Cultura e história – Página: 15 – Revista Algomais – a revista de Pernambuco

Cultura e história

Pernambuco celebra 200 anos da Confederação do Equador com seminário

O Governo do Estado de Pernambuco, por meio da Comissão Temporária para as Comemorações do Bicentenário da Confederação do Equador, em parceria com a Universidade de Pernambuco (UPE), o Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e o Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), entre outras instituições, realizará o evento “Confederação do Equador e os Desafios da Cidadania e do Republicanismo no Brasil (1824-2024)”. Financiado pela FACEPE – Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco, o seminário ocorrerá de 14 a 16 de agosto de 2024, na Escola Judicial – ESMAPE. O seminário contará com a participação de pesquisadores de diversas instituições do Brasil, que debaterão os desafios da cidadania e do republicanismo no contexto histórico da Confederação do Equador. Este evento é uma oportunidade única para refletir sobre os avanços e desafios enfrentados ao longo dos últimos 200 anos em relação à cidadania e ao republicanismo no Brasil. A participação é gratuita e a programação completa será divulgada em breve.

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A despedida de J. Borges, patrimônio pernambucano da xilogravura

Faleceu nesta sexta-feira (26), aos 88 anos, o renomado xilogravurista, cordelista, poeta e “patrimônio vivo de Pernambuco” José Francisco Borges, mais conhecido como J. Borges. Nascido em 1935 na cidade pernambucana de Bezerros, Borges manteve seu ateliê na mesma cidade ao longo de sua vida. Suas obras ganharam admiradores de peso, como o escritor Ariano Suassuna, e lhe renderam diversos prêmios, incluindo a comenda da Ordem do Mérito Cultural, o prêmio da Unesco na categoria Ação Educativa/Cultural, e o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco. J. Borges foi um artista de alcance internacional, com exposições realizadas nos Estados Unidos, França, Alemanha, Suíça, Itália, Venezuela e Cuba. Ele também ilustrou capas de livros de escritores renomados como Eduardo Galeano e José Saramago, e sua arte inspirou documentários e até mesmo o desfile da escola de samba Acadêmicos da Rocinha em 2018. Desde sua infância, quando talhava madeira para fazer colheres de pau e brinquedos artesanais, até sua dedicação à literatura de cordel a partir dos 21 anos, Borges sempre manteve um vínculo profundo com as tradições culturais do Nordeste brasileiro. A governadora Raquel Lyra emitiu uma nota de pesar, lamentando o falecimento do artista. “J. Borges levou Bezerros, o Agreste e Pernambuco para o mundo. E vai deixar uma saudade imensa. Mas a sua grandiosidade permanecerá aqui pelas mãos de seus filhos, discípulos e centenas de xilogravuras que representam tão bem a nossa cultura. Meus pêsames aos familiares e amigos.” O presidente Lula também comentou, nas redes sociais, a morte de J. Borges. “Nos despedimos hoje de José Francisco Borges, o J. Borges, um dos maiores xilogravuristas do país. Autodidata, começou a trabalhar muito cedo no agreste pernambucano. Fiquei muito feliz de poder levar sua arte até o Papa. Meus sentimentos aos familiares, amigos e admiradores deste grande artista do nosso país”.

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Tributo a Elton John movimenta o Teatro RioMar Recife

Para os fãs de Elton John, o Teatro RioMar Recife promete uma noite especial nesta sexta-feira, 26 de julho. O espetáculo “Elton John Essence – Rocketman” celebrará a trajetória e os principais sucessos do ícone da música pop mundial, com início às 21h. Interpretado pelo maestro e cantor Rogério Martins, único representante oficial de Elton John no Brasil, e sua banda Rocket Band, o show promete ser uma experiência única. Rogério Martins, reconhecido por seu timbre de voz semelhante ao de Elton John e por sua impressionante semelhança física com o artista, traz ao palco um espetáculo repleto de surpresas e uma performance eletrizante. A apresentação é um tributo emocionante e divertido, repleto de magia e cenografia, que visa encantar o público com os maiores sucessos do Rocketman. Os ingressos para o espetáculo, que custam a partir de R$ 100, estão disponíveis no site e na bilheteria do Teatro RioMar, bem como no app do RioMar Recife.

