Arquivos Cultura e história - Página 25 de 359 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Cultura e história

Teatro Hermilo Borba Filho Foto Marcos Pastich

Semana Hermilo em cartaz até domingo

Oferecida pela Prefeitura do Recife, programação celebra o autor, encenador, professor, crítico e ensaísta pernambucano Hermilo Borba Filho. Até domingo (14), serão apresentados, no teatro que leva o nome do homenageado, no Recife Antigo, mais quatro espetáculos, entre eles o inédito “Noite”, com texto de Ronaldo Correia de Brito   Em homenagem a um dos pioneiros e grandes defensores da literatura e do teatro enraizados na cultura popular nordestina, está em cartaz na cidade, até o próximo domingo (14), a Semana Hermilo. Após três dias de sucesso de público, nos últimos sábado, domingo e segunda (6, 7 e 8), a celebração a Hermilo, à sua estética e temáticas que revolucionaram o teatro nacional com seu realismo fantástico de raízes fincadas no solo seco do Nordeste, continua hoje (10) e na sexta (12), também às 19h, com mais dois espetáculos: “Terreiro Trajetória”, um solo de dança dedicado à cultura popular, com coreografia, encenação e produção assinados por João Lira, e o aguardado “Noite”, de Claudio Lira, que divide a produção com a Luz Criativa e terá sessão única na sexta, às 20h. O texto de Ronaldo Correia de Brito, “Noite”, estreia na Semana Hermilo, explorando os escombros da memória de duas velhas irmãs, Mariana (Zuleika Ferreira) e Otília (Márcia Cruz), confinadas em um antigo casarão decadente, transformado pela própria família em museu. Enquanto se confundem com as antiguidades expostas, sua sobrinha (Karinë Ordonio) serve como único elo com o presente. Perto da casa, um casal de namorados se joga na represa. Enquanto caminhões e escavadeiras trabalham noite adentro à procura dos corpos, as irmãs mergulham nos escombros de suas lembranças, revivendo afetos e refletindo sobre valores, família e amores, buscando nas ruínas da memória imagens possíveis de um novo futuro. O espetáculo terá uma breve temporada ainda neste mês de julho, no mesmo Teatro Hermilo. Encerrando a programação dedicada ao dramaturgo, filho da cidade e do imaginário de Palmares, os espetáculos “Matilda”, da Subitus Company, da UFPE, e “Baba Yaga”, da Cia de Repertório, serão apresentados no sábado e no domingo, respectivamente, às 19h. Com direção de Neves da Senna, “Matilda” é um musical inspirado no clássico filme, tão popular nas tardes da televisão brasileira. Já “Baba Yaga”, estrelado por Sonia Carvalho, com direção de Toni Rodrigues, explora o arquétipo da bruxa mais temida do folclore russo, dissecando a humanidade da vilã célebre em todo o leste europeu. Exposição -  Inaugurada na abertura da Semana Hermilo, está em cartaz também, no Teatro Hermilo, a exposição de longa duração “Luiz Marinho, um resgate do autor que veio da mata”, em homenagem a outro importante dramaturgo pernambucano, autor das peças “Um Sábado em 30” e “Viva o Cordão Encarnado”, membro da Academia Pernambucana de Letras e vencedor do Prêmio Molière de Teatro.  SEMANA HERMILO De 6 a 14 de julho No Teatro Hermilo Borba Filho  PROGRAMAÇÃO GRATUITA Dia 10 (quarta-feira) 16h/19h - Apresentação do espetáculo “Terreiro Trajetória” Dia 12 (sexta-feira) 20h -  Apresentação do espetáculo “Noite” Dia 13 (sábado) 19h -  Apresentação do espetáculo “Matilda” Dia 14 (domingo) 19h - Apresentação do espetáculo “Baba Yaga”

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4 imagens do Edifício Celso Furtado (ex-Sudene) Antigamente

