Economia - Página: 17 - Revista Algomais - a revista de Pernambuco

Economia

É preciso internacionalizar para evoluir

*Por Gustavo Delgado Cada vez mais entendemos a importância de sermos, de fato, cidadãos do mundo, por várias razões e benefícios. Quer seja porque o mundo está cada vez “menor”; e mais conectado, quer seja porque está mais acessível o ir e vir entre os países, tornando o fluxo cada vez mais fácil. O fato é que este movimento é importante para aprendermos mais, entendermos melhor o que fazemos bem e o que precisamos aprender a fazer melhor. Sempre que posso, recomendo que as pessoas saiam do Brasil, vão conhecer outros países, independentemente do continente, pois sempre temos o que aprender. No mínimo, passaremos a enxergar melhor o nosso próprio país. Quantas vezes é de fora do Brasil que percebemos nossos problemas e nossas falhas, que por tantas vezes já se tornaram nossa rotina e já não mais as percebemos? Nós nos acostumamos com o ruim e com o bom. Logicamente, também são nestes momentos em que valorizamos o que temos de bom, por menor que seja: nossa peculiaridade, nosso clima, nosso jeito de nos relacionarmos. Independentemente disso, sempre que tiver a oportunidade, vá para fora deste nosso lindo Brasil e nos veja de lá! E perceba o quanto aprendemos com isso. Obviamente, volte! No âmbito da educação, isso vale ainda mais. Participar de uma “graduação sanduíche”, ou ainda fazer uma imersão de idiomas no exterior, é uma experiência que deveria ser obrigatória no processo de formação. Existem várias oportunidades e empresas que fazem esse trabalho, é verdade. Entes públicos já promoveram e promovem ações em que estudantes de instituições públicas de ensino ganham o mundo para terem uma formação cada vez melhor. Acompanhei e conheci vários desses projetos e vi de perto o impacto, a mudança de comportamento e de visão de mundo. Mas também é importante receber esses estudantes e profissionais estrangeiros, fazer o caminho contrário. Não vemos tantos programas para receber e apresentar aos outros países do mundo nossas instituições de ensino, nossas importantes empresas e nossa gestão. Mostrar ainda criatividade brasileira, a nossa “cor”, nossa tropicalidade. É preciso desenvolver cada vez mais essa possibilidade em nossas terras tropicais, por que não? Seria nossa “síndrome de vira-lata” que não nos faz pensar nisso? Que acha que o bom só está lá fora? Não creio nem espero que seja verdade. Temos muito a mostrar, afinal ainda nos orgulhamos muito de ser brasileiros. Quem sabe não podemos e devemos criar programas para receber estrangeiros em nossas instalações, conectando-os aqui em nosso clima quente, com nossos polos de tecnologia e criatividade, mostrando a eles como sobreviver na adversidade, imersos na cultura tão própria de nosso povo? Isso também é internacionalizar! Agora é internacionalizar nosso país! Como profissional que trabalha no processo de internacionalização das empresas há mais de 20 anos, penso sempre neste outro aspecto. Vejo as potencialidades locais nossas, comparo as empresas e produtos que conheço fora do Brasil com os nossos… E posso dizer que não deixamos a desejar em nada. Como diz um amigo, Alexandre Noronha, em seu livro “Pontes para o Mundo”: “Interagir com o mundo não é mais uma questão de oportunidade, é uma questão de necessidade!” *Gustavo Delgado é Consultor de comércio exterior e de internacionalização de empresas, Diretor de inovação da ABDAEX, Coordenador de MBA em Comércio exterior e Coordenador dos cursos de Gestão da UNIFBV.

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Real completa 30 anos com desafio de manter poder de compra