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Últimos dias da exposição “Narrativas Neolíticas” trazem programação especial

O projeto “Gráfica Lenta no Catimbau” se encerra neste final de semana na Galeria Maumau, em Recife. A exposição “Narrativas Neolíticas”, que reúne mais de 150 xilogravuras de 40 artistas, estará aberta ao público nas últimas oportunidades nesta sexta, sábado e domingo, das 15h às 19h. A programação especial inclui uma roleta de descontos e a exibição inédita do documentário “Trilhas do Alcobaça”. No domingo, o evento promete um encerramento memorável, destacando a roleta de descontos para aquisição de gravuras e a primeira exibição no Recife do documentário “Trilhas do Alcobaça”. Produzido por Cida Andrade e o Coletivo Trovoada, e dirigido por Gabi Ribeiro, o filme explora o Vale do Catimbau. A tarde festiva contará ainda com delícias preparadas pela Dhuzati e chope artesanal da Risoflora. Desde sua abertura em 6 de julho, “Narrativas Neolíticas” tem atraído visitantes com sua imersão nas paisagens e histórias do Vale do Catimbau. O projeto, resultado de uma residência artística de dois meses no parque arqueológico, celebra o décimo aniversário da Gráfica Lenta. Além da exposição na Galeria Maumau, as obras foram apresentadas em comunidades do Vale, incluindo o território indígena Kapinawá. Em breve, um arquivo digital com audiodescrições das gravuras e depoimentos estará disponível no Instagram do projeto (@graficalentacatimbau). Serviço: “Narrativas Neolíticas” – Gráfica Lenta no Catimbau Sexta, Sábado e Domingo (26, 27 e 28) Das 15h às 19h Galeria Maumau (Rua Nicarágua, 173, Espinheiro, Recife) Entrada gratuita Programação especial no domingo com exibição de documentário inédito @graficalentacatimbau

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Livraria do Jardim Promove Eventos Literários e Reflexivos com Programação Gratuita

A Livraria do Jardim, localizada no bairro da Boa Vista, está preparando um sábado repleto de atividades literárias e reflexivas. Neste sábado (27), a partir das 10h, a livraria será palco de dois eventos: a celebração de um ano do encontro “Livro, Café e Psicologia” e a 1ª edição do Café Paliativo. Os eventos são gratuitos e as inscrições estão disponíveis no Sympla. O dia começa com “Livro, Café e Psicologia” às 10h, uma edição especial de aniversário em parceria com o Neo Psicologia Recife, que abordará o tema “A Importância da Autovalorização nas Relações: Amor Próprio versus Sacrifício”. Este evento busca discutir como equilibrar o amor próprio e o sacrifício para promover relações saudáveis, proporcionando uma manhã de reflexões profundas e trocas significativas para ajudar os participantes a cultivar uma autoimagem positiva sem comprometer o bem-estar pessoal. À tarde, a partir das 15h, a 1ª edição do “Café Paliativo” oferecerá um espaço de diálogo sobre cuidados paliativos, uma abordagem de saúde que visa melhorar a qualidade de vida de pacientes e familiares com doenças graves. O evento contará com a presença das idealizadoras do projeto, Dra. Lilian Karine, especialista em cuidados paliativos, e Izabela Azevedo, influenciadora digital, além das convidadas Maria Paula, também influenciadora digital, e Nubia Alcoforado, psicóloga. Para mais informações e inscrições, o link do Sympla está disponível na bio do Instagram @livrariadojardim.

