através dos fones (81) 3227-2762 e 3228-0123.

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Brasil tem a maior taxa de ansiedade do mundo

Dados recentes divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que 9,3% dos brasileiros, mais de 18 milhões, apresentam os sintomas de ansiedade. Infelizmente, o Brasil é o líder mundial na patologia, apresentado números três vezes maiores que a média mundial. Na América do Sul, por exemplo, os índices brasileiros superam países que se encontram em estado alarmante quando o assunto é ansiedade, entre eles Paraguai (7,6%), Chile (6,5%) e Uruguai (6,4%). Hoje, os transtornos derivados da ansiedade já são a terceira razão de afastamentos do trabalho no Brasil, sendo que os gastos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) giram em torno de R$ 200 milhões em pagamentos de benefícios anuais, de acordo com dados da Previdência Social. Segundo Dr. Massimo Colombini, médico da família da Docway, acredita-se que esses números são decorrentes dos conflitos socioeconômicos, da violência, trânsito nas grandes cidades, e instabilidade política, que geram grande tensão na população. Mas, afinal de contas, o que é ansiedade, quais seus sintomas, e como preveni-la? O médico explica que a ansiedade é que uma resposta subjetiva ao estresse sofrido por um indivíduo. Para a medicina existem dois tipos de transtorno: o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) e a Síndrome do Pânico. Ambos constituem doenças graves e precisam ser tratados por um psiquiatra com o uso de medicamentos adequados para o controle dos sintomas e acompanhamento médico contínuo. Quanto aos sintomas, o médico explica que podem variar de acordo com cada paciente. “Os sintomas são muito variáveis, desde uma sensação de angústia, mal-estar, coração acelerado, desatenção, tremores, entre outros. O que pode levar a sentimentos de grande desespero com prejuízos a vida de quem sofre com esse transtorno”, comenta Colobini. O tratamento também varia de acordo com cada paciente, o grau de estresse, de ansiedade de cada indivíduo. “A forma com que a pessoa lida com a ansiedade é muito individual, quando ela procura ajuda no consultório procuro analisar a melhor forma de trabalhar o problema para que os resultados sejam satisfatórios”, completa o médico. Confira dicas especiais do especialista para controlar a ansiedade: 1. Pratique atividades físicas: nosso corpo produz endorfina que é um hormônio que propicia uma sensação de bem-estar, satisfação e relaxamento; 2. Beba água: considerada um “calmante” natural, é fundamental e ajuda no controle da ansiedade; 3. Respire lentamente: o simples fato de respirar lenta e profundamente algumas vezes acalma; 4. Conversar/desabafar com pessoa amiga, profissional de saúde, terapeuta ou coach: resulta em grandes benefícios e pode contribuir para reduzir bastante a ansiedade; 5. Atividades em contato com a natureza ou animais: traz paz e sensação de plenitude para a maioria das pessoas; 6. Técnicas de meditação ou atividades de relaxamento: mindfulness, yoga, pilates, exercícios de alongamento e Lian Gong; 7. Música e dança: são atividades excelentes, procure uma que você goste; 8. Atividades artísticas e culturais: desde fazer um simples desenho, escrever uma poesia, uma crônica ou uma história, até pintar um quadro, atividades manuais ou artesanato podem trazer grandes benefícios; 9. Compreender que “preocupações” muitas vezes são apenas “pré-ocupações”, assim o simples fato de refletir em cada situação que gera ansiedade se existe algo a ser feito naquele determinado momento, se tiver atuar sobre a situação e deixar de pensar; e se não tiver nada a ser feito procurar pensar em situações agradáveis que distraiam a mente; 10. Reconnective healing/ cura reconectiva: desenvolvida nos Estados Unidos e utilizada no mundo todo, promove bem-estar, equilíbrio físico e emocional.

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Quero Impactar do Recife recebe R$ 3 milhões do Itaú