(Da Agência Brasil) Prestes a sair da feira do Largo do Machado, na zona sul do Rio de Janeiro, a servidora pública Renata Moreira, 47 anos, sente toda semana o desafio da manutenção do poder de compra do real, que completa 30 anos nesta segunda-feira (1º). Cada vez mais a mesma quantia compra menos. “Com R$ 100, eu saía com pelo menos seis ou sete sacolas do mercado. Hoje em dia, sai com apenas uma. Fui ao hortifruti anteontem e gastei R$ 70. E nem comprei tanta coisa”, constata. A redução do carrinho de compras é sintoma da inflação acumulada nos últimos anos. De julho de 1994, mês da criação do real, a maio de 2024, a inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula 708,01%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Isso significa que R$ 1 na criação do real valem R$ 8,08 atualmente. Ou que é preciso gastar R$ 100 hoje para comprar o mesmo que R$ 12,38 compravam há três décadas. Frequentadora da mesma feira no Largo do Machado, a aposentada Marina de Souza, 80 anos, também experimenta a redução gradual do poder de compra. “Cada dia a gente vê que eles estão assim, aumentando os preços aos poucos. Todo mês, vêm R$ 2 a mais. Aí vai somando para você ver, né? E assim é que eles tiram da gente. O tomate, a banana, o arroz, que dava para fazer uma boa feira com R$ 50, hoje não faz mais. Uma folhagem, que custava R$ 1 há dez anos, hoje custa R$ 4”, reclama. Ela sente que, de um ano para cá, o problema piorou. No aniversário de 30 anos, o real enfrenta o desafio de manter o poder de compra, num cenário de inflação global crescente. “A inflação alta no pós-pandemia [de covid19] é perfeitamente explicável e abrange todo o planeta. Tivemos problemas sérios, de rompimento de cadeias produtivas, uma mudança geopolítica mundial, com guerras regionais, e mudanças climáticas que pressionam principalmente a oferta de alimentos”, explica a professora de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) Virene Matesco. Economista-chefe da Way Investimentos e professor do Ibmec, Alexandre Espírito Santo diz que a inflação pós-pandemia é complexa, que desafia os Bancos Centrais em todo o mundo. “Tivemos um choque de oferta, com a quebra de cadeias produtivas no mundo inteiro que ainda estão se recompondo. Além disso, os bancos centrais injetaram muito dinheiro na economia global, dinheiro que ainda está circulando. A inflação no pós-pandemia tem várias causas e ainda vai durar muito tempo”, diz. Salários Outra maneira de interpretar a inflação acumulada de 708,01% seria dizer que o real perdeu 87,62% do valor em 30 anos. Isso, no entanto, não quer dizer que a população tenha ficado mais pobre na mesma proporção. Isso porque o poder de compra é definido não apenas pelo nível de preços, mas também pela elevação dos salários. “A inflação depende de muitos fatores. No médio e no longo prazo, a economia se adapta às variações, inclusive à alta recente do câmbio que estamos experimentando. Existe a reposição dos salários e a interação do preço de um insumo com o restante da cadeia produtiva”, diz o economista Leandro Horie, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Na prática, a reposição do poder de compra é influenciada pelo crescimento econômico. Em momentos de expansão da economia e de queda do desemprego, os trabalhadores têm mais poder para negociar reajustes salariais. Segundo o Dieese, 77% das negociações salariais resultaram em aumento real (acima da inflação) em 2023. Até maio deste ano, o percentual subiu para 85,2%. Com os reajustes acima da inflação, os preços se estabelecem num nível mais alto, sem a possibilidade de retornarem aos níveis anteriores. Novos instrumentos Em relação à inflação no pós-pandemia, o economista do Dieese concorda com a complexidade do problema e diz que os instrumentos atuais de política monetária, como juros altos, têm sido insuficientes para segurar o aumento de preços. Isso porque a inflação não decorre apenas de excesso de demanda, mas de choques externos sobre a economia, como tragédias climáticas e tensões geopolíticas. “No regime atual de metas de inflação, o Banco Central atua como se a inflação fosse meramente de demanda e elevando juros para reprimir a demanda interna. Só que a inflação, principalmente nos tempos atuais, é de uma natureza de choque de oferta, que a gente chama. A grande questão que tem de ser colocada, em nível global, é que outras formas os governos podem usar para segurar os preços, até porque a inflação envolve centenas de itens”, diz Horie. Ao longo de três décadas, o real enfrentou três picos de inflação anual de dois dígitos. O primeiro em 2002, quando o IPCA ficou em 12,53%, influenciado pelas eleições presidenciais daquele ano. O segundo ocorreu em 2015, quando o índice atingiu 10,67%, após a retirada de subsídios sobre a energia. O mais recente foi em 2021, quando a inflação encerrou em 10,06%, após a fase mais aguda da pandemia de covid-19. Perspectivas Em 2024, a inflação começou o ano em desaceleração. O IPCA, que acumulava 4,51% nos 12 meses terminados em janeiro, caiu para 3,69% nos 12 meses terminados em abril. O índice, no entanto, acelerou para 3,93% nos 12 meses terminados em maio, por causa do impacto das enchentes no Rio Grande do Sul e da seca na região central do país. Para os próximos meses, a previsão é de novas altas, com alguns preços influenciados pela recente alta do dólar. Alheios às oscilações econômicas e aos debates teóricos, os consumidores sentem os efeitos da inflação no bolso. “A gente sabe que muito da inflação é um efeito colateral da pandemia, que vai reverberando ao longo de toda a cadeia, mas acho que a comida, os bens de consumo em geral e os serviços também aumentaram. Está tudo um pouco mais caro no geral. Todo mundo vai aumentando o preço para tentar sobreviver e conseguir pagar o resto. As contas também”, diz