A reportagem de capa da semana da Algomais apresenta algumas novidades do histórico Edifício Celso Furtado. A coluna Pernambuco Antigamente faz um passeio nos primeiros anos desse prédio que marcou a arquitetura pernambucana e brasileira. Antigo prédio da Sudene - Cidade Universitária, Inaugurado em 1974Foto: Recife de Antigamente Prédio da Sudene em construção. Cidade Universitária. Janeiro de 1971Foto: Recife de Antigamente Outra imagem aérea do prédio, nos anos 1970 O imponente prédio, um marco da arquitetura local e nacional

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A Confederação do Equador e a formação de uma identidade para Pernambuco

*Por Carlos André Silva de Moura É consenso entre pesquisadores que Pernambuco foi uma das localidades com movimentos sociopolíticos marcantes para a formação da nacionalidade, a constituição de identidades libertárias e o orgulho de um povo por sua História. Dentre os eventos que podem ser destacados, presentes em ações cotidianas, debates no ambiente escolar, nas marcas de diferentes lugares do Recife ou em datas cívicas, estão a Revolução Pernambucana (1817) e a Confederação do Equador (1824). O evento de 1824 se caracterizou como um movimento revolucionário, com ideais republicanos e separatistas, iniciado no dia 2 de julho e com desdobramentos em diferentes províncias do Norte do Brasil. Parte das discussões travadas após a Independência, em 7 de setembro de 1822, impactaram questões sociopolíticas e econômicas remanescentes dos acontecimentos de 1817. Tais problemáticas foram fortalecidas por insatisfações com os princípios monarquistas e centralizador de Dom Pedro I (1798-1834), especialmente, após a outorga da Constituição de 1824. Mesmo com a Independência, o imperador ainda estava atrelado à Coroa Lusitana, com a manutenção dos seus direitos sucessórios ao trono. Além dos fatores externos, os cidadãos em Pernambuco enfrentavam dificuldades econômicas e eram obrigados a pagar elevadas taxas ao Império, com a justificativa de financiar as guerras pós-independência. Para tentar resolver as questões internas, representantes da província esperavam uma Constituição federalista, com a concessão de autonomia a cada região. No entanto, a Carta Constitucional centralizou o poder, com insatisfações em diferentes localidades. Com a difusão do trabalho da imprensa, as críticas ao governo eram divulgadas em diferentes periódicos, a exemplo do jornal Typhis Pernambucano, dirigido por Frei Caneca, tornando-se fundamental para a propagação dos ideais revolucionários. Com o clima de tensão, Dom Pedro I nomeou um novo presidente para província, Francisco Paes Barreto, com a destituição de Manuel Paes de Andrade, que tinha sido escolhido pelas Câmaras de Olinda, Recife, Igarassu, Pau d’Alho, Cabo, Limoeiro e Sirinhaém. Com o aumento das tensões com o governo, o movimento revolucionário ganhou força nas ruas do Recife e teve adesão de alguns estrangeiros. Em 2 de julho de 1824, Manoel de Carvalho Paes de Andrade proclamou a Confederação do Equador, constituindo-se em uma nova República, com o objetivo de congregar em um mesmo Estado províncias que se estendiam da Bahia até o Grão-Pará. Além dos princípios republicanos, também foi defendido o fim do tráfico negreiro no porto do Recife e a abolição da escravidão, fato que causou inquietações entre alguns integrantes do movimento pelos possíveis impactos em seus negócios. A divisão entre alguns líderes da Confederação do Equador enfraqueceu a revolta e colaborou para a reação do Império. Após empréstimos concedidos pela Inglaterra e a contratação de tropas no exterior, em 29 de novembro de 1824, Dom Pedro I conseguiu sufocar o movimento, com o comando de Thomas Cochrane, em uma das mais violentas ações do período. Centenas de revoltosos foram presos, outros morreram em combate e 31 líderes condenados à morte, entre eles, o carmelita Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo – Frei Caneca. A história em torno da Confederação do Equador, dos seus personagens, especialmente Frei Caneca, contribuiu para a formação de uma identidade que foi reforçada a partir de diferentes iniciativas durante o Século 20 e em tempos recentes. Atualmente, o movimento é debatido em escolas, suas ideias refletidas a partir da construção de uma nacionalidade e do orgulho de se impor contra as injustiças de um determinado período histórico. Do mesmo modo, o religioso carmelita ocupa um espaço importante no imaginário social da atualidade, como um indivíduo que se manteve relutante diante das desigualdades e arbitrariedades. O conhecimento das formas de atuação dos líderes da Confederação do Equador é fundamental para a História de Pernambuco, com o desenvolvimento de uma identidade coletiva. As suas discussões têm impactos para que indivíduos possam se reconhecer em atos de coragem de atores sociais que colaboraram com a formação da nossa História. Carlos André Silva de Moura é historiador e professor da graduação e pós-graduação da UPE (Universidade de Pernambuco)