Primeira vaquinha virtual pública do mundo a viabilizar que o cidadão e empresas destinem parcela do Imposto de Renda a projetos sociais em várias áreas do Recife, o Quero Impactar recebeu nesta quarta-feira (04), R$ 3 milhões doados pelo Banco Itaú. Desse total, R$ 2,4 milhões serão destinados ao Hospital do Idoso do Recife. Os R$ 600 mil restantes vão para o Hospital do Câncer de Pernambuco (HCP) e para o Instituto Materno Infantil de Pernambuco ( Imip ). Hoje também foi lançado o App Quero Impactar e apresentada a nova identidade visual da plataforma, que foi lançada pela Prefeitura do Recife em julho deste ano e atingiu a meta de R$ 5 milhões arrecadados em cinco meses. A Plataforma Quero Impactar visa engajar a sociedade para - junto com o poder público – promover mudanças e otimizar a vida da população através de doação a projetos sociais com impacto direto na vida das pessoas em situação de vulnerabilidade. “Isso pode ser feito por pessoas físicas e jurídicas com um clique no endereço eletrônico www.queroimpactar.com.br ou pelo celular. Juntos somos como abelhas”, falou o procurador geral do município, Rafael Figueiredo, numa referência à nova identidade visual e conceito do Quero Impactar que passa a ter uma abelha - símbolo da cooperação -, na logomarca. O procurador municipal também destacou que a PCR tem implantado projetos de mobilizadores que têm mudado o perfil da cidade na área social, a exemplo do Transforma Recife, do Quero Impactar e Porto Social, que em parceria com a Prefeitura capacita organizações da sociedade civil. Durante a manhã, a equipe do Plataforma também ofereceu um workshop para organizações do Recife, com a finalidade aprimorar os projetos e a captação de recursos. “Estamos realizando essa doação porque acreditamos nesse projeto, contribuindo dessa forma com o município e, especialmente, com as pessoas”, disse o representante do Itaú, Fernando Zivts. Os secretários municipais que respondem pelas áreas dos projetos sociais estavam presentes na solenidade: a secretária de Desenvolvimento Social, Juventude. Políticas Sobre Drogas e Direitos Humanos, Ana Rita Suassuna; de Saúde, Jailson Correia; de Meio Ambiente, José Neves; Executivo de Segurança Urbana, Paulo Moraes; de Esportes, Yane Marques, além do secretário de Finanças, Ricardo Dantas, do comandante da Guarda Muncipal, Marcílio Domingos e, representando as organizações, o gestor do Porto Social, Fábio Silva. Como funciona - A iniciativa consiste em um financiamento coletivo (crowdfuding ou vaquinha virtual) em que o cidadão e empresas poderão doar recursos financeiros por duas modalidades: por parte do Imposto de Renda (IR) e a fundo perdido (sem benefício fiscal) a iniciativas ligadas à cultura, esportes e políticas para crianças, idosos e pessoas com deficiência, sem que o contribuinte tenha qualquer gasto adicional, pois o recurso é parte do que já seria pago no IR. Dessa forma, é resolvido um problema histórico que é a desconfiança por parte do doador frente à ausência de projetos sérios e transparentes aptos a receber apoio. “É importante destacar a inovação da Prefeitura do Recife ao criar a única Vaquinha Virtual do Brasil que é 100% gratuita”, salientou o gestor da plataforma, Alexandre Nápoles, acrescentando que enquanto sites desse tipo ficam com 20% do que é arrecadado, o Quero Impactar não fica com qualquer percentual. Desde julho, a arrecadação do Quero Impactar foi destinada a 14 projetos sociais, beneficiando 11 entidades a exemplo do Lar Paulo de Tarso, Imip, Hospital do Câncer, Instituto Fé e Alegria, entre outras organizações sociais. Quero Impactar - A plataforma web de financiamento coletivo (crowdfuding ou vaquinha virtual) foi desenvolvida pela Prefeitura do Recife, por meio da Procuradoria Geral do Município (PGM), com a parceria da o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (Comdica), o Conselho Municipal da Pessoa Idosa (Comdi), a Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer (Seturel) e a Fundação de Cultura da Cidade do Recife. É originada da necessidade de se criar uma solução inovadora no financiamento dos projetos sociais na cidade do Recife, que lançou a primeira vaquinha virtual pública do Brasil, inovando justamente no fato de utilizar a tecnologia do financiamento coletivo aliada às leis de incentivo fiscais, federal ou estadual. Qualquer pessoa física ou jurídica no Brasil poderá doar para projetos de Recife. É só acessar o site www.queroimpactar.com.br conferir os projetos e doar. A plataforma “Quero Impactar” tem ainda como objetivos específicos: dar ampla visibilidade aos projetos sociais na cidade; sensibilizar e incentivar doações a esses projetos; facilitar o processo de doação, sendo online e totalmente transparente e gerar feedbacks aos doadores sobre as etapas do projeto social que foi impactado. Outro diferencial é que o Quero Impactar oferta apoio a quem insere projetos na plataforma, através do auxílio gratuito na captação de recursos e no desenvolvimento dos projetos. Também são realizados atendimentos pessoais e coletivos, além de oficinas técnicas, com o intuito de tirar dúvidas e ampliar a captação de recursos. Para obter benefícios fiscais, podem ser doados até 6% do imposto de renda das pessoas físicas que fizer a declaração completa. Desse percentual, 6% podem ir para qualquer uma das áreas de Cultura, Esporte, As pessoas Jurídicas podem deduzir até 1% do imposto de renda, no caso de empresas que são tributadas por lucro real. Se as doações das pessoas físicas forem realizadas dentro do ano de referência (até 31/12), elas poderão descontar até 6% do imposto devido na declaração. Essa declaração deve ser feita no modelo completo. No caso Doações realizadas entre os dias 01/01 a 30/04, as pessoas físicas podem descontar até 3% do imposto de renda devido na declaração (modelo completo). Vale observar que quem tem imposto a restituir também pode fazer a doação e ainda se beneficiar com o aumento do valor da restituição. O contribuinte receberá a restituição acrescida de igual porcentagem doada, corrigida pela taxa básica de juros (Selic). Há diversas modalidades de financiamento coletivo no mundo. Elas já são responsáveis por movimentar mais de US$ 65 bilhões, anualmente, na economia mundial, segundo pesquisa de 2014 da Crowdfunding PR, Social Media & Marketing Campaigns. Este mercado vem

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Análise genética de vetor da doença de Chagas pode levar a novas estratégias de prevenção