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CDL Recife lança o "Liquida Grande Recife 2024" para Impulsionar vendas do comércio

Nesta sexta-feira (28/06), a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Recife) lançou a campanha "Liquida Grande Recife 2024", a maior do setor no estado neste ano. A iniciativa envolve mais de oito mil estabelecimentos, incluindo lojas do Centro do Recife, de bairros e de 11 shopping centers da Região Metropolitana. A campanha, que conta com o apoio de diversos parceiros, oferecerá descontos em uma ampla variedade de estabelecimentos. Além disso, as compras realizadas durante a promoção serão convertidas em cupons, permitindo que os consumidores concorram a prêmios. O lançamento oficial ocorreu na manhã desta sexta-feira, na sede da CDL Recife, localizada na Boa Vista. De acordo com Fred Leal, presidente da CDL Recife, o objetivo da campanha é impulsionar os negócios no setor e revitalizar o comércio da área central. Para atrair mais consumidores, além dos descontos, serão sorteados um carro zero quilômetro Hyundai HB20 e cinco vales-compras, cada um no valor de R$ 1.000,00. O presidente da CDL Recife tem a expectativa que a ação venha a incrementar as vendas em pelo menos 13%, na comparação com a edição de 2023. “Ampliamos a campanha deste ano em um dia, aumentamos os locais de pontos de troca na cidade e a quantidade de cupons por compra”, acrescentou Fred.

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Banco Central eleva estimativa do PIB para 2,3% neste ano

(Da Agência Brasil) O Banco Central (BC) elevou a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, de 1,9% para 2,3%, segundo o relatório de inflação do segundo trimestre, divulgado nesta quinta-feira (27). No primeiro trimestre do ano, o PIB cresceu 0.8%, ritmo considerado “robusto e superior ao esperado” pelo BC. O banco avaliou ainda que as enchentes no Rio Grande do Sul terão um impacto menor na atividade econômica do que o esperado. Segundo o relatório, no cenário doméstico, a atividade econômica e o mercado de trabalho se mostraram aquecidos, o que contribuiu para a queda no desemprego e aumento nos salários. “Esses fatores justificaram revisão para cima da projeção de crescimento do PIB em 2024, de 1,9% para 2,3%. As enchentes no Rio Grande do Sul causaram expressiva queda na atividade econômica gaúcha, mas já há sinais de recuperação”, disse o BC. Cenário externo Em relação ao cenário externo, a instituição avalia que ambiente se mantém adverso e segue exigindo cautela por parte dos países emergentes. O relatório aponta que permanecem elevadas as incertezas sobre a flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e quanto à velocidade na queda da inflação de forma sustentada em diversos países. “Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho”, diz o relatório. Inflação Para o BC, a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve ficar em 4%, em 2024. A previsão anterior era de inflação em 3,5% O relatório diz que, apesar de ter havido um recuo na inflação, aumentou a expectativa de desancoragem. No acumulado de 12 meses, o IPCA apresentou um recuo de 4,5% em fevereiro para 3,9% em maio. A inflação também registra queda, quando se observam seus núcleos e quando se considera a métrica trimestral. “Contudo, o recuo da inflação no último trimestre foi menor do que o projetado no cenário de referência apresentado no Relatório anterior (surpresa de +0,14 p.p.), destacando‑se alta mais intensa dos alimentos. Em meio a aumento de incertezas nos cenários doméstico e externo, as expectativas de inflação para 2025 e 2026, que já se encontravam acima da meta de inflação para o período, aumentaram de 3,5% para 3,8% e 3,6%, respectivamente, segundo a mediana apurada pela pesquisa Focus”, diz o documento. Para o BC, as projeções indicam aumento da inflação no segundo trimestre de 2024, mas com retomada da trajetória de declínio, permanecendo, porém, acima do centro da meta, que é de 3% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Nesse cenário, a inflação acumulada em quatro trimestres, depois de terminado 2023 em 4,6%, com projeção de queda para 4,0%, em 2024, 3,4%, em 2025, e 3,2% em 2026, diante da meta de 3%. O BC destaca, contudo que, em relação ao relatório anterior, a projeção de inflação para 2024 e 2025 aumentou. A elevação para 2024 atingiu 0,5 p.p. e para 2025 alcançou 0,2 p.p. “Para o horizonte relevante, o aumento resultou principalmente da atividade econômica mais forte que o esperado, que levou a uma elevação no hiato do produto estimado. Contribuíram ainda o aumento das expectativas de inflação, a depreciação cambial, a inércia do aumento da projeção de curto prazo e a utilização de taxa de juros neutra maior. Por outro lado, o aumento da taxa de juros real foi fundamental para evitar um aumento mais significativo na projeção”, aponta o documento.