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Letras com ternura

*Paulo Caldas Seria uma saga, caso fosse uma obra ficcional, bem à feição do autor. Contudo, “Todos os amores de Lourdes- volume I” é um romance nascido do talento de Sidney Nicéas com a verossimilhança de Lourdes Alencar, reunindo fatos que só "a literatura ajuda a criar os laços que transcendem à percepção comum da realidade”, conforme revela verve do autor. Não obstante a obediência ao universo real, há trechos abraçados ao imaginário quando, por exemplo, resgatados da memória infantil da biografada, conforme revela o autor. Das letras enfileiradas afloram frases concebidas com absoluta naturalidade e o texto possui ternura, um jeito manso de conquistar o leitor desde a gênese, quando a menina brinca de viver e já desperta olhares lascivos, até a certeza que trabalho e amor têm o mesmo significado. Afinal, só o amor faz mover o mundo. O livro traz as orelhas e revisão da escritora Geórgia Alves, edição de Sidney Nicéas, Carlos Sierra e Ricardo Mituti, concepção de capa de Sidney Nicéas, pesquisa de Júlio Sartori e impressão da FacForm Gráfica. Os exemplares podem ser adquiridos com o autor pelo contato, fone/whatsapp 98833-8730. * Escritor

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Paulo Roberto Cannizzaro lança “Ainda há tempo Contemplando o Sol”