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Dicas para aproveitar o restinho das férias escolares (e ainda aprender com isso)

Para tirar crianças e adolescentes da frente de telas, neste período de recesso das aulas, professor de história monta roteiro que une lazer, cultura, história e gastronomia Todos os pais sabem o quanto é difícil tirar as crianças da frente de telas de celulares, TV e videogames. Em época de férias, entretanto, é fundamental tentar aproveitar ao máximo as formas de lazer em ambientes ao ar livre ou culturais, sobretudo se puderem acrescentar conhecimento ao passeio. E Recife é cheio de boas opções para a garotada nesse período de recesso. O bairro do Recife Antigo, o Instituto Ricardo Brennand e o Jardim Botânico da capital são três pedidas imperdíveis, por exemplo. Essas dicas são de Filipe Domingues, professor de história do Colégio GGE, que preparou um roteiro especial para os estudantes seguirem nesses últimos dias livres das obrigações escolares. Confira: Jardim Botânico – A primeira dica do professor envolve contato direto com natureza: o Jardim Botânico do Recife, no bairro do Curado. “O local é uma verdadeira aula sobre a flora brasileira, ao vivo e a cores. Infelizmente, ainda é pouco visitado.” O espaço é um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica na cidade. Entre os atrativos estão trilhas ecológicas, orquidário, jardim de flores tropicais e coleções de cactos e bromélias. Há sempre atividades de educação ambiental. Instituto Ricardo Brennand – Um dos melhores museus do mundo, segundo publicações especializadas. “Este é obrigatório. Quem não conhece, precisa conhecer. Fica a dica também de, se possível, almoçar com a família no Castelus Restaurante, que fica dentro do espaço”, diz. Inaugurado em 2002, nas terras do antigo engenho São João, no bairro da Várzea, o espaço cultural ocupa uma área de 77.603 metros quadrados, também com reserva de Mata Atlântica. Possui importante acervo próprio, com obras de artistas importantes na história da arte, como o francês Jean-Baptiste Debret e o holandês Frans Post. Galerias – “Uma boa opção também é fazer um turismo gastronômico na lanchonete As Galerias, que existe desde 1928, no Bairro do Recife”. Ali tem uma bebida gelada histórica, o maltado, com sorvete de baunilha e malte. Quem passa por ali também pode aproveitar e passear pela Torre Malakoff, na Praça do Arsenal, e a Rua do Bom Jesus, considerada uma das mais belas do mundo”, aconselha Domingues. Na Rua do Bom Jesus, aos domingos, sempre há uma feirinha. A Torre Malakoff abriga exposições. Museu de Arte Sacra de Pernambuco – O museu fica no sítio histórico de Olinda, no Grande Recife, cidade patrimônio da humanidade. “Pode-se também visitar os ateliês dos vários artistas que moram em Olinda e ter muito contato com arte”, conta o professor. O casarão que abriga o espaço data de 1537. O museu reúne objetos de culto como santos populares e de procissão, relicários, custódias e pinturas religiosas. Um dos destaques do acervo é a coleção de imagens do século 16. Museu da Abolição – “Poucos sabem que um dos principais articuladores da Lei Áurea foi o pernambucano João Alfredo Correia de Oliveira. Ali ficava a casa dele. Tem até uma cidade em homenagem ao personagem histórico, que fica no Agreste. João Alfredo ajudou na lei que acabou com a escravidão do Brasil. Conhecer essa história é fundamental”, conclui Filipe Domingues. O Conselheiro João Alfredo, foi deputado Provincial, deputado Geral, senador do Império, conselheiro de Estado, presidente das províncias do Pará e de São Paulo e também presidente do Conselho de Ministros no reinado do imperador Dom Pedro II. O pernambucano morreu em 1919, no Rio de Janeiro. O museu é um centro de referência da cultura afro-brasileira. Endereços dos locais citados Jardim Botânico do Recife: Rodovia BR 232, Km 7,5, no Curado. Telefone: (81) 3355-0321. Funciona de terça a domingo, das 9h às 15h30, com entrada gratuita. Instituto Ricardo Brennand – Alameda Antônio Brennand, s/n, na Várzea. Telefone: (81) 2121-0365. Funciona de terça-feira a domingo, de 13h às 17h. Os ingressos custam R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). Confirmar valores na bilheteria. As Galerias – Rua da Guia, 207, Recife Antigo. Funciona das 7h às 22h. Cardápio variado. Museu de Arte Sacra de Pernambuco – Rua Bispo Coutinho, 726, Alto da Sé, em Olinda. Funciona de terça a sexta-feira, das 10h às 17h, e sábados e domingos, das 14h às 17h. Telefone (81) 3184-3154. Museu da Abolição – Rua Benfica, 1150, no bairro da Madalena. Telefone: (81) 3228-3248. Funciona das 9h às 17h, durante a semana, e das 13h às 17h, aos sábados.