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Pernambuco registra 4 mil novos empregos gerados em maio

Pernambuco registrou um saldo positivo de empregos no último mês de maio, com a criação de 3.992 novos postos de trabalho formal, um aumento de 760% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando foram gerados 464 novos empregos. Este resultado eleva para 8.810 o número total de empregos gerados nos primeiros cinco meses deste ano, segundo dados do Novo Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) nesta quinta-feira (27). Além disso, o salário médio real de admissão em maio foi de R$ 1.889,96, um aumento de 4,35% em relação a abril e 9,11% em comparação ao mesmo mês do ano passado, colocando a média salarial do estado acima da média do Nordeste. A secretária de Desenvolvimento Profissional e Empreendedorismo de Pernambuco, Amanda Aires, ressaltou o aumento da empregabilidade feminina no Estado, especialmente no setor de serviços. Dos novos postos de trabalho gerados em 2024, 11.546 foram ocupados por mulheres. No entanto, o setor da agropecuária registrou um saldo negativo de -725 postos, principalmente devido ao cultivo da uva e do melão. A maioria dos grandes setores produtivos apresentou saldo positivo, com destaque para serviços, comércio, construção civil e indústria.

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CMN define centro da meta contínua de inflação em 3%

(Da Agência Brasil) Horas após a edição do decreto que instituiu um novo sistema de metas de inflação, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou o centro da meta contínua em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. O colegiado reuniu-se nesta quarta-feira (26) e precisava regulamentar o indicador, que entrará em vigor em 1º de janeiro de 2025. O CMN também definiu que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) será usado para medir a inflação. "O Banco Central do Brasil efetivará as necessárias modificações em seus regulamentos e normas, visando à execução do contido nesta resolução", diz o texto. Com a fixação da meta contínua, o CMN não precisa mais definir uma meta de inflação a cada ano. Apenas caso queira mudar a meta, o Conselho Monetário se reunira e publicará os novos limites de inflação, que só entrará em vigor depois de 36 meses (três anos). Formado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad; pela ministra do Planejamento, Simone Tebet; e pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, o CMN reúne-se todos os meses. Para 2024, continua em vigor a regra antiga, que estabeleceu meta de 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto, os mesmos valores da meta contínua.

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Como a ideologização, a coletivização e a monetização estão formatando as "tribos-bolhas"