O consultor de empresas, advogado, escritor e poeta Paulo Roberto Cannizzaro lança seu mais novo romance, "Ainda Há Tempo, Contemplando o Sol". A obra, editada pela portuguesa Ipê das Letras, é uma narrativa envolvente sobre os deslocamentos de pessoas pelo mundo, um tema universal presente em todos os ciclos da experiência humana. Neste novo livro, Cannizzaro explora a rica miscigenação do Brasil, um dos países mais diversificados do mundo desde a colonização pelos portugueses até meados do século XX. Através de uma prosa cativante, o autor retrata a essência dessa diversidade, destacando a contribuição de vários povos na formação da identidade brasileira. Desde os indígenas, os primeiros colonizadores portugueses, até os imigrantes subsequentes, como franceses, holandeses, italianos, japoneses, alemães, entre outros, e os africanos trazidos como escravos, cada grupo deixou sua marca indelével na cultura e na sociedade brasileira. "Ainda Há Tempo, Contemplando o Sol" já foi lançado em Portugal e agora chega ao Brasil, trazendo consigo uma reflexão profunda sobre a formação e a riqueza cultural do país. O livro promete tocar o coração dos leitores e oferecer uma nova perspectiva sobre a história e a identidade brasileira através dos olhos de Paulo Roberto Cannizzaro. Confira abaixo um batepapo com o autor. Qual é o principal tema abordado no romance "Ainda Há Tempo, Contemplando o Sol"? Paulo Roberto Cannizzaro - É um romance simples, uma história singela e que o contexto é de um emigrante que sai fugido do Estados Unidos por ser um negro que se casa com uma branca, de uma família empresária americana. O pai é de origem de migrantes italianos, que também migraram para os Estados Unidos Quais são alguns dos povos mencionados que contribuíram para a formação da identidade brasileira, segundo o seu novo romance? Paulo Roberto Cannizzaro - Portugal, Itália, embora a imigração histórica no Brasil seja diversa, também de alemães, japoneses, e árabe, em períodos distintos. Como a sua origem familiar se relaciona com a história do romance? Paulo Roberto Cannizzaro - Minha família é de origem italiana, especificamente da Sicília, da cidade de Agrigento, com influência grega, Aragas, o número histórico. Agrigento é a cidade do Vale dos Templos dos deuses, que migraram para Juiz de Fora, Minas Gerais, para o exercício da profissão de alfaiates, uma profissão na época muito nobre na Europa. A escolha de Minas deve-se a dois fatores. Juiz de Fora tem algumas características parecidas com Agrigento, e tinha uma indústria têxtil nascente no Brasil. Num determinado momento histórico Juiz de Fora foi um polo importante industrial no Brasil. Qual é a principal crítica de Darcy Ribeiro à ideia de "democracia racial" de Gilberto Freyre? Como esse ponto se conecta com o novo romance? Paulo Roberto Cannizzaro - Darcy defendia a importância da miscigenação racial do Brasil, com imigrantes. O Brasil tem historicamente um ciclo de embraquecimento da identidade do brasileiro, oriundo dos negros e escravos, e dos índios, e depois com a imigração de estrangeiros o país adquire uma série de novas características culturais. Darci chamava que essa miscigenação é responsável pela nova originalidade embora isso devesse promover uma miscigenação econômica capaz de eliminar as desigualdades raciais. Freire não abordou essa realidade com tanta ênfase da perspectiva econômica, relevando muito mais a dimensão racial mesclada. Em que período histórico seu romance foca para abordar a imigração italiana para o Brasil? Paulo Roberto Cannizzaro - No último século. A imigração no Brasil se deu em várias épocas, de 1860 a 1960 imigraram cerca de 20 milhões de italianos, principalmente para os Estados Unidos, Brasil e Argentina. Esses ciclos se deram em vários momentos históricos, seja na primeira guerra, no colapso da crise americana, depois fortemente na segunda guerra mundial, e na sequência. Qual foi a profissão exercida pela sua família que inspirou o seu novo romance ao emigrar para o Brasil? Conte-nos um pouco dessa história. Paulo Roberto Cannizzaro - Todos os homens da minha família foram alfaiates, e a profissão de Alfaiataria se concentrou inicialmente em Campinas e em Juiz Fora, com dois desbravadores no Brasil, atividades que alimentou o mercado de São paulo e Rio de Janeiro, com a fundação de várias confecções e principalmente de malharias, e produção de roupas de "costumes", como eram conhecidos os trajes dos homens. Isso foi feito no início com tecido importado e depois com tecidos nacionais. Meu pai trabalhou numa das grandes malharias, meu avô fundou uma Alfaiataria que ficou famosa, chamada ALFAIATARIA CANNIZZARO No seu livro, no contexto histórico o senhor informa que o fim do tráfico de escravos incentivou a imigração europeia para o Brasil. Está correto? Paulo Roberto Cannizzaro - Muito, foi determinante, e principalmente pela melhor mão de obra nas plantações de café, no açúcar, e depois no processo de industrialização, no início do século, no trabalhismo de Getúlio, na indústria nacional com Juscelino. O Brasil não tinha mão-de-obra especializada. Quem foi Bernardo Mascarenhas e qual foi sua contribuição para a cidade de Juiz de Fora? Paulo Roberto Cannizzaro - Um visionário empresário que monta uma indústria têxtil em Juiz de Fora, e uma usina de energia que alimenta o estado de Minas, a energia para as indústrias, é a primeira usina elétrica na América Latina. Como o romance conecta a história de amor entre um negro e uma mulher branca com a imigração e a industrialização no Brasil? Paulo Roberto Cannizzaro - Estão vinculados uma história de um negro que foge dos Estados Unidos pela chaga do preconceito de uma família americana branca, da grande elite social, a necessidade do homem trabalhar, em emprego escasso, a perspectiva do Brasil ser um país que está empregando, e que acolhe imigrantes com maior facilidade. É possível dizer que o Brasil ainda é uma das nações mais acolhedores do mundo para imigrantes, e que nosso preconceito seja muito mais econômico do que racial, mesmo que se reconheça haver preconceitos, no entanto, muito menos acentuado como a sociedade americana, por exemplo; O senhor cita que Juiz de Fora foi chamada de "a Manchester brasileira"? De alguma