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Mostra da Diversidade Sexual no Sertão do Pajeú abre inscrições para 2024

A Mostra da Diversidade Sexual no Sertão do Pajeú, sediada em Afogados da Ingazeira (PE), está convocando produtores e cineastas de todo o Brasil para inscreverem suas produções e compor a programação de 2024. As inscrições estarão abertas de 24 de julho a 10 de agosto através do link https://forms.gle/EEWRxXagQakbxd8G6. Além de temáticas LGBTQIAPN+, o evento também focará em empoderamento feminino, combate à intolerância religiosa e ao racismo. A terceira edição da mostra, patrocinada pelo Banco do Nordeste e incentivada pela Lei Rouanet e Minc, trará uma programação diversificada que inclui não apenas exibições de filmes, mas também ações de sustentabilidade e formações na área cultural. Entre as atividades planejadas estão o plantio de árvores pela cidade de Afogados da Ingazeira e a realização de oficinas e debates sobre cinema e audiovisual em escolas públicas. Lúcio Vinícius, diretor da Xerém Produções, enfatiza a importância do evento como plataforma para fortalecer a comunidade LGBTQIAPN+. A programação inclui apresentações artísticas, debates com realizadores e exibições no Cine São José, um dos poucos cinemas de rua em funcionamento no estado. A mostra, organizada pela Xerém Produções e pelo Grupo LGBTQIAPN+ Filhes do Pajeú, ocorrerá de 16 a 19 de setembro, com todas as atividades gratuitas. Mais informações podem ser encontradas no Instagram da mostra.

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A escrita depois da morte

*Paulo Caldas    A partir do capítulo Primeiras Reflexões, no trecho: “brilhe a sua luz”, assinado pelo autor Carlos Pereira, o leitor deste “Tempos de fé” quem sabe afugenta o fantasma da incredulidade, sem o temor das críticas, quando o assunto aborda livros psicografados. A narrativa é coloquial, sem apego aos rigores estéticos, caminho livre às mensagens vindas de Karol Wojtyla, o Papa João Paulo II, o João de Deus. Régua e compasso são habilmente usados no traçar dos detalhes certificadores, que dão credibilidade em publicações desta natureza e se destacam no tom afirmativo das falas. Noutro recorte, o autor reproduz o pensar do papa: “sei que ainda demorará algum tempo para a nossa Igreja aceitar os escritos pós-morte, pelo menos oficialmente”, e nessa mensagem acrescenta: “não sei se o Papa Francisco, homem de pensamento claro, tomará a decisão na época oportuna de dizer o que sabe e estimular a transcendência do ser na busca de Deus”. Mais adiante, destaca outro aspecto: “o ato de escrever me faz transcender quando uso a mente de alguém para me expressar, condição que me torna mais vivo do que antes. Expressar-me pelo psiquismo alheio é um desafio constante: primeiro porque não sou eu plenamente, depois porque é difícil alinhar pensamentos e dividir com aquele que escreve e que dará, naturalmente, seu toque pessoal”. “Tempos de fé”, tem projeto de capa de Irajá Morais e a produção da Editora Despertar, pode ser encontrado nas livrarias Imperatriz, Espaço do livro (Camará Shopping), Banca Espírita (Rua Ubaldo Gomes de Matos-Santo Antônio). HTTPS//despertareditoralojaintegrada.com. BR. *Escritor

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Nation Beat se apresenta nesta quinta-feira (25) em Olinda