*Por Bruno Queiroz Ferreira Tenho discutido aqui na coluna da Algomais inteligência artificial, transição energética, crise climática, envelhecimento da população e intergeracionalidade como fatores que vão impactar o futuro das pessoas, das empresas e dos governos. No artigo desta edição, trago um novo fator que precisa ser observado e analisado com a mesma importância dos demais: a consolidação das tribo-bolhas. A primeira causa desse novo estilo de vida é a ideologização. Se o comportamento ideológico estava associado historicamente às religiões e, mais recentemente, à disputa eleitoral, o que se vê agora é o espalhamento para vários segmentos da sociedade. Podemos dizer, inclusive, ser uma tendência em processo de consolidação, que deve ser incorporada ao estilo de vida daqui para frente. O debate ideológico se ampliou da moral religiosa e do posicionamento político para as questões de gênero (binários X não binários), de raça (brancos X pretos), geográficas (nordestinos X sulistas), econômicas (socialismo X neoliberalismo), de regimes de governo (democracia X autocracia) e, até mesmo, científicas (pró-vacinas X antivacinas). Não basta mais casar, ter filhos, emprego, pagar boletos e fazer um churrasco no final de semana, é preciso ter uma opinião sobre quase tudo, como diria Raul Seixas. Se antes era possível viver ao largo disso, atualmente há uma “pressão” para que a ideologia seja expressa e se torne uma bandeira de vida. Não apenas nas rodas de amigos, mas também no trabalho, na família, na vizinhança e em outros grupos sociais. O mais grave é que a ideologização leva a uma lógica binária (se não está do meu lado, está contra mim) que segrega as pessoas e impede o convívio com as diferenças. Na prática, é o “nós contra eles” permanente: das expressões artísticas às manifestações públicas, diferentemente do ato de torcer por um time, por exemplo, que separava as pessoas apenas no momento do jogo. A segunda causa é a coletivização. Potencializada pela ideologização, pelo amplo alcance e alta velocidade de disseminação das redes sociais, grande parte dos temas subiram de patamar e se tornaram coletivos. Uma guerra no Leste da Europa ou no Oriente Médio, por exemplo, é de todos nós agora. Não basta ser Lula ou Bolsonaro, também temos que escolher um lado entre ucranianos e russos, palestinos ou judeus e, até mesmo, entre Biden e Trump, mesmo que isso não afete nossas vidas, na prática. Além disso, a coletivização está diminuindo o espaço de expressão individual. Estigmatizado pelo maniqueísmo e pela simplificação, o comportamento coletivo acaba se sobressaindo em relação ao ser humano. Portanto, se você é homem, logo você é machista. Se você é mulher, logo você é feminazi. Se você é preto, logo você é ladrão. Se você é branco, logo você é opressor. Conviver com as contradições está ficando mais difícil a partir da ótica da ideologização e da coletivização das causas. O contraditório está perdendo espaço. A terceira causa é a monetização. A começar pela carona pega na ideologização e na coletivização, marcas se associam às causas criando produtos específicos para explorar mercados cada vez mais segmentados e desconectados com o todo. O que poderia ser, em um primeiro momento, perda de consumidores de ideologia contrária, na verdade, se configura em aumento de vendas e fidelidade de consumidores de ideologia a favor. Isso reforça ainda mais o comportamento das tribos-bolhas. A monetização avançou também para a exploração da “pessoa”. Se antes apenas o produto resultante da agricultura, das fábricas e dos serviços eram comercializados, o indivíduo é o grande produto agora. Por outro lado, o estilo de vida ou a opinião não é mais baseada nas próprias convicções. Elas estão a serviço da construção de notoriedade, para vender palestras, cursos, treinamentos, livros etc., mesmo que não se tenha autoridade no assunto. Do lado institucional, isso também vale para as causas. A ideologização, a coletivização e a monetização estão nos levando, no final das contas, à radicalização e ao separatismo, como no passado remoto das tribos, que viviam isoladas, voltadas para suas próprias questões. Infladas pelas redes sociais, as tribos-bolhas promovem uma visão distorcida de uma realidade mais complexa. As tribo-bolhas limitam o debate amplo – desconsideram a diversidade e a inclusão – e se tornam um grande meio de propagação de intolerâncias e preconceitos.

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Inadimplência recua em Pernambuco, segundo pesquisa da Fecomércio-PE

A inadimplência em Pernambuco voltou a recuar, atingindo o menor valor em 21 meses. Apesar disso, o estado ainda conta com 425.477 pessoas endividadas, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Pernambuco (Fecomércio-PE). Em maio, o número de endividados permaneceu em 81%, semelhante à média nacional de 78,8%. Entre as famílias com renda de até 10 salários mínimos, 19,4% declararam que não conseguirão pagar suas dívidas no próximo mês. A pesquisa da Fecomércio-PE revelou que 29,1% das dívidas estão em atraso, o que representa 153.133 inadimplentes. O recuo da inadimplência é positivo, pois incentiva a quitação de dívidas e libera crédito aos consumidores. O principal tipo de endividamento é o de cartão de crédito, que atinge 93,6% dos endividados, devido à facilidade de acesso e ampla aceitação para compras de maior valor. Apesar do recuo, o economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, destaca alguns pontos de alerta do cenário econômico. “A estabilidade no número de endividados em Pernambuco em maio esconde um dado alarmante: 29,1% das dívidas estão em atraso, refletindo uma alta inadimplência. Com o desemprego em alta, conforme revelado pelo IBGE, é possível existirem reflexos danosos no índice de inadimplência. Muitos consumidores evitarão contrair novas dívidas, mas a incapacidade de pagar as já existentes persiste”.