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Festival Pernambuco

Festival Pernambuco Meu País terá 24 dias de shows

O Festival Pernambuco Meu País vai reunir artistas regionais e nacionais em apresentações gratuitas realizadas em cidades do Agreste e Sertão, de 12 de julho a 1º de setembro. Entre os artistas que irão se apresentar estão os pernambucanos Alceu Valença, Duda Beat e Lenine. Vanessa da Mata, Chico César, Carlinhos Brown, Ana Carolina e Maria Gadú são outros nomes na programação. O evento vai percorrer as cidades de Taquaritinga do Norte (12 a 14 de julho), Bezerros/ Serra Negra (19 a 21 de julho), Gravatá (26 a 28 de julho), Pesqueira (2 a 4 de agosto), Caruaru (9 a 11 de agosto), Triunfo (16 a 18 de agosto), Arcoverde (23 a 25 de agosto) e Buíque (30 de agosto a 1º de setembro). O festival vai homenagear dois pernambucanos: o artista plástico Abelardo da Hora e o percussionista Naná Vasconcelos. Além das apresentações musicais, o evento conta também com exposições e atividades de artes visuais; exibição de filmes, atividades de circo; apresentações de dança; atrações de design e moda; debates e palestras sobre o mercado de arte e cultura; além de mostras de fotografia; gastronomia; ações de literatura; de teatro e ópera; e feiras de artesanato. Confira a programação no site da Secretaria de Cultura do Estado (https://abrir.link/ToHlo)

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1824: uma confederação contra o autoritarismo e por uma alternativa política