Maria Fernanda Ziegler, de Lyon  – A doença de Chagas é considerada um dos maiores problemas de saúde pública na América Latina. Segundo dados da organização sem fins lucrativos Drugs for Neglected Diseases initiative (DNDi), vivem na região cerca de 6 milhões de pessoas infectadas, distribuídas em 21 países. Apenas 10% delas são diagnosticadas e só 1% recebe tratamento. No Brasil, o Ministério da Saúde estima a existência de pelo menos 1 milhão de infectados pelo protozoário Trypanosoma cruzi – causador da doença que, quando se torna crônica, pode levar à morte por insuficiência cardíaca. Mais de 90% dos casos se concentram nas regiões Norte e Nordeste. Com o objetivo de compreender os elementos envolvidos na cadeia de transmissão da doença de Chagas no semiárido brasileiro, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) conduziram um estudo de campo no município potiguar de Marcelino Vieira, onde, em 2015, ocorreu um surto possivelmente causado por transmissão oral. Foram três mortes e 18 casos registrados, todos relacionados ao consumo de caldo de cana processado junto com o vetor do protozoário, no caso, o barbeiro (Triatoma brasiliensis), segundo o relato de pacientes. A pesquisa contou com apoio da FAPESP e foi apresentada durante o simpósio FAPESP Week France. “Na região do semiárido brasileiro, sobretudo onde ocorrem os surtos, é preciso ter uma compreensão mais precisa sobre os elementos envolvidos na cadeia ecoepidemiológica, pois o risco de infecção pode estar mudando. Fatores socioeconômicos, comportamentais e climáticos podem exercer influência crucial na biologia das espécies de vetores e de parasitas”, disse Carlos Eduardo de Almeida, professor do Instituto de Biologia da Unicamp e coordenador do projeto. O percevejo da espécie Triatoma brasiliensis – popularmente conhecido como barbeiro – é o principal vetor da doença de Chagas na região estudada. Em colaboração com cientistas franceses do Centre Nacional de la Recherche Scientifique (CNRS), Almeida tem trabalhado no sequenciamento do genoma e no estudo do transcriptoma (conjunto de genes expressos) de espécimes de T. brasiliensis capturados no local do surto. Por meio da análise de marcadores genéticos do tipo polimorfismo de nucleotídeo único (SNPs, na sigla em inglês), o grupo desenvolve estudos de genética de população para entender os processos de especiação e adaptação nesse grupo de insetos. O trabalho tem sido realizado no âmbito do Programa São Paulo Excellence Chair (SPEC). As análises indicam que os domicílios de Marcelino Vieira foram invadidos por populações silvestres e domésticas de T. brasiliensis, ambas com alta prevalência de infecção pelo T. cruzi. O cenário, segundo Almeida, é propício para a ocorrência de novos surtos. “Esses insetos não nascem infectados pelo parasita. Eles geralmente se contaminam ao picar algum animal e, assim, tornam-se aptos a transmitir a doença para os humanos”, explicou. Dados da pesquisa revelam que 52% dos barbeiros silvestres capturados e 71% dos insetos domésticos estavam infectados pelo protozoário. A alta prevalência da infecção nos espécimes silvestres e a ocorrência de duas linhagens parasitárias diferentes são fatores que, na avaliação do pesquisador, ameaçam os esforços de controle da doença. O estudo mostrou ainda que 68% dos 202 insetos analisados por meio de técnicas moleculares tinham se alimentado do sangue de preás (Galea spixii) e de mocós (Kerodon rupestris). Esse achado aponta os roedores como possíveis reservatórios do T. cruzi – função que anteriormente era atribuída somente aos gambás (Didelphis). Os resultados foram publicados na PLOS Neglected Tropical Diseases . Por meio de trabalhos de modelagem ecológica, os pesquisadores identificaram os ambientes que favorecem a infestação dos roedores nas proximidades das habitações humanas. “Esse conhecimento permite traçar uma estratégia de controle da doença de Chagas semelhante à usada contra a dengue: evitar a formação de criadouros do inseto vetor e dos roedores em reservatórios, como, por exemplo, amontoados de madeira e de tijolos”, disse Almeida. Nova espécie Os cientistas pretendem agora realizar exames sorológicos na população do Rio Grande do Norte para mensurar a real dimensão do surto. No entanto, uma das descobertas da pesquisa pode se tornar um complicador. O grupo encontrou, pela primeira vez na natureza, espécimes de T. brasiliensis infectados por parasitas Trypanosoma rangeli. “Esse protozoário não é patogênico e, portanto, não ameaça a saúde humana. Entretanto, pode causar reações cruzadas e resultados falso-positivos em exames sorológicos para a detecção da doença de Chagas”, disse. O fato, segundo o pesquisador, pode dificultar a avaliação da prevalência da população humana infectada pelo T. cruzi, informação essencial para o desenvolvimento de políticas públicas. O simpósio FAPESP Week France foi realizado entre os dias 21 e 27 de novembro, graças a uma parceria entre a FAPESP e as universidades de Lyon e de Paris, ambas da França. Leia outras notícias sobre o evento em www.fapesp.br/week2019/france. Agência FAPESP

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Porco não é tão feio quanto se pinta