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Grupo JB comemora 60 anos e as expectativas do mercado

O Grupo JB, que está completando 60 anos, encerra a safra 2023/2024 com a produção de 70 mil metros cúbicos de etanol e 75 mil toneladas de açúcar a granel. Nesse mix, se destaca o álcool, carro-chefe da companhia, e que tende a ganhar uma importância ainda maior no negócio, segundo a diretora executiva Carolina Beltrão.  Bioenergia Ela avalia que a descarbonização da economia global abre grandes oportunidades para as indústrias de biocombustíveis, como a JB, que atende ao mercado interno e exporta para América, Europa e África. No Nordeste, por exemplo, estão duas montadoras que vão fabricar carros híbridos a álcool já a partir deste ano: Stellantis e BYD. Também na região, estão previstos investimentos bilionários na produção de hidrogênio verde, com a possibilidade, em estudos, de uso do etanol como matéria-prima para a industrialização do H2V.  Diversidade na produção Na área de energia limpa, além de biocombustíveis, a JB atua na geração de eletricidade por meio de biomassa de cana. A eletricidade é destinada à operação de suas unidades industriais e à venda no mercado livre. Já no segmento de gases industriais, a corporação detém 12% do mercado brasileiro de CO² puro grau alimentício, por meio da Carbogás. Essa operação, a partir do reaproveitamento do dióxido de carbono dos seus processos fabris, gera uma receita importante para o grupo e reduz as emissões diretas da companhia na atmosfera, reforçando sua agenda ESG.

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Mercado eleva previsão da inflação de 3,96% para 3,98% em 2024

(Da Agência Brasil) A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do país – teve elevação, passando de 3,96% para 3,98% este ano. A estimativa está no Boletim Focus desta segunda-feira (24), pesquisa divulgada semanalmente pelo Banco Central (BC), com a expectativa de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos. Para 2025, a projeção da inflação também subiu de 3,8% para 3,85%. Para 2026 e 2027, as previsões são de 3,6% e 3,5% para os dois anos. A estimativa para 2024 está dentro do intervalo da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é 3% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%. Para 2025 e 2026, as metas de inflação estão fixadas em 3%, com a mesma tolerância. Em maio, pressionada pelos preços de alimentos e bebidas, a inflação do país foi 0,46%, após ter registrado 0,38% em abril. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, em 12 meses, o IPCA acumula 3,93%. Juros básicos Para alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a taxa básica de juros, a Selic, definida em 10,5% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A alta recente do dólar e o aumento das incertezas econômicas fizeram o BC interromper o corte de juros iniciado há quase um ano. Em reunião na semana passada, por unanimidade, o colegiado manteve a Selic nesse patamar após sete reduções seguidas. De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano, por sete vezes seguidas. Com o controle dos preços, o BC passou a realizar os cortes na Selic. Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021. Para o mercado financeiro, a Selic deve encerrar 2024 no patamar que está hoje, em 10,5% ao ano. Para o fim de 2025, a estimativa é de que a taxa básica caia para 9,5% ao ano. Para 2026 e 2027, a previsão é que ela seja reduzida novamente, para 9% ao ano. Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Desse modo, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. Quando o Copom diminui a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando a atividade econômica. PIB e câmbio A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste ano variou de 2,08% para 2,09%.  Para 2025, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) - a soma de todos os bens e serviços produzidos no país - é de crescimento de 2%. Para 2026 e 2027, o mercado financeiro estima expansão do PIB também em 2%, para os dois anos. Superando as projeções, em 2023 a economia brasileira cresceu 2,9%, com um valor total de R$ 10,9 trilhões, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2022, a taxa de crescimento foi 3%. A previsão de cotação do dólar está em R$ 5,15 para o fim deste ano. No fim de 2025, a previsão é que a moeda americana fique no mesmo patamar.

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