*Por Rafael Dantas No dia 2 de julho de 1824, Pernambuco proclamava pela segunda vez a independência do restante do País. Apenas sete anos após a Revolução de 1817, o Estado mais uma vez se insurgiu. Não se tratava de um simples movimento separatista. Era uma revolução que defendia um modelo republicano com maior autonomia para as províncias. Além de alcançar uma parcela significativa do Nordeste, abrangendo Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e até o Ceará, a Confederação do Equador convidava as demais regiões do Brasil para aderirem a esse projeto alternativo. A revolta que gerou a separação do Nordeste oriental tem motivações claras e pautas políticas ainda não resolvidas pelo País, 200 anos depois. O estopim do movimento acontece por um conjunto de medidas autoritárias e centralizadoras de Dom Pedro I, que sufocam a autonomia das províncias e os outros modelos de País que estavam em construção. DOIS POLOS, DOIS PROJETOS DE PODER Se o Brasil no Século 21 fala-se tanto em polarização, no País em construção ainda no Século 19, havia uma divisão de ideais. Pouco tempo após a proclamação da independência de Portugal, havia um modelo em desenvolvimento que atendia mais o interesse do imperador Dom Pedro I, centralizado e mais conservador. Por outro lado, um grupo mais liberal defendia a República, a instituição de uma confederação – o que conferia mais autonomia às províncias – e possuía um caráter nacionalista. ”Na própria Independência do Brasil existiam projetos distintos de nação e o vencedor foi o da Corte do Rio de Janeiro, que as províncias tiveram que aceitar. É o projeto das elites pernambucanas, alinhadas à Corte. Esse é o grande problema dessas rupturas e em 1824 aconteceu a mesma coisa. Um projeto conseguiu sufocar o outro que estava sendo gestado”, afirmou Bruno Câmara, historiador e professor da UPE. Em Pernambuco, a liderança intelectual que endossa o pensamento republicano e confederativo é de Joaquim da Silva Rabelo, o Frei Caneca. Havia naquele início de século a circulação da literatura europeia e dos ideais políticos de superação da monarquia em Pernambuco, que tinha forte conexão com o mundo a partir do seu porto. Muitos filhos da elite pernambucana estudaram na Europa e foram influenciados pelas ideias liberais, o que não foi o caso de Frei Caneca. Mas é do religioso que virão as palavras que influenciam as lideranças da época a tomar posições contrárias ao império em direção a um outro modelo de País. “Era um projeto radical de República, com uma Constituição e que deveria ser federalista. Isso é muito importante, porque era liberal, contra governos despóticos, enfatizava a sociedade civil e menos o estado, que deveria ser mínimo”, explicou a historiadora Socorro Ferraz, professora emérita da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Para a Corte, o estado deveria ser “máximo”, com o imperador com bastante poder. “Essa é uma grande diferença entre esses dois modelos de nação, dos liberais radicais de Pernambuco e dos liberais do Sudeste, que queriam um estado mais forte. A Revolução de 1824 é uma resistência ao processo de formação do Estado Nacional, como Pedro I e os liberais conservadores sugeriam como projeto de nação para o País”, analisa a professora. Além de federalista, a revolução tinha um perfil nacionalista. Isso também a diferenciava da ala conservadora, pois Pedro I era herdeiro do trono português e ainda propôs, na época, uma aliança com os militares de Portugal. Entre os líderes da revolução, Frei Caneca, Manoel de Carvalho Paes de Andrade, presidente da Província de Pernambuco na época, e outros integrantes já tinham participado da Revolução Pernambucana de 1817. O Estado havia assinado três anos antes, inclusive, a Convenção de Beberibe, que expulsara o último governador português garantindo a ascensão de Gervásio Pires. Pernambuco era, portanto, um caldeirão de ideias que polarizaram com a Corte do Rio de Janeiro, onde estava Dom Pedro I. AUTORITARISMO À PROVA Outra palavra muito associada ao sistema político brasileiro nos últimos anos foi o autoritarismo, também presente nos primeiros anos da Independência do Brasil. O País começava a escrever a sua Constituição quando Dom Pedro I, insatisfeito com as discussões, destituiu o parlamento constituinte. Pouco tempo depois, ele apresenta às províncias a Constituição de 1824, que seria outorgada, isto é, imposta pelo monarca sem a participação dos parlamentares, muito menos da população. Esse movimento de D. Pedro era uma afronta, que não passou sem resistência pelos pernambucanos. “São vários motivos que levam à Confederação do Equador, mas podemos colocar como principal o fechamento da Assembleia Constituinte e logo em seguida a outorga da Constituição de 1884. Ela é extremamente centralizadora e traz ali o Poder Moderador”, afirmou o historiador Bruno Câmara. Ameaças de fechar o parlamento e a escalada de tensão entre os poderes, são outras características perceptíveis na conjuntura atual. Contrariando os ideais de maior autonomia das províncias, o Poder Moderador introduzido por Dom Pedro I na primeira Constituição conferia a ele mesmo uma autoridade superior aos três poderes tradicionais (Executivo, Legislativo e Judiciário). Além da capacidade de intervir e arbitrar conflitos entre esses poderes, Bruno Câmara lembra que o próprio imperador também era quem dava as cartas no Poder Executivo. O debate da centralização e do Poder Moderador, aliás, são elos das pautas políticas de 1824 e 2024. O almejado Pacto Federativo, com uma distribuição mais equilibrada do orçamento e das atribuições da União, estados e municípios até hoje não se realizou e a disputa pela autonomia, que originou a revolução, permanece como um problema não resolvido. O próprio slogan "mais Brasil, menos Brasília" tem relação com essa reivindicação dos revolucionários. A concentração de recursos e poderes no ente federal é uma crítica recorrente em cada pleito eleitoral. O movimento municipalista, enquanto esforço das entidades representativas das cidades para fortalecer a autonomia, a capacidade financeira e administrativa dos governos locais, e o Consórcio Nordeste, que reúne os governadores dos nove estados da região, por exemplo, se relacionam com essa pauta de dois séculos atrás. Não necessariamente de ruptura, mas de um fortalecimento dos governos

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Fachada IAHGP FotoKeila Castro