Desde os tempos bíblicos, a carne de porco tem sido amaldiçoada pelas escrituras de várias religiões. Judeus e muçulmanos são proibidos de tê-la no cardápio e até a nossa sabedoria popular costuma identificá-la como um alimento “remoso” para a saúde. Mas, recentemente, surgiram várias notícias exaltando as qualidades dessa proteína como benéficas para a saúde. Afinal de contas, carne suína faz bem ou mal ao organismo? “Ela é uma das opções consideradas de proteína animal mais versáteis e saudáveis, sendo uma grande aliada na construção dos tecidos, músculos e estrutura corporal. Possui também uma boa variedade de vitaminas”, desmistifica a nutricionista Débora Wagner. “É uma excelente fonte de ferro, com baixíssimo teor de sódio, menor inclusive do que o da carne vermelha e o de frango, o que faz com que eu possa indicar aos pacientes que têm restrição no consumo desse mineral, como os hipertensos, pessoas com doença cardiovascular ou renal crônica”. Débora ressalta ainda que a carne suína tem a maior quantidade de potássio por 100 gramas, ou seja, é muito importante também na construção muscular e na saúde do coração. “Ela tem o perfil muito adequado para os doentes cardiovasculares, o que é interessante e controverso no pensamento de que carne de porco não deve ser consumida por quem tem problemas com colesterol”, esclareceu a especialista. . . Esse pensamento, segundo Lígia Barros, professora de nutrição da FPS (Faculdade Pernambucana de Saúde) existe no Brasil desde tempos remotos e está muito relacionado à religiosidade. “Há uma parte da bíblia que menciona a carne de porco. Os judeus não consomem esse tipo de proteína, então acabamos absorvendo muitas dessas práticas ao longo de nossa formação”, relaciona. Existe também outro fator cultural. No passado, os porcos eram criados em pocilgas, ambientes sujos e de condições precárias, (isso propiciava a contaminação por Taenia solium, verme conhecido como solitária). Ainda hoje permanece essa noção de que eles vivem dessa forma. “Mas atualmente, os porcos são criados em cativeiro, com alimentação adequada (uma ração específica para os animais), por isso, não oferecem nenhum tipo de risco a quem come”, esclarece. . . Mas é preciso evitar os exageros. As recomendações do seu consumo são as mesmas para outras carnes. “É preferível que se consuma os cortes mais magros”, indicou Lígia. “Mesmo o frango, considerado um alimento pouco calórico, possui algumas partes, como a coxa, que são um pouco mais gordurosas”, comparou. Os cortes mais indicados são, justamente, aqueles em que, facilmente, se consegue eliminar as partes mais gordurosas. “A gordura não sendo entremeada com as fibras musculares do porco temos condição de tirá-la e fazer com que esse preparo tenha sabor e ao mesmo tempo seja indicado para a maioria das pessoas, principalmente o lombo, o pernil e a bisteca”, recomendou Débora. Porém, os embutidos e produtos de base suína que sejam processados ou acrescidos de substâncias de conservação, de cura e que sejam artificialmente produzidos não são indicados pela nutricionista. Tanto o bacon (barriga) ou o presunto de Parma (perna traseira) podem ser verdadeiros vilões se forem produzidos de forma artificial, utilizando substâncias tóxicas ao organismo, como nitrito e nitrato. “O Parma produzido de acordo com as tradições de origem, de forma artesanal, sem a adição desses agentes, não seria algo a ser evitado”, defendeu. Mas ela ressalvou que devem ser consumidos em quantidades moderadas. Recentemente, retomou-se uma antiga discussão sobre o uso da banha de porco como gordura para cozinhar os alimentos. Há quem defenda que seja mais saudável do que óleos vegetais ou manteiga. Lígia, porém, é comedida sobre o assunto. “Ela possui muita gordura saturada como todas as carnes, por isso, tem o seu potencial positivo, mas, para fritar alimentos, não é indicada, porque toda fritura é prejudicial”, alerta a nutricionista. O ideal é utilizá-la para refogar, porque não submete a banha a um aquecimento tão alto por um tempo tão longo. Lígia é adepta de uma visão na nutrição que defende que a restrição alimentar causa mais prejuízo do que a liberação de certos alimentos na dieta, uma discussão que vem sendo travada na literatura científica. “Procuro sempre levar em consideração as memórias alimentares de quem me procura, vai muito de acordo com aquilo que o paciente traz. Se ele faz uso de carne de porco de maneira que não comprometa a saúde dele, eu não vejo porque restringir”, salientou. Para quem, por algum motivo, ainda estiver desconfiado dos benefícios da carne suína, a nutricionista Débora Wagner relata sua experiência pessoal com a proteína. “Eu sou adepta do consumo da carne de porco e faço questão dessa ingestão frequente para minha família, muito por ser versátil, que atende a diversos tipos de receita. Eu consigo ter um corte extremamente magro e adequado a todo tipo de gente da minha casa, da minha filha de 2 anos até a minha mãe de 65”. *Por Yuri Euzébio