Nesta quinta-feira (25), o grupo norte-americano Nation Beat se apresentará no Teatro Fernando Santa Cruz, localizado no Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda. O espetáculo, que faz parte da turnê de lançamento do álbum “Archaic Humans”, contará com a participação especial do cantor e compositor Maciel Salú. Os ingressos estão à venda no Sympla, com preços variando entre R$20 (meia-entrada) e R$40 (inteira). Formada em 2008 no Brooklyn, Nova Iorque, pelo baterista Scott Kettener, a Nation Beat é conhecida por sua mistura única de música brasileira com influências de New Orleans e do Jazz. A banda está atualmente em turnê para promover seu quarto álbum, “Archaic Humans”, lançado em março deste ano pelo selo Ropeadope. Após passar por New Jersey, Nova York e Ottawa, o grupo agora traz sua energia e som vibrante para Pernambuco. O Nation Beat possui uma forte conexão com a cultura pernambucana, frequentemente incorporando ritmos como Maracatu de Baque Virado, Coco de Roda, Coco de Trupe e Forró em suas músicas. Em visitas anteriores ao Recife, o grupo colaborou com artistas locais como Silvério Pessoa, Fabiana Masilli e o mestre Walter de França, regente do maracatu Estrela Brilhante do Recife. Serviço – Show do grupo Nation Beat em Olinda Data: 25 de julho (quinta-feira)Hora: 19hLocal: Teatro Fernando Santa Cruz (Av. Dr. Joaquim Nabuco – Varadouro, Olinda)Ingressos: Meia-Entrada R$20,00 e Inteira R$40,00 | SymplaClassificação: Livre

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1824: os passos e a queda da Confederação do Equador