Seminário Comemorativo Celebra 200 Anos da Confederação do Equador

O Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP) em parceria com o Instituto do Ceará – Histórico, Geográfico e Antropológico, está organizando um seminário para comemorar os 200 anos da Confederação do Equador. O evento, que busca relembrar e celebrar o movimento revolucionário que começou em Pernambuco e se espalhou pelo Nordeste, contará com atividades no Recife e em Fortaleza. No Recife, o seminário será realizado nos dias 2 e 3 de julho na sede do IAHGP, enquanto em Fortaleza, o evento ocorrerá nos dias 27 e 28 de agosto. George Cabral, sócio e historiador do IAHGP, destaca a importância dessa parceria, lembrando que a Confederação do Equador foi um marco na luta contra o autoritarismo de Dom Pedro I. "Foi no Ceará que houve a rendição do último foco de resistência, culminando nas prisões de vários revolucionários, entre eles, Frei Caneca, que seria morto meses depois," comenta Cabral. O presidente do Instituto do Ceará, Júlio Lima Verde, também participará do seminário, lançando o livro digital 'O Ceará na Confederação do Equador - Artigos e documentos publicados na Revista do Instituto do Ceará', organizado por ele. Além das palestras e debates, o seminário incluirá uma solenidade oficial do Governo de Pernambuco no Centro Cultural Eufrásio Barbosa, em Olinda, e o descerramento de um painel comemorativo pelo bicentenário da Confederação do Equador no Forte das Cinco Pontas, no Recife. Margarida Cantarelli, presidente do IAHGP, reforça a relevância de eventos como este para manter viva a memória histórica do estado. “Nosso papel, enquanto guardiões da história, é preservar os registros históricos e todas essas memórias para as futuras gerações,” afirma. Serviço: Seminário Comemorativo dos 200 anos da Confederação do Equador Recife: Fortaleza: Programação Recife: Dia 02 de julho de 2024 (terça-feira) Dia 03 de julho de 2024 (quarta-feira)

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Confederação do Equador: livro preserva pensamento crítico de frei Caneca

Movimento revolucionário completa 200 anos em 2024 e a Cepe Editora lança publicação organizada pelo historiador Evaldo Cabral de Mello (Da Cepe) Nesta terça-feira, 2 de julho, em homenagem ao bicentenário da Confederação do Equador, a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) lança a segunda edição do livro Frei Joaquim do Amor Divino Caneca. A obra, com organização e introdução de Evaldo Cabral de Mello, considerado o maior historiador vivo do Brasil, apresenta uma coletânea da produção intelectual de frei Caneca, um dos principais líderes do movimento. O lançamento será na livraria da Cepe no Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, no Varadouro, em Olinda, dentro das comemorações do Governo do Estado pelos 200 anos da Confederação do Equador. O título tem 736 páginas, é dividido em dez séries de textos e traz 28 edições do jornal O Typhis Pernambucano, fundado e redigido por frei Caneca de dezembro de 1823 a agosto de 1824; cartas trocadas com opositores; a Dissertação sobre o que se deve entender por pátria do cidadão e deveres deste para com a mesma pátria, escrito em 1822; e o Itinerário que fez frei Joaquim do Amor Divino Caneca, saindo de Pernambuco a 16 de setembro de 1824, para província do Ceará Grande. Este último narra a fuga dos rebeldes do Recife, já tomado pelas tropas imperiais, em direção à Mata Norte de Pernambuco, até a capitulação em 29 de novembro, dando fim à Confederação do Equador. Movimento iniciado em Pernambuco a 2 de julho de 1824, no século 19, a Confederação reuniu as províncias da Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte contra o autoritarismo de Dom Pedro I. Na introdução do livro, Evaldo Cabral de Mello faz uma síntese das manifestações de independência de Pernambuco, de 1817 a 1824, para uma melhor compreensão dos artigos elaborados pelo frade. “As obras políticas de frei Caneca escapam ao doutrinarismo e ao debate puramente especulativo de ideias. Elas constituem sobretudo tomadas de posição relativamente a situações da política provincial e brasileira”, escreveu o historiador. Um exemplo pode ser conferido na edição de 10 de junho de 1824, do Typhis Pernambucano, na qual o religioso deixa claro seu recado para o imperador: “Uma província não tinha direito de obrigar a outra província a coisa alguma, por menor que fosse; nem província alguma, por menor e mais fraca, carregava com o dever de obedecer a outra qualquer, por maior e mais potentada. Portanto, podia cada uma seguir a estrada que bem lhe parecesse, escolher a forma de governo que julgasse mais apropriada às suas circunstâncias, e constituir-se da maneira mais conducente à sua felicidade.” Professor de retórica, geometria e filosofia, Joaquim da Silva Rabelo era filho de um fabricante de tonéis (tanoeiro) e nasceu no Recife em 1779, na área hoje denominada Bairro do Recife. O livro com a produção intelectual de frei Caneca foi publicado originalmente em 2001 e revela o amplo conhecimento do frade carmelita em história, matemática, teoria literária e doutrinas políticas. A nova edição vem com o acréscimo do jornal de nº 17 do Typhis Pernambucano, que não constava anteriormente. O religioso teve participação na Revolução Republicana de 1817, foi preso e ficou encarcerado na Bahia por dois anos. De volta ao Recife, teve presença de destaque na Confederação do Equador, presidida por Manuel de Carvalho Paes de Andrade. Depois de se renderem, encerrando o movimento revolucionário com a promessa de que seriam recebidos com clemência pelo imperador, frei Caneca é preso e condenado à forca. Ao se defender perante a comissão militar de julgamento, ele discordou da acusação de crime de rebeldia, como se vê no texto do Itinerário. (...) “nem em todo este Pernambuco jamais houve nessa época tal imaginária rebelião. Salvo se o procurar confederar-se e unir-se com as outras províncias limítrofes para pedir instantaneamente ao imperador que cumpra a sua palavra e juramento, que subindo ao trono solenemente prestou, de permitir ao povo brasileiro o fazer livremente, por meio dos seus representantes em Cortes, que ele sem justa causa e incompetentemente dissolveu, uma Constituição inteiramente liberal, é rebeldia.” Como os carrascos se recusaram a enforcar frei Caneca, a pena foi substituída por tiros de arcabuz, no Forte das Cinco Pontas, localizado no bairro de São José, no Centro do Recife, em 13 de janeiro de 1825. O corpo foi enterrado no Convento do Carmo, situado na mesma região. A capa do livro é ilustrada com uma recriação da imagem de frei Caneca produzida pelo artista plástico Roberto Ploeg. Serviço O que: Lançamento de Frei Joaquim do Amor Divino Caneca Quando: 2 de julho (terça-feira) Hora: A partir das 10h Onde: Livraria da Cepe no Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa (Largo do Varadouro, s/n, Varadouro, Olinda) Preço: R$ 90 (impresso) e R$ 35 (e-book)

