Transformação digital: você sabe com quem está falando? (por Bruno Queiroz)
Para entender melhor a transformação digital, é preciso analisar a evolução do comportamento das gerações e suas relações com o trabalho, com o consumo e com a tecnologia. Saber identificar e respeitar as diferenças é o primeiro passo para se comunicar adequadamente com os três perfis mais comuns de novos consumidores: estrangeiros, visitantes e nativos. Os estrangeiros, formados pelos Baby Boomers (acima de 55 anos) e a parte mais velha da Geração X (de 35 a 54 anos), são aqueles que nasceram bem antes da internet. Foram formados vendo televisão e lendo jornais e revistas. Valorizam os empregos de carreira e buscam um padrão de vida estável. Preferem se comunicar por voz do que por texto e valorizam as relações presenciais, o que influencia diretamente na decisão da compra em lojas físicas e no consumo de produtos analógicos. Usam a internet? Sim. Mas de maneira secundária. Basicamente, esse grupo dá a sustentação (ainda) necessária para a sobrevivência dos meios de comunicação e produtos não digitais. Os visitantes são aqueles que vivenciaram a transição do mundo analógico para o mundo digital. Estão no meio do caminho. Possuem alguns dos valores dos estrangeiros, mas já estão incorporados à vida digital. Esse grupo é formado basicamente pela parte mais nova da Geração X (de 35 a 54 anos) e pela Geração Y ou Milleniuns (de 25 a 34 anos). Foram formados tendo acesso à TV a cabo, aos videogames e aos computadores. Estão sempre conectados na internet, compartilhando suas atividades pelas redes sociais. O celular é um companheiro inseparável. Devido ao excesso de informações que recebem, os visitantes são movidos a desafios e trocam de emprego com mais facilidade. São mais ansiosos que as gerações anteriores e estão sempre em busca de novas tecnologias. Os nativos são aqueles que não conhecem o mundo sem o computador e sem a internet. Possuem celular desde criança e são a primeira geração 100% digital. Formados pela Geração Z (de 15 a 24 anos), privilegiam as relações virtuais e, por isso, têm necessidade extrema de interação e exposição de opinião. Antes do “bom dia” perguntam logo a “senha do wifi”. Os nativos são demasiadamente ansiosos. Não só trocam de emprego com muita facilidade, como vão trocar de carreira algumas vezes ao longo da vida profissional. Concentram o consumo pelo comércio eletrônico e são ao mesmo tempo produtores e consumidores de conteúdo, os chamados “prosumers”. Dão preferência ao uso de serviços em contrapartida à posse de produtos, sendo a base da economia compartilhada no futuro. Apesar da classificação que vimos acima, a tendência é que, com o aumento do nível de digitalização das nossas atividades diárias, as diferenças nos hábitos de consumo e no uso da tecnologia entre os perfis tendem a ser cada vez mais imperceptíveis. O que vai fazer a grande diferença é o grau de intensidade. Por isso, é preciso estar atento aos detalhes para se comunicar da melhor forma possível com os novos consumidores. *Bruno Queiroz é presidente da Abradi e sócio|diretor da Cartello
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