*Por Rafael Dantas Como se inicia um novo país? Os quadros heróicos e hinos de louvor aos revolucionários não dão conta do trabalho de organização de um estado. Opositores, pressões militares e econômicas, reconhecimento internacional… A Confederação do Equador, proclamada há 200 anos em Pernambuco, na sua breve trajetória encampou muitas dessas batalhas nos quase cinco meses que permaneceu de pé. O movimento, que teve entre seus principais expoentes o religioso e intelectual Frei Caneca e o governador Manoel de Carvalho Paes Andrade, expõe os desafios de quem decide construir um novo caminho contra o sistema vigente. A revolução, que pela segunda vez separava Pernambuco do restante do País, não era uma simples revolta contra um mau governo nacional. Havia um conjunto de ideias republicanas e de autonomia local que sedimentaram o caminho revolucionário. Não havia um consenso sobre propostas como a da abolição da escravatura, mas era uma pauta que também circulava na época. NARRATIVAS, DEBATE PÚBLICO E IDEAIS REVOLUCIONÁRIOS Se hoje os debates nas redes sociais – inclusive recheados de fake news – formam o que chamamos de opinião pública e induzem a direção das decisões políticas, na época um dos intelectuais que moveu as ideias foi Frei Caneca. Líder religioso, soube usar seus espaços eclesiásticos e também a imprensa para questionar os caminhos do Império e propor novas alternativas. Em seu emblemático jornal Tiphys Pernambucano, que circulou até agosto de 1824 (durante o governo revolucionário) e em outros escritos, Caneca deixou registrado o pensamento que se tornou o combustível dos dias da revolução. Um semestre antes da proclamação da Confederação do Equador, o frei descrevia que o País estava com uma “uma nau destroçada pela fúria oceânica” e que carecia da ajuda decidida e abnegada de todos os seus filhos. Para ter ideia da consciência do seu papel, Frei Caneca escreveu em uma de suas cartas, em 1823, que “é um dever do cidadão, que escreve, dirigir a opinião pública e levá-la como pela mão no verdadeiro fim da felicidade social”. Na primeira edição após a proclamação da Confederação, que circulou em 8 de julho daquele ano, Caneca celebra o passo dado pelos revolucionários, antecipa a resposta que viria do Império mas de, antemão, já compartilha com seus leitores a aceitação internacional da queda da unidade nacional. O redator contava que jornais da Argentina, do Uruguai e da Inglaterra já previam a queda do governo. Se a segurança pública é um dos temas que atormentam os brasileiros do Século 21, durante o Império, a decisão de Dom Pedro de retirar as tropas de Pernambuco inflamou os revolucionários. Diante de um iminente ataque da Corte Portuguesa, Dom Pedro I deslocou sua presença militar do Recife para defendê-lo no Rio de Janeiro. Isso não passou ileso pelas páginas no Thypis Pernambucano. Frei Caneca denunciou que o imperador teve forças para causar muitas hostilidades aos pernambucanos em tempos de paz, gastando muito dinheiro e só trazendo prejuízos à província e “agora que vê os perigos iminentes, trata unicamente de sua pessoa, desampara-nos, entrega-nos a nossos recursos, energia e valor!. (…) Os defensores são para o tempo dos perigos, e se não servem para esses, menos para os de paz e tranquilidade. Não queremos defensores de mostrar e sim de defender”. O jornalista Luiz do Nascimento escreveu no artigo O Jornalismo Pernambucano ao Tempo da Independência (no Diário de Pernambuco, em 1972) que o “Thypis foi o órgão oficial da Confederação do Equador e o valoroso Frei Caneca só largou a pena depois da 29ª edição, para juntar-se às tropas de Manoel de Carvalho Paes de Andrade, terminando [fechando o jornal], dada a derrota do movimento”. ESFORÇOS NA SEGURANÇA Enquanto Frei Caneca incendiava os pernambucanos contra o imperador, logo após a proclamação, o governador Paes de Andrade lança um manifesto para tornar a revolução conhecida da população e começa os esforços de defesa. As preocupações com a segurança eram justamente da vinda de embarcações portuguesas para o Recife e, na sequência, dos embates do Império contra a Confederação do Equador. “Em 1824 já era possível imprimir documentos que eram espalhados pelas ruas, colados nos muros e nos postes. Dessa maneira, as pessoas liam e discutiam esses papéis que tiveram uma circulação formidável”, afirma o historiador Flávio Cabral, professor da graduação e pós-graduação da Unicap. “Antigamente se fazia essa comunicação muito verbalmente também e por manuscritos. Mesmo as figuras escravizadas e as mulheres da época tomavam conhecimento dos temas debatidos por meio desses manifestos e pelos boatos”. Se a comunicação da revolução estava em ordem, a organização das forças militares era um desafio. Embora tenha arregimentado muitos apoiadores, a Confederação do Equador tinha opositores também entre as lideranças políticas locais. Logo, parte dos chefes militares locais aderiram à revolução, enquanto a outra parte ficou ao lado do Império. “Manoel de Carvalho tem apoio de parte das elites. Mas havia uma outra parte que foi alijada do poder, que é a de Francisco Paes Barreto, o Morgado do Cabo. Então há um choque dessas elites. O presidente da Confederação do Equador teve apoio do Batalhão dos Henrique, por exemplo, e de outras milícias locais que tenta- ram se organizar para conter a contrarrevolução”, afirmou Bruno Câmara, professor da Universidade de Pernambuco, em Garanhuns. A defesa contrária à revolução, no entanto, vinha de uma estrutura do Império que se fortaleceu nos anos anteriores de 1824. “As tropas imperiais, vale lembrar, passaram por uma reformulação após a Independência de 1822, e se tornaram extremamente fortes. Essas tropas descem em Alagoas e vão marchando, junto a tropas do Morgado do Cabo, até o Recife. Elas têm várias escaramuças. Foi essa força que debelou várias revoltas contra o Império, após o período regencial”. A ameaça do avanço imperial fez Frei Caneca clamar, no Thypis Pernambucano de 5 de agosto de 1824, pela participação popular para pegar em armas. “Quando a pátria está em perigo, todo cidadão é soldado. (…) todos deveriam se adestrar nas armas para rebater o inimigo agressor”. CONSTITUIÇÃO PROVISÓRIA E OS DEBATES CONSTITUCIONAIS

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