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Christal Galeria ocupa espaço na ART PE que acontece até domingo (30) no Terminal Marítimo

A Christal Galeria de Artes, localizada no Pina, participa da ART PE, que acontece entre os dias 26 e 30 deste mês, no Terminal Marítimo do Recife, com trabalhos de vários artistas que compõe o seu acervo. Os visitantes vão poder conferir as obras de Adalgisa Campos, Adeildo Leite, Alicia Cohim, Arbos, Bianca Foratori, Brenda Bazante, Íldima Lima, José Barbosa, Marcella Vasconcelos, Tássio Melo, Ziel Karapotó, Liz Santos e Mitsy Queiroz, Max Motta e Whittney de Araújo. “Dentro desse grupo de artistas, temos dois que assinam a exposição Territórios Pina – Dois Olhares que Se Entrelaçam que ocupa o salão principal da Christal Galeria e cujos trabalhos também poderão ser apreciados durante a ART PE”, reforça a galerista Christiana Asfora se referindo a Max Motta, Whittney de Araújo. “Ainda destacamos entre o acervo da Christal, a obra do artista indígena Ziel Karapotó, um multiartista que tivemos a honra de receber na galeria com a sua primeira exposição individual e que foi convidado a expor a obra Cardume II na Bienal de Veneza deste ano”, completa Christiana. Para a ART PE, a Christal Galeria leva os trabalhos desses renomados artistas, apresentados em diferentes suportes e técnicas como pinturas em tela, esculturas em cerâmica, tapeçarias, fotografias e bordado sobre tecido. Durante os cinco dias de evento, segundo a organização, é esperado um público de 14 mil pessoas, 20% a mais do que foi registrado no ano passado. A visitação será aberta das 14h às 21h.

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