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Música estimula a malhação

“Sem música, a vida não teria sentido” já disse uma vez o célebre filósofo alemão Friedrich Nietzsche. O fato é que é difícil imaginar a vida sem a combinação de melodias e ritmos para acompanhar nossos momentos. Sons musicais têm influência até na hora de praticarmos atividades físicas melhorando o desempenho nos exercícios. É o que garantem pesquisas e especialistas na área. Segundo o personal trainer Fábio Campos, sons musicais podem aumentar a sensação de bem-estar, criando a impressão de que o tempo passou mais rápido, reduzem a percepção de intensidade do exercício, promovendo maior resistência física. “Existem alguns estudos que comprovam que a música faz com que o corpo libere endorfina e dopamina, hormônios que provocam a sensação de prazer. Isso associado à atividade física potencializa a performance da pessoa que está se exercitando”, assegura Fábio. “Além, é claro, do fator estimulante. O simples fato de baixar uma nova playlist que irá acompanhar o treino já é um motivador para a prática do exercício físico”, esclarece. . . Gleidson Cunha também é personal e ratifica as vantagens da música no desempenho durante a malhação. “Estudos mostram que ela influencia no melhor controle da frequência cardíaca, na resistência e potência muscular, na percepção de esforço do exercício e pode até alterar padrões negativos de humor”, informa Gleidson. “Particularmente, acho que a música é o combustível da atividade física. O estímulo sonoro deixa a prática mais leve e prazerosa, podendo também aumentar a concentração e a intensidade do aluno”. Na verdade, vários estudos que estão sendo feitos no mundo, segundo Leopoldo Barbosa, psicólogo e professor da FPS (FAculdade Pernambucana de Saúde), trabalham com essa possibilidade, sinalizando o quanto a música pode melhorar a concentração e a velocidade de atletas. “Qualquer um que fizer uma busca rápida na internet sobre os jogos olímpicos, por exemplo, vai perceber que é muito comum os atletas entrarem, antes da sua atividade, com fones de ouvido. É uma forma que eles têm de manter a concentração e o foco”, salientou o psicólogo. Mesmo em casa, nas atividades domésticas do cotidiano, como na preparação das refeições ou na limpeza, a música surge como um estímulo importante e uma forte aliada contra a monotonia das tarefas de casa. Para os que se entediam em fazer sempre as mesmas seções de exercícios rotineiramente, os sons musicais têm a capacidade de tornar a atividade menos entediante. “O exercício se torna menos monótono, a música concentra e envolve as pessoas naquela atividade. Em locais públicos, existe também o fator desinibidor”, ressalta o personal trainer Raphael Arnaut Brinco. . Raphael, porém, também destaca alguns fatores negativos. “Às vezes pode atrapalhar, porque o aluno dá mais atenção à música do que ao exercício propriamente dito”, ressalva Raphael, acrescentando que a altura do som também é prejudicial. “Toda academia que eu frequento tem briga, uns pedindo para diminuir o som, outros pedindo para aumentar. Como o público é muito heterogêneo sempre tem esse embate”, desabafa Raphael. SEM "BATE ESTACA" Um problema solucionado na Unic, academia especializada curiosamente num público específico: pessoas que não gostam de academia. Pode parecer contraditório, mas a segmentação da clientela deu certo. “São pessoas com 35 a 40 anos que só querem se cuidar. Por isso, não trabalhamos com música eletrônica, damos preferência à MPB (música popular brasileira). Nós escolhemos um meio termo, ponderado, agradável ao ouvido e motivador”, explica Patrícia Santos, coordenadora técnica e personal trainer da casa. A playlist muda de acordo com o tipo de atividade realizada. “Nas salas de musculação, bike, bike indoor e aula coletiva, usamos um estilo musical mais agitado. Já nas aulas de dança, a preocupação é com o aluno se sentir inserido na atividade, então usamos músicas mais atuais, que estejam bombando no momento”, detalha Patrícia. Camila de Andrade, veterinária, optou por malhar na Unic justamente pela proposta de trilha sonora diferente que a casa oferece. "Eu gosto muito de música, então aqui é um lugar em que eu consigo ficar, tranquilamente, sem os meus fones de ouvido", assegurou. "É bem diferente a proposta, e eu acho bem legal mesmo", garantiu. Já o dentista Rogério Aguiar, embora não abra mão de escutar uma boa canção acompanhando sua prática física, é adepto do fone de ouvido pela facilidade em selecionar as canções. “Hoje em dia é muito mais prático e simples de selecionar o que eu quero ouvir, então ouço o que estou a fim e no volume que a música pede” argumenta. "O meu desempenho depende muito da música que estou ouvindo, funciona como o meu energético. Não teria a mesma energia se treinasse no silêncio”, compara. *Por Yuri Euzébio (redacao@algomais.com)

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Qualidade de vida em debate

Quais os pilares para ter qualidade de vida? Essa pergunta provocadora norteou a 5ª edição do projeto Cidades Algomais, no CAM Bem-Estar, que aconteceu no Teatro Riomar, com realização da Revista Algomais e da CBN Recife. Os palestrantes abordaram temas como alimentação, atividade física, equilíbrio emocional e estética. Com patrocínio do Tulasi Mercado Orgânico, o evento conta com o apoio do Carrefour, Boris Berenstein, Hotéis Pernambuco, Shopping RioMar e Casafora. “O propósito do CAM Bem-Estar é mostrar como uma boa saúde está relacionada a uma série de pilares. Não é apenas fazer atividade física ou ter uma boa alimentação que vai garantir uma vida com saúde e bem-estar. É preciso, ao mesmo tempo, cuidar do corpo, do modo como lidamos com o estresse e a ansiedade, ter uma boa autoestima e saber envelhecer bem. Acho que nesta edição do evento conseguimos mostrar, que, para se ter uma boa saúde, é preciso ter equilíbrio e entender que o nosso corpo é uma ‘máquina’ complexa em pleno funcionamento”, afirmou a coordenadora do Cidades Algomais, Mariana de Melo. A alimentação saudável, com uma proposta orgânica e agroecológica, foi o tema da palestra de Renata Nascimento, do Tulasi. Na ocasião ela apresentou ao público uma discussão sobre o consumo sintrópico e a longevidade. “Sintropia vem dos sistemas agroflorestais, que é a agricultura imitando a forma da floresta se comportar. Agrofloresta não é só uma forma de plantar, mas uma filosofia de vida”, explica Renata Nascimento. O conceito é inspirado no trabalho desenvolvido pelo suíço Ernst Götsch. A sua fazenda, em Piraí do Norte, na Bahia, está em uma área que era improdutiva e, após décadas de trabalho agroflorestal, voltou a receber rios e hoje tem uma grande biodiversidade. “Quando a gente desmata uma área e faz dela pasto, ou monocultura, damos um passo atrás em relação à qualidade ambiental”, afirmou Renata Nascimento. O time de especialistas do evento contou com a nutricionista Andréa Santa Rosa, que abordou como reduzir a ansiedade com a alimentação e as mudanças de hábitos, e o educador físico Antônio Arruda, que tratou sobre a importância dos exercícios físicos para a prevenção de doenças. O psicanalista Paulo Fernando Pereira falou ainda sobre a busca pela felicidade e o perfil ansioso da sociedade atual. Já a dermatologista Gleyce Fortaleza debateu sobre a desmistificação da saúde e da beleza com o avanço da idade. Um dos destaques do CAM Bem-Estar pelo segundo ano é o projeto CAM 60 Dias. Desde agosto, quatro participantes tiveram como objetivo melhorar a qualidade de vida por meio da mudança na alimentação, realização de atividades físicas, cuidado com o equilíbrio emocional e com a estética. Eles contram com o apoio da equipe multidisciplinar composta por Débora Wagner, nutricionista, Karina Passos, dermatologista, Raíssa Lyra, endocrinologista, Tássia Queiroz, psicóloga, Rayane Arruda e Ingrid Silva, personal trainers. Durante o evento, dois meses após o início do desafio Ana Cristina Xavier, Mariana Barros, Rivaldo Neto e Thiago Araújo, contaram ao público presente suas experiências, com os resultados dos índices corpóreos e os avanços na qualidade da saúde. “No CAM 60 Dias pudemos ver na prática o propósito do evento, mostrando que para se ter uma boa saúde é preciso cuidar de pilares interconectados: atividade física, alimentação, equilíbrio emocional e estética e autoestima. Para os quatro participantes do projeto, os resultados do CAM 60 dias foram a representação do que esperamos ser uma vida com mais bem-estar e a preparação para um envelhecimento mais saudável”, analisa Mariana. Confira a cobertura completa do evento nosso site: mais.pe/cambemestar.

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Cientistas aliam nanotecnologia e produtos naturais para combater pragas agrícolas

Maria Fernanda Ziegler, de Paris – O Brasil é uma das grandes potências agrícolas do mundo e também um dos líderes no uso de agrotóxicos. Se por um lado os defensivos permitem controlar pragas e aumentar a produtividade, por outro, contaminam a água, o solo e os alimentos, afetando indiretamente a saúde humana. Em busca de alternativas mais sustentáveis, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Sorocaba têm apostado na combinação de nanotecnologia e produtos naturais. O tema foi abordado por Leonardo Fraceto, coordenador do Laboratório de Nanotecnologia Ambiental da Unesp, em palestra apresentada na FAPESP Week France. “Existe uma demanda crescente por alimentos em todo o mundo e a nanotecnologia permite criar metodologias para aumentar a produção agrícola. Não me refiro a um aumento na área plantada e sim na eficiência produtiva”, disse Fraceto. Como explicou o pesquisador, o objetivo do grupo é pesquisar diferentes sistemas para encapsular agentes de controle de pragas, como agrotóxicos sintéticos ou inseticidas e repelentes de origem botânica. “Outra linha de pesquisa propõe o uso de agentes biológicos, como fungos e bactérias, encapsulados em micropartículas”, disse. No âmbito de um Projeto Temático apoiado pela FAPESP, o grupo da Unesp estuda os mecanismos de ação e a toxicidade das metodologias desenvolvidas. De acordo com Fraceto, o uso de nanopartículas possibilita a entrega do composto ativo diretamente no local em que está a praga a ser combatida, reduzindo a quantidade de pesticida aplicada na lavoura, a toxicidade para a planta e, consequentemente, a contaminação ambiental. “A praga, por outro lado, recebe uma carga mais concentrada do ativo, o que permite diminuir o número de aplicações”, disse. O grupo desenvolveu, por exemplo, um sistema para encapsulamento da atrazina, um dos herbicidas mais vendidos no Brasil e já banido na União Europeia pela alta toxicidade. “Nos testes em laboratório, a formulação em nanopartículas poliméricas foi mais eficiente para o controle de pragas do que a convencional. Conseguimos reduzir a dosagem necessária de 3 quilos para 300 gramas por hectare. Nosso próximo passo será avaliar a formulação em estudos de campo”, disse o pesquisador. Em outro trabalho, publicado na revista Pest Management Science, os cientistas misturaram três diferentes compostos botânicos – geraniol (encontrado no gerânio, no limão e na citronela, por exemplo), eugenol (presente no óleo de cravo) e cinamaldeído (do óleo de canela) – em nanocápsulas poliméricas feitas de zeína, uma proteína do milho. “Somos uma equipe multidisciplinar e buscamos soluções satisfatórias tanto do ponto de vista ecológico como econômico. Elencamos algumas substâncias que julgamos interessantes para o manejo de pragas como a lagarta Helicoverpa [praga da soja], a lagarta-do-cartucho [do milho] e o ácaro-rajado [que ataca frutas, grãos e outras culturas], por exemplo”, disse. O simpósio FAPESP Week France foi realizado entre os dias 21 e 27 de novembro, graças a uma parceria entre a FAPESP e as universidades de Lyon e de Paris, ambas da França. Leia outras notícias sobre o evento em www.fapesp.br/week2019/france. Por Agência FAPESP

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Polo itinerante contempla bairros e distritos de Garanhuns na Magia do Natal

O encanto da Magia do Natal está sendo disseminado nos bairros e distritos de Garanhuns, com o polo artístico Natal Itinerante. Promovido pela Secretaria de Cultura, a ação tem o intuito de descentralizar a festa e incentivar os garanhuenses a conferirem o evento natalino. Os bairros Cohab III, Magano, Várzea, Boa Vista e Várzea já receberam apresentações artísticas com peças teatrais, folguedos populares e shows. Hoje (26), a partir das 18h, o bairro Liberdade recebe o teatro musical ‘A Importância do Natal’, formado por estudantes da Escola São Cristóvão; o Grupo Harmônico de Flautas e Violinos do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) do Centro de Referência em Assistência Social (Cras) Boa Vista; do Reisado Raio de Luz e o musical ‘Natal Nordestino’, da Escola Henrique Dias. A Vila do Quartel e os bairros Indiano, Brasília, Cohab II e Parque Fênix/Cohab I também receberão intervenções culturais. Nos distritos, as apresentações serão realizadas sempre às às quartas-feiras, às 17h30min. O distrito de São Pedro será o primeiro a receber apresentações, amanhã (27), seguido por Iratama (04/12) e Miracica (11/12). A Magia do Natal também chega a comunidade quilombola Estivas, na quarta-feira (18), com apresentações da Companhia Fisa D'Arte, com o espetáculo ‘João e Maria e um sonho de Natal’; do Grupo de Violões do Cras e da Orquestra Manoel Rabelo. A Magia do Natal abrilhanta Garanhuns até o dia 06 de janeiro, com apresentações artísticas até o dia 31 de dezembro. O evento é uma realização da Prefeitura de Garanhuns e recebe o patrocínio das empresas Bradesco, Tools Net, Farmácias FTB, Casa das Balas, Mano Imóveis, Ferreira Costa, Uniodonto, Café Ouro Verde e Chocolate Sete Colinas. A programação completa está disponível no site da Prefeitura (garanhuns.pe.gov.br), nas páginas oficiais da Magia do Natal (Instagram: @amagiadonataldegaranhuns; Facebook: /AMagiadoNatalGaranhuns) e nas páginas da Prefeitura de Garanhuns (Instagram: @prefgaranhuns; Facebook: /PrefeituradeGaranhuns).

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Como as esponjas e os fungos ajudam cientistas da USP a descobrirem novos medicamentos

Desde a antiguidade, substâncias encontradas nas plantas são utilizadas como fonte de tratamento contra uma série de sintomas e doenças. Porém, no começo do século XX, após a descoberta da penicilina (primeiro antibiótico da história) a partir de fungos, os olhares da comunidade científica começaram a se voltar para outros ambientes. Um deles, ainda inexplorado até hoje, é o fundo do mar, que reserva uma biodiversidade misteriosa. Com a criação de cursos de mergulho autônomo depois da Segunda Guerra Mundial, mergulhadores começaram a reportar casos de intoxicação e queimaduras ao tocarem em determinados animais, fatos que chamaram a atenção principalmente de bioquímicos, que passaram estudar o potencial das substâncias causadoras de tais efeitos. Mesmo após décadas de pesquisas, o meio aquático ainda segue desconhecido. Até por isso, ele nos permite vislumbrar diversas descobertas que poderiam ser feitas em caso de aumento no número estudos. Quem sabe não encontraríamos um novo composto eficaz contra alguma doença, por exemplo? É justamente com essa motivação que atuam os pesquisadores do Grupo de Química Orgânica de Sistemas Biológicos, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP. “Nós estudamos organismos do mar, como esponjas, moluscos, fungos, briozoários e demais invertebrados em busca de substâncias interessantes para o desenvolvimento de fármacos”, explica Roberto Berlinck, professor do IQSC e coordenador do Grupo, fundado em 2000. Mas, afinal, com tantos animais disponíveis no oceano para serem estudados, por que escolher organismos invertebrados? “Os animais que têm pouca mobilidade, ou fixos no substrato marinho, estão mais suscetíveis a ataques de predadores, competição por espaço e infecções por microrganismos patogênicos. Eles tiveram que desenvolver mecanismos de defesa eficazes, como os espinhos, que seriam uma defesa física, e os venenos, vistos como uma proteção química. Por isso, eles são tão atraentes de serem estudados”, explica o docente. O trabalho é complexo e envolve uma série de etapas. Por meio de mergulhos, coletas e análises detalhadas em laboratório, os cientistas investigam a bioatividade de substâncias extraídas dos animais para testá-las em células doentes. Claro que para realizar todas essas tarefas, é preciso vencer o desafio geográfico. Apesar da grande logística necessária para que o grupo do interior de São Paulo se desloque para o litoral, isso não diminui o empenho dos pesquisadores: “A distância nunca atrapalhou, mas é óbvio que é preciso ter disposição para ir ao mar, coletar, montar uma equipe e traçar a melhor estratégia”, diz o professor, que mergulha desde 1994 para fazer coletas. Entre os destinos visitados pelo docente estão Fernando de Noronha (PE), São Sebastião (SP), Baía de Todos os Santos (BA) e Cabo Frio (RJ). Mesmo com tanta dedicação, a missão não seria possível não fosse a ajuda de diversos colaboradores. Ao todo, são dezenas de pesquisadores, entre professores e alunos, espalhados pelo Brasil que colaboram com os estudos da USP. Brecando células cancerígenas – Um dos trabalhos em andamento no Grupo do IQSC é o da pós-doutoranda Camila Crnkovic. Em sua pesquisa, ela estuda a produção das fomactinas, substâncias obtidas a partir do fungo Biatriospora sp., encontrado dentro da esponja marinha Dragmacidon reticulatum, no litoral de São Sebastião (SP). Entre outras funções, as fomactinas possuem ação anticâncer, inibindo o crescimento de células cancerígenas depois de tratamentos por quimioterapia ou radioterapia. Utilizando técnicas computacionais, Camila descobriu que o fungo estudado produz muito mais dessas substâncias do que se imaginava, sendo considerado uma verdadeira fábrica de fomactinas. “O trabalho agora é isolar e identificar todas essas moléculas para determinar quais são as mais promissoras”, afirma a cientista. Testes em laboratório com alguns desses compostos mostraram resultados positivos em células doentes. Formada em Farmácia, Camila sempre carregou o interesse em atuar nessa área de pesquisa: “O apelo de procurar novos medicamentos é muito motivante para mim. Quando você começa a estudar a química de produtos naturais, tem muita coisa diferente, cada organismo produz um tipo de substância, cada classe de molécula tem uma atividade biológica diferente que pode virar um fármaco. Tudo fica mais atraente por toda essa diversidade”, diz a pós-doutoranda, que realiza sua pesquisa em parceria com Leandro Oliveira, mestrando do IQSC e o mais novo integrante do grupo de pesquisa. Apesar do pouco tempo de casa, o jovem, que veio da cidade de Cássia, do sul do Estado de Minas Gerais, já se sente respaldado pela equipe: “Embora tudo ainda seja novo para mim, a experiência está sendo incrível. A pesquisa no IQSC é muito bem estruturada e o grupo totalmente acolhedor’, afirma. Moléculas promissoras no combate ao câncer também foram localizadas em esponjas coletadas na foz do Rio Amazonas, bioma descrito em 2016. Em meio à diversidade local, elas chamaram a atenção por serem abundantes, despertando em Vítor Feire, doutorando do IQSC, o interesse em estudá-las. Ele analisou um conjunto de moléculas extraídas da esponja Dictyonella e descobriu que as substâncias foram capazes de inibir in vitro a atividade de um complexo enzimático chamado de proteassoma, ação que fez com que elas adquirissem atividade anticâncer. Os resultados obtidos com o trabalho geraram o artigo científico publicado na Revista Journal of Natural Products . Mesmo com resultados promissores, o pesquisador segue estudando novas esponjas encontradas no Rio Amazonas a procura de compostos cada vez mais eficientes. Formado em Química Ambiental pela UNESP, Vítor diz que se interessou pela área para descobrir como podemos utilizar organismos da natureza a nosso favor. “Aqui no laboratório, temos a possibilidade de estudar organismos nunca antes explorados”, revela o jovem, que se sente gratificado em atuar nesse ramo da ciência: “Além de fazer o que eu gosto, estou mirando lá na frente para conseguir um remédio que poderá ser utilizado em algum tratamento, isso é muito recompensador”. Como encontrar a molécula ideal? Diante das centenas de milhares de substâncias produzidas pelos animais aquáticos, identificar moléculas promissoras não está entre as missões mais fáceis. Segundo o professor Berlinck, a cada 10 mil novas substâncias descobertas, apenas uma chega efetivamente ao mercado. “É um processo longo, que envolve muitos recursos, tanto financeiro como de pessoal. É um esforço